Buenos Aires, Argentina. "Maior clube de bairro do mundo". A frase carismática surgiu em 2011 para definir o Lanús, adversário do Cruzeiro na semifinal da Copa Sul-Americana. O clube da região Sul de Buenos Aires, capital Argentina, não figura entre os cinco principais do país (Boca Juniors, River Plate, Racing Independiente, Independientee San Lorenzo). Entretanto, a definição como "más grande", em português, o maior, se dá pela relação da instituição granate com os seus mais de 120 mil torcedores, muitos deles residentes próximo de onde está situada a sede do clube.

"No início era apenas um bairro popular com trabalhadores, operários, ferroviários, trabalhadores da indústria. Como distração, o nosso final de semana era ligado ao futebol. Em 1915, o clube tomou outra proporção, começou a crescer, mas conseguiu manter sua tradição. E muitas das pessoas que moravam aqui no bairro não buscaram os tradicionais clubes de Buenos Aires. Decidiram torcer para o Lanús porque somos muito apegados ao bairro, e como uma forma de incentivo para que o clube do bairro cresça", destacou o comerciante Merino Maurício.

Sentimento de proximidade entre instituição e torcida que também é compartilhado pelo estudante Daniel Ruiz. "O Lanús tem uma torcida familiar e o nosso amor pelo clube nos une cada vez mais. Ser o maior clube de bairro do mundo não está somente ligado ao campo, mas em tudo que envolve o Lanús. Temos um carinho familiar pelos jogadores que fizeram história com a nossa camisa e nos orgulhamos disso", conta. 

Pioneirismo e infraestrutura

Apesar de não ter o mesmo prestígio e as mesmas conquistas dos clubes mais tradicionais, o clube fundado em 1915 por vizinhos do distrito de Lanús é um dos pioneiros no país. O Granate foi um dos 18 clubes que disputaram o primeiro Campeonato Argentino de Futebol de 1931. O torneio é tido como o primeiro da chamada era profissional da Primeira Divisão da Argentina.

"Somos maiores porque temos mais sócios, mais títulos e uma estrutura que não se compara com nenhum outro clube de bairro argentino. Nossa história reforça isso", afirma o comerciante Armano Pérez.

As instalações do Lanús reúnem diversos campos de futebol, rugby e hóquei na grama, além de espaços para a prática de basquete, handebol e ginástica artística. A sede do clube conta ainda com 14 quadras de tênis, um ginásio e um departamento para crianças com deficiência. 

Décadas de glória

As últimas duas décadas são consideradas as mais vitoriosas do Lanús, que completará 110 anos no próximo dia 3 de janeiro. Uma realidade muito diferente da década de 70, quando a instituição enfrentou uma grande crise política e a acabou rebaixada para a Terceira Divisão da Argentina. Desde 2007, o clube tem conquistado títulos de competições nacionais e internacionais, algo considerado raro ao longo de sua história.

Em 2007, o Granate venceu o Campeonato Argentino, título também alcançado em 2016, quando o clube ainda se sagrou campeão da Copa Bicentenário e da Supercopa Argentina. Na história recente, o Lanús tem ainda o título da Copa Sul-Americana. A equipe argentina levantou a taça do torneio internacional em 2013 ao superar a Ponte Preta na decisão. Onze anos após o título da Sul-Americana, o Lanús sonha em voltar a disputar a decisão do torneio. Para isso, precisa vencer o Cruzeiro no duelo das semifinais.

"Acreditamos na força da nossa torcida e dos nossos jogadores. Não vivemos um bom momento, não estamos bem, mas a confiança vai além do que estamos apresentando", disse a pintora Angie Rosalva. Confiança semelhante à do aposentado Juan Ignacio. "Sabemos da dificuldade e da grandeza do Cruzeiro, mas seguimos com a confiança de que podemos mais uma vez chegar na final", finalizou.

As equipes entram em campo nesta quarta-feira (30), às 19h, no estádio La Fortaleza. Mais de 40 mil torcedores são esperados para acompanhar o confronto.