São apenas dois meses de trabalho do técnico Fernando Diniz, mas a perda da Copa Sul-Americana fez a temperatura subir na torcida do Cruzeiro. Além disso, a falta de vitórias no Campeonato Brasileiro está comprometendo a possibilidade de classificação à Libertadores.
Por outro lado, o treinador segue bem avaliado pela diretoria estrelada e a intenção, neste momento, é cumprir o contrato que vai até o fim de 2025 e dar mais tempo para Diniz desenvolver seu trabalho.
Embora o técnico esteja respaldado pela cúpula estrelada, a pressão das arquibancadas só aumenta. Na quarta-feira (27), após empate com o Grêmio em 1 a 1, a torcida não economizou nos apupos e palavrões direcionados ao time e ao treinador.
Na véspera do duelo, os gestores da Raposa já haviam aberto as portas da Toca II para que uma torcida organizada cobrasse do técnico e de líderes da equipe.
O grupo – que está proibido pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) de frequentar estádios no Brasil até 2028, por envolvimento em recorrentes episódios de violência, alguns deles com mortos – colocou a vaga na Libertadores não como meta, mas como “obrigação”.
“As cobranças são normais, principalmente para nós, torcedores do Cruzeiro, que há muito tempo não víamos o time em uma final internacional, desde 2009. Estávamos muito ansiosos por essa conquista, que infelizmente não veio”, minimiza o ex-lateral Nonato, de 57 anos, que soma 386 jogos pelo Cruzeiro.
Pela Raposa, o ex-jogador foi campeão, entre outros, da Supercopa (1991 e 1992), da Copa do Brasil (1993 e 1996) e da Libertadores (1997). Por isso, conhece bem a pressão de vestir a camisa azul.
“Poderia ser ele (Diniz) ou qualquer outro, que haveria questionamento. O próprio (Fernando) Seabra, que foi mandado embora e deixou a equipe na zona de classificação da Libertadores, estava sendo questionado também. Agora, se é justa ou não a cobrança, não tem como bater o martelo, porque o torcedor é momento, é resultado”, considera Nonato.
Desempenho
A meta da diretoria do Cruzeiro é conquistar vaga na Libertadores. Para isso, independentemente das críticas das arquibancadas e da imprensa, a equipe precisa melhorar o desempenho sob o comando de Fernando Diniz.
Em 12 partidas, foram duas vitórias, cinco empates e cinco derrotas. A Raposa ocupa a sétima posição, com 48 pontos. A chance de garantir vaga na Libertadores é de 27%, conforme o site Probabilidades no Futebol, do Departamento de Matemática da UFMG.
O ex-jogador Nonato aponta um aspecto que possa estar comprometendo o trabalho e os resultados do Cruzeiro no Brasileirão.
“O Diniz é acostumado a pegar um time no início da temporada. Começar um trabalho no meio ou quase no final fica mais difícil. Acredito que ele consiga, sim, implantar o sistema de jogo dele. Só que, para isso, leva-se um tempo”, avalia o ídolo celeste.