O ex-volante Ricardinho, eterno ídolo da torcida do Cruzeiro, comentou sobre os títulos que ganhou defendendo a camisa estrelada. Foram 15, em dez anos, número que o coloca como o jogador que mais levantou taças pelo clube. Em entrevista à TV Cruzeiro, o ex-camisa 8 falou sobre as conquistas no clube, dentre elas a Copa do Brasil de 1996 - conquista que completou 29 anos nesta semana.

Aposentado desde 2007, Ricardinho comanda hoje uma fábrica de calçados - empresa que é parceira comercial de Pedro Lourenço, dono da SAF do Cruzeiro, no Supermercados BH.  No caso da Copa do Brasil de 1996, o ex-volante classificou o título como ‘absurdo’. A taça foi para a Toca da Raposa após a vitória por 2x1, no antigo Parque Antártica, com gols de Roberto Gaúcho e Marcelo Ramos.

Favorito à época, o Palmeiras tinha grande campanha e elenco. O time comandado por Luxemburgo tinha nomes como Cafu, Rivaldo, Müller e Djalminha. “Eles tinham um volume de ataque muito forte”, relembrou Ricardinho. O Cruzeiro, por sua vez, só passou a ser visto como um candidato ao título, segundo o ex-volante, após eliminar Corinthians e Vasco - o último com uma goleada de 6x2 em São Januário. 

“Nosso time encaixou muito bem”, disse. “Era um período de uma safra de grandes jogadores no Brasil. Especificamente em São Paulo e Rio de Janeiro era a base da seleção brasileira. A gente conseguiu fazer um resultado histórico em São Januário e só dali em diante que o Cruzeiro começou a ser olhado diferente”, destacou.

O ‘mosquitinho azul’, como passou a ser chamado após ser apelidado pelo narrador Alberto Rodrigues, revelou que os jogadores do Cruzeiro encararam a decisão contra o Palmeiras como uma final de Copa do Mundo. Às vésperas do jogo, inclusive, a imprensa paulista cravava o título aos comandados de Luxemburgo. 

“Para a torcida e imprensa era muito diferente do que a gente pensava. A gente estava com um foco muito grande. Apesar de o Palmeiras ser superior, favorito, você entra em campo jogando 11 contra 11, e a gente tinha um time bom também”, salientou Ricardinho. O dono da camisa 8 da Raposa afirmou que a equipe entregou mais que o limite em campo. 

“Entramos muito focados, eles tiveram um volume gigantesco de lances e o Dida fez a diferença. A gente aguentou sofrer, sem dar muito balão na bola e tentando jogar”, lembrou. O ex-volante celeste ainda disse que a falha do volante Amaral, no gol de Roberto Gaúcho, que empatou a partida para o Cruzeiro, foi determinante ao placar. “A gente foi agraciado pelo lance do Amaral, porque depois que empatamos o jogo, o Palmeira sentiu um pouco. Na Copa do Brasil os gols fora de casa valiam o dobro no critério de desempate”, acrescentou Ricardinho. 

A vitória, para ele, não deixou de ser surpreendente. “Parece que já tinha um lugar montado para a festa do Palmeiras. Até hoje quando encontro com o Djalminha ele fala que sofrem com aquele título”, citou. Após a conquista da Copa do Brasil, a torcida do Cruzeiro fez grande festa em Belo Horizonte, momento que ficou marcado na história do ex-volante. 

“Quando chegamos em Belo Horizonte no aeroporto, nós fomos para o Centro e a festa foi maior que na Libertadores (1997). Para você ter ideia, era muita gente ali, que para a gente sair e ir embora, tivemos que ir no carro da polícia. Saímos escondidos, foi uma loucura. Aquele título foi absurdo, uma comemoração fora do comum”, finalizou Ricardinho. 

Ricardinho no Cruzeiro

O ex-volante é o único da história do Cruzeiro a conquistar 15 títulos com a camisa celeste. Dentre as conquistas, Ricardinho, que fez história usando a camisa 8, esteve no elenco vencedor da Libertadores de 1997, e dos títulos da Copa do Brasil de 1996 e 2000. Revelado nas categorias de base do clube, o ex-volante entrou em campo pelo Cruzeiro com 441 jogos disputados. Ele soma 46 gols marcados em dez temporadas.

Formado na base celeste, ‘mosquitinho azul’ estreou no elenco celeste em 1994 e ficou no clube até 2002, quando se transferiu ao futebol japonês. Ricardinho retornou ao Brasil em 2007, quando atuou novamente pelo Cruzeiro, além de uma breve passagem pelo Corinthians antes da aposentadoria. 

O encerramento da carreira aos 31 anos foi em consequência de um problema crônico no tornozelo direito que poderia deixá-lo manco no futuro.