Mesmo longe do Brasil, o técnico uruguaio Paulo Pezzolano ainda é lembrado no país, principalmente por torcedores do Cruzeiro. Nas últimas vezes em que a Raposa passou por trocas de técnico, o técnico que comandou a campanha do retorno à Série A foi citado por alguns cruzeirenses como uma opção para reassumir a equipe. Parte disso pode ser devido ao legado deixado por “Papa” Pezzolano no clube, algo mencionado por ele ao relembrar a passagem pelo time estrelado.
Sem trabalho desde dezembro do ano passado, após ser demitido do Valladolid-ESP, Paulo Pezzolano concedeu entrevista ao jornal Marca, da Espanha. Um dos assuntos da conversa foi a passagem pelo Cruzeiro, onde o treinador teve sucesso ao atingir a meta de retornar à Série A, em 2022. O técnico relembra a estratégia adotada para fazer a Raposa “dar liga” e conseguir o acesso após três anos.
“Eles (torcedores) estavam sofrendo e seguimos com nossa ideia de jogo. Conseguimos mudar muitas das ideias que as pessoas tinham no Brasil, de que não dava para tocar daquele jeito. A verdade é que conseguimos isso de forma espetacular, com jogadores humildes que se adaptaram muito bem a tudo o que queríamos”, ressaltou.
O Cruzeiro conseguiu o acesso com algumas rodadas de antecedência, mas Pezzolano entende que a cultura implantada por ele no clube foi o mais importante.
“Fomos promovidos, mas a melhor parte foi o que deixamos para trás no clube. Essa cultura de trabalho, essa ambição, essa perseverança diante de tempos difíceis... Por quê? Porque qualquer equipe que atinge seus objetivos passa por momentos difíceis. Todos, em qualquer liga. O melhor time do mundo está passando por momentos difíceis este ano. É preciso saber suportar”, prega o técnico.
A saída
Após o sucesso na campanha do título da Série B, a sequência de Pezzolano na Raposa foi negativa, com atuações ruins no Campeonato Mineiro de 2023. A equipe foi eliminada na semifinal, com duas derrotas para o América, e o comandante foi demitido logo em seguida. O treinador admitiu que a saída já estava definida há mais tempo com a diretoria do Cruzeiro, devido às expectativas que o clube tinha para 2023.
“Sabíamos que na 1ª Divisão haveria outra exigência, que era o título, para o qual o clube, na minha opinião, não estava preparado. Não íamos seguir o objetivo institucional, e a decisão obviamente era não continuar. Também havia muito desgaste, pois jogávamos cerca de 60 partidas por ano, com a obrigação de vencer todas. Então, bom, a pausa que fizemos em acordo com o clube foi para ficar na primeira fase do ano, no campeonato estadual, enquanto eles escolhiam um treinador ideal”, revelou.
Pezzolano também faz questão de exaltar Ronaldo Fenômeno, com quem trabalhou na passagem pelo Cruzeiro. O uruguaio descreve a relação com o então dono da SAF cruzeirense como “muito boa”.
“Ele é uma pessoa espetacular, eu digo isso. Como chefe, ele tem uma postura de não assumir nenhuma função. Toda vez que estamos com ele falamos sobre coisas globais, mas não sobre coisas da equipe ou algo assim. Só um craque do futebol pode fazer isso, porque o presidente geralmente gosta de falar, quer explicações e argumentos... Ele tem pessoas altamente qualificadas em todas as partes dos clubes”, elogia.
Paulo Pezzolano comandou o Cruzeiro em 63 jogos, entre Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro da Série B. O uruguaio conseguiu 34 vitórias, 13 empates, 16 derrotas.
Em 2022, o comandante venceu a Série B com o Cruzeiro e foi eliminado no mesmo ano nas oitavas de final da Copa do Brasil, pelo Fluminense, além de ter sido vice-campeão mineiro. Em 2023, levou a equipe até as semifinais do Campeonato Mineiro e acabou eliminado pelo América.