O Cruzeiro se manifestou nesta quinta-feira (5 de setembro) sobre a decisão da 7ª Vara Criminal de Belo Horizonte por arquivar um dos inquéritos envolvendo os ex-dirigentes do clube, Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato. Conforme nota divulgada pela associação, que atua de forma independente da SAF, a decisão não consiste na "absolvição de nenhum investigado". Ainda segundo o texto, o arquivamento de um dos inquéritos foi feito para "evitar a duplicidade de ações penais", já que o outro processo reúne "situações criminosas semelhantes".
"Na Operação Segundo Tempo, a investigação finalizada pela Polícia Civil de Minas Gerais entendeu não existir nenhuma situação criminosa diferente daquelas apresentadas na primeira Operação. Assim, e de forma a evitar a duplicidade de ações penais com mesmo objetivo, houve pedido e acatamento de seu arquivamento. Apenas isso. Em resumo, não houve absolvição de nenhum investigado até o momento, de forma diversa ao que foi noticiado", disse o Cruzeiro Associação, por meio de nota.
Ainda de acordo com o comunicado, o inquérito feito a partir da Operação Primeiro Tempo, que apura possíveis situações ilícitas ocorridas no período em que os investigados estiveram no clube, segue em andamento. "A Justiça recebeu essa acusação apresentada formalmente e esse processo criminal ainda está em andamento. Nele, os antigos dirigentes respondem pelos crimes de organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro", destacou.
Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Sérgio Nonato estiveram à frente do clube celeste entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019, ano do rebaixamento do clube para a Série B do Campeonato Brasileiro.
- Veja o comunicado publicado pelo clube:
"Esclarecimento acerca da notícia de arquivamento do Processo Criminal sobre ex-dirigentes do Cruzeiro Esporte Clube.
O Cruzeiro Esporte Clube, diante das recentes notícias veiculadas pela mídia, vem a público se manifestar. Houve notícia de que antigos dirigentes teriam sido absolvidos criminalmente. Na realidade, o que ocorreu foi coisa diversa.
A Polícia Civil de Minas Gerais desencadeou duas operações distintas para apuração de possíveis situações ilícitas ocorridas no Cruzeiro Esporte Clube. Na primeira delas, denominada “Operação Primeiro Tempo”, as investigações policiais chegaram à conclusão de que existiram os crimes noticiados. E, diante
desses elementos suficientes, o Ministério Público de Minas Gerais ofereceu denúncia criminal contra os antigos dirigentes do Cruzeiro. A Justiça recebeu essa acusação apresentada formalmente e esse processo criminal ainda está em andamento.
Nele, os antigos dirigentes respondem pelos crimes de organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. O Cruzeiro Esporte Clube acompanha de perto essa ação penal e está colaborando com o Ministério Público para que os responsáveis sejam criminalmente condenados.
Já na “Operação Segundo Tempo”, a investigação finalizada pela Polícia Civil de Minas Gerais entendeu não existir nenhuma situação criminosa diferente daquelas apresentadas na primeira Operação. Assim, e de forma a evitar a duplicidade de ações penais com mesmo objetivo, houve pedido e acatamento de
seu arquivamento. Apenas isso. Em resumo, não houve absolvição de nenhum investigado até o momento, de
forma diversa ao que foi noticiado.
Belo Horizonte, 05 de setembro de 2024"
O arquivamento do processo
Como publicado por O Tempo Sports, nesta quarta-feira (4), a 7ª Vara Criminal de Belo Horizonte decidiu pelo arquivamento de um dos inquéritos envolvendo os três ex-dirigentes do Cruzeiro e não pela absolvição dos investigados. A decisão por arquivar o inquérito ocorreu sob a justificativa de falta de provas.
Para a reportagem, o advogado Marcos Aurélio de Souza Santos, responsável pela defesa do ex-presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, disse que o arquivamento era "algo esperado". Segundo ele, os contratos firmados pelos dirigentes, que eram analisados neste inquérito, não apresentavam ilegalidades. "Eles são claros e não possuem nenhum teor criminal. Não há nada de crime na situação do Cruzeiro, é uma questão de administração", argumentou.
As denúncias
Em 2020, um ano após as acusações, os dirigentes foram denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pelos crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita, falsidade ideológica e formação de organização criminosa. Segundo o apontamento do MPMG, o prejuízo causado por eles ao Cruzeiro, por meio dos crimes de apropriação indébita e lavagem de dinheiro, teria sido de cerca de R$ 6,5 milhões.
Na denúncia apresentada, o Ministério Público pediu a condenação dos investigados, além da fixação de uma indenização ao Cruzeiro correspondente a 100% da perda que o clube sofreu mediante às apurações, ou seja, aproximadamente R$ 6,5 milhões. O MPMG entendeu, na ocasião, que as ações dos indiciados causaram dano moral coletivo e dano à imagem do clube.
Procurado pela reportagem de O Tempo Sports na última quarta-feira (4) sobre o arquivamento do processo, o MPMG ainda não se manifestou. A defesa de Itair Machado optou em não se pronunciar, neste momento, sobre a decisão. A reportagem também tentou contato com os advogados de Sérgio Nonato, mas não obteve retorno. O texto será atualizado com os posicionamentos.