O vice-governador de Minas Gerais, professor Mateus Simões, se manifestou em relação à decisão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que permite a presença das torcidas de Cruzeiro e Palmeiras no duelo desta quarta-feira (4 de dezembro), às 21h30, no Mineirão. Como informado por O TEMPO Sports, a CBF enviou um ofício à Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) pedindo uma reavaliação da segurança para o duelo válido pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro aconteça com ambas as torcidas. 

“Somos contrários ao fechamento de portões. Nosso pedido foi de torcida única, mas se a CBF determina torcida mista, a decisão final é dela, já que o evento é privado”, disse Simões em sua rede social X (antigo Twitter). Inicialmente, o Governo de Minas e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) haviam recomendado que a partida tivesse apenas a presença de cruzeirenses. A orientação foi feita sob a justificativa de garantir "maior segurança", considerando os episódios de violência entre torcidas organizadas de Cruzeiro e Palmeiras.

No entanto, ainda não há uma definição sobre a presença de torcedores dos dois clubes. Uma reunião será realizada nesta quarta-feira (4) para avaliar a possibilidade de presença de público ou se o confronto acontecerá com portões fechados.

Vice-governador questiona CBF

Simões criticou a postura da CBF em relação a presença de público no duelo no Mineirão. Segundo o vice-governador de Minas Gerais, a entidade que representa o futebol brasileiro favorece clubes dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. 

“Infelizmente, na hora de punir o Atlético com perda de mandos de campo, a CBF foi rápida. Mas quando é um time paulista, a entidade faz vista grossa, colocando o Cruzeiro em risco, e obrigando o pagador de impostos de Minas a financiar a segurança dos vândalos. Uma pena que o Palmeiras ou o Flamengo tenham tratamento e benefícios que os times mineiros não recebem. Mas vamos iniciar uma discussão pública e ampla sobre os jogos em Minas”, acrescentou.

O vice-governador disse ainda que a Polícia Militar do Estado está preparada para a realização de grandes eventos e também para conter atos de violência de torcidas organizadas. “Minas tem a melhor polícia do Brasil e os nossos times contam sempre com a atuação do Estado, mas que fique claro: nenhum criminoso fantasiado de torcedor receberá proteção e esperamos a mesma postura dos clubes”, afirmou.

A declaração de Simões remete ao episódio em que integrantes da torcida organizada Mancha Alvi Verde, do Palmeiras, fizeram uma emboscada para membros da Máfia Azul, do Cruzeiro. O caso ocorreu na madrugada do dia 27 de outubro, na rodovia Fernão Dias, no interior de São Paulo.

Os cruzeirenses retornavam para Minas Gerais após uma partida da equipe contra o Athletico Paranaense, em Curitiba, no Paraná. Durante o trajeto, eles foram surpreendidos por membros da organizada palmeirense, que arremessaram fogos de artifício e incendiaram os ônibus com os torcedores do clube mineiro. Uma pessoa morreu no conflito.

Entenda o caso

Na noite desta terça-feira (3), a CBF acrescentou um capítulo da novela envolvendo a presença de público no jogo entre Cruzeiro e Palmeiras. A entidade máxima do futebol brasileiro enviou um ofício à 14ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, à Federação Mineira de Futebol (FMF) e à Polícia Militar do Estado liberando a presença das torcidas no Gigante da Pampulha.

No entanto, a CBF transferiu a decisão final para a PMMG e o Ministério Público de MG. A situação deve voltar a ser discutida pelas forças de segurança do Estado de Minas Gerais na manhã desta quarta-feira (4), faltando menos de 12 horas para a partida. 

"Diante do exposto, a CBF solicita a reavaliação de sua manifestação anteriormente emitida. Caso a PMMG reconsidere a recomendação, a CBF poderá igualmente rever seu posicionamento e admitir a presença de público na partida entre Cruzeiro e Palmeiras, abrangendo as duas torcidas, não, porém, torcida única, em respeito aos princípios da isonomia e equilíbrio técnico já referidos", diz um trecho da nota. 

Outro trecho explica o posicionamento da entidade. "A CBF esclarece que sua decisão de que a partida seja realizada sem a presença de público acabou influenciada pelo panorama apresentado pelo MPMG e pela PMMG, que revelava risco à segurança de todo e qualquer torcedor, independente de agremiação, e até mesmo de qualquer cidadão no dia da referida partida, o que não seria solucionado com a simples adoção de torcida única", continuou. 

Para a reportagem de O TEMPO Sports, a PMMG informou que não foi comunicada sobre uma possível presença de torcedores. A Federação Mineira de Futebol (FMF) e o Cruzeiro não se manifestaram. A matéria será atualizada com os posicionamentos. A ata da reunião entre os clubes, autoridades e Mineirão diz no item 18 que: “os presentes na reunião concordam que, se, até às 20h desta terça-feira (3), houver decisão do órgão competente no sentido da abertura dos portões, as partes farão nova reunião para, se possível, ajustar o plano de ação”.

Lei Geral do Esporte

Vale ressaltar que, segundo a Lei Geral do Esporte (nº 14.597, de 14 de junho de 2023), mesmo que haja uma definição sobre o caso, não é mais possível ocorrer venda de ingressos. 

O artigo 143, subseção I, seção II, capítulo IV, que diz respeito às relações de consumo nos eventos esportivos, determina: "É direito do espectador que os ingressos para as partidas integrantes de competições em que compitam atletas profissionais sejam colocados à venda até 48 (quarenta e oito) horas antes do início da partida correspondente", aponta.