Ex-presidente do Cruzeiro no período de 2018 a 2019, que culminou com o rebaixamento do clube à Série B do Brasileiro, Wagner Pires de Sá obteve mais uma decisão favorável do Judiciário e terá direito a receber indenização por danos morais.

Desta vez, o ex-dirigente ganhou a causa indenizatória movida contra o então deputado estadual Léo Portela (na época do PR, atual PL).

Em decisão assinada nesta segunda-feira (7 de outubro), a juíza Fernanda Baeta Valente, da 29ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, determinou o pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10 mil, além da exclusão das publicações feitas por Léo Portela nas redes sociais.

Em 2020, quando ocupava o posto de superintendente de relações institucionais e governamentais do Cruzeiro, Léo Portela convocou a imprensa e acusou Wagner Pires de Sá de ter utilizado dinheiro da agremiação para pagar impostos de veículos próprios. 

Entretanto, de acordo com a Justiça, a veracidade da acusação não foi comprovada. Em juízo, Wagner Pires de Sá demonstrou que a quitação dos citados impostos foi realizada com recursos próprios.

Deste modo, “a opinião pública foi inflamada de forma negativa contra a figura do autor, repercutindo em ameaças graves contra sua integridade física e de sua família”, ressalta trecho da decisão judicial.

A defesa de Léo Portela alegou, nos autos, que as manifestações estariam protegidas pela imunidade parlamentar. No entanto, como as publicações foram realizadas na rede social pessoal de Portela, o entendimento é que não se relacionam às atividades e atribuições do cargo de deputado, que ele ocupava à época. 

"As acusações inverídicas proferidas pelo então deputado Léo Portela foram reproduzidas em veículos de imprensa com grande repercussão e inflamaram a opinião pública contra a figura do px-presidente Wagner. Os dissaborres advindos da denúncia falaciosa não serão reparados, mas foram atenuados a partir desta decisão ", afirma Fernanda São José, advogada de Wagner Pires de Sá.

Também de acordo com a decisão, caso a indenização não seja paga e nem as publicações sejam excluídas, nova pena de multa pode ser arbitrada pelo Judiciário a Léo Portela.

Procurado pela reportagem de O TEMPO Sports, Léo Portela já adiantou que sua defesa irá recorrer da decisão. "Respeitando o Juízo de primeiro grau, mas discordando da decisão, recorreremos ao Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais", afirmou o ex-deputado.

Histórico

Wagner Pires de Sá foi eleito presidente do Cruzeiro para o triênio 2018 a 2020 e teve um início de gestão marcado por títulos: a do Copa do Brasil 2018 e o Mineiro de 2019.

A equipe celeste também fez uma grande primeira fase na Libertadores 2019, com cinco vitórias e apenas uma derrota. Na empolgação, Wagner Pires de Sá chegou a afirmar que "já enxergava o time campeão". Entretanto, a Raposa acabou eliminada pelo River Plate logo no primeiro mata-mata, nas oitavas de final. Mas o pior ainda estaria por vir.

No Brasileirão, o time celeste fez péssima campanha e acabou sendo rebaixado à Série B pela primeira vez em sua história.

Em meio ao fundo do poço desportivo, a gestão Wagner Pires de Sá também se tornou alvo de intensas críticas após denúncias de ter praticado diversas irregularidades administrativas.

No dia 19 de dezembro de 2019, sob forte pressão da torcida, Wagner Pires de Sá renunciou ao cargo de presidente do Cruzeiro, mas não conseguiu escapar da investigação policial sobre a sua gestão no Cruzeiro. 

Em fevereiro de 2022, em decisão inédita na história do clube, Wagner Pires de Sá foi expulso do quadro de conselheiros do Cruzeiro. Ao todo, foram 113 votos a favor da exclusão, 20 não, dois nulos e um em branco.

Já em setembro deste ano, 'por falta de provas', foi arquivado pela 7ª Vara Crimial de Belo Horizonte o inquérito contra Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato (que integravam a gestão do ex-presidente).

Os dirigentes haviam sido denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pelos crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de organização criminosa.