Copa América

Em crise no país, Venezuela quer confirmar evolução do seu futebol

Seleção tem nomes de destaque é quer mostrar que não é mais um saco de pancadas

Por Josias Pereira
Publicado em 16 de junho de 2019 | 09:15
 
 
 
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Vivendo uma crise sem precedentes no campo político, econômico e social, a Venezuela enxerga na Copa América não apenas uma chance de constatar a evolução técnica que a Vinotinto vem apresentando desde o início dos anos 2000. O torneio no Brasil é também um sinônimo de esperança para uma nação em estado nômade. O próprio país sede da Copa América deste ano recebeu uma grande leva de imigrantes venezuelanos. A seleção nacional é o símbolo de proximidade desses verdadeiros sobreviventes com o país que por inúmeras razões tiveram que deixar. O orgulho está estampado no peito, assim como a esperança de que essa Venezuela conseguirá avançar à fase mata-mata e, quem sabe, ir além do quarto lugar conquistado na Copa América de 2011. 

Evolução 

O beisebol e o boxe podem ainda ser o mais amado esporte na Venezuela, mas o futebol vem galgando um caminho sem volta nos últimos anos. Os resultados já são nítidos nas categorias de base. Em 2017, por exemplo, a Vinotinto chegou à decisão do Mundial Sub-20. Foi derrotada apenas nos pênaltis, para a Inglaterra. No Sul-Americano sub-20 desse ano, os venezuelanos venceram o Brasil por 2 a 0. Passo a passo, sem alarde, o futebol no país vem apresentando resultados. O time principal deu um baile na Argentina de Messi em um amistoso no ano passado, e fechou a preparação para a Copa América enfiando um 3 a 0 nos Estados Unidos, em Cincinnati. 

Geração de ouro 

Grande parte dos convocados da Venezuela para a Copa América atuam fora do país, uma base que atua na América Latina, Estados Unidos e Europa. Apenas dois jogadores atuam por clubes nacionais. O goleiro reserva Joel Graterol, do Zamora, e o volante Arquimedes Figuera, do Deportivo La Guaira. 

O técnico 

Rafael Dudamel. Se algumas seleções sul-americanas estão sofrendo com a mudança de técnicos e o encaixe de uma novo filosofia, a Venezuela tem encontrado, ao menos nesse quesito, estabilidade. Rafael Dudamel está no comando da Vinotinto desde 2016 e conhece, como poucos, a seleção nacional. Foi goleiro da Venezuela entra 1993 e 2007. Na Copa América Centenário, em 2016, sua primeira experiência em competições internacionais como técnico da seleção principal do país, Dudamel fez uma grande campanha na fase de grupos, vencendo a Jamaica, Uruguai e empatando com o México. Nas quartas de final, a equipe acabou sendo goleada pela Argentina. Porém, o saldo foi positivo. Para a edição deste ano do torneio de seleções, existe uma grande expectativa na imprensa venezuelana que o time consiga superar o pesado grupo A de Brasíl, Bolívia e Peu, e chegue às semifinais da Copa América. 

Dá para sonhar? 

A projeção de semifinal não é uma loucura, mas precisa ser vista com mais racionalidade. O time é extremamente veloz, possui jogadores com muito poder de finalização e capazes de desmontar as linhas adversárias com um drible fortuito. Apesar disso, o time de Dudamel precisa de ajustes na marcação para poder, principalmente na recomposição, para não deixar escapar sua vantagem técnica em um lance de desatenção. O time é uma verdadeira incógnita, mas pode, sim, chegar ao mata-mata, assim como surpreendeu na última Copa América ao deixar o Uruguai para trás entre os classificados. A aposta é a vaga e a queda novamente nas quartas de final. 

O líder

Atacante do Newcastle, Salomón Rondón, de 29 anos, estabeleceu um recorde às vésperas do início da Copa América. Com dois gols marcados na vitória por 3 a 0 sobre os Estados Unidos, em amistoso, ele ultrapassou Juan Arango como maior artilheiro da história da seleção venezuelana, com 24 gols. Ele chega ao torneio como uma das principais referências do time.

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