Adilson Batista segue no imaginário do torcedor do Cruzeiro. O “r” estendido no melhor estilo paranaense, o apelido de “professor pardal”, as loucuras na beira do campo, como uma voadora em uma placa de publicidade, e a defesa do clube em meio às perguntas, segundo ele, capciosas de alguns membros da imprensa somam-se à fama de ganhador de clássicos. Dois 5 a 0 no maior rival em finais seguidas de Campeonato Mineiro alimentam o personagem, inabalável mesmo com uma dolorosa derrota em uma final de Libertadores.
O certo é que depois do Cruzeiro, Adilson não conseguiu se sustentar mesmo passando por grandes clubes como Corinthians, São Paulo e Santos, bem diferente do rival que o aguarda no domingo, no Independência.
Mano Menezes sempre esteve na prateleira de cima do futebol brasileiro, inclusive chegando ao ponto máximo: ser treinador da seleção brasileira. No entanto, diferentemente da áurea de Adilson Batista, Mano teve que, na fórceps, conquistar o amor da torcida do Cruzeiro, dando ao clube o que o hoje treinador do América não conseguiu: títulos de expressão. A relação, por vezes, turbulenta de Mano Menezes com os torcedores vive talvez o maior ponto de aceitação deste “casamento”. Votos que foram renovados com mais uma conquista de Copa do Brasil, um feito inédito no futebol brasileiro.
Técnico mais longevo do futebol brasileiro, Mano já deixou há muito tempo Adilson Batista para trás na lista de treinadores que mais comandaram o Cruzeiro na história. Enquanto o atual técnico do Coelho é o nono na lista com 170 jogos, Mano é o sexto, com 186 partidas, e a seis jogos de superar Airton Moreira, com 191.
Mas agora a conversa é outra. Adilson deixa para trás sua história no Cruzeiro, pois está do lado do Coelho e precisa somar os três pontos. O alviverde não vence há oito jogos e está a uma posição do Z-4, com a mesma pontuação da Chapecoense. “Sabemos que uma vitória traz tranquilidade, confiança e autoestima. O ambiente com o torcedor se torna outro”, declara.
Mano Menezes, apesar de já ter alcançado o objetivo do ano com a Raposa, quer que sua equipe entre para vencer. “Mesmo após conquistarmos o título da Copa do Brasil, que era nosso principal objetivo, seguimos encarando todos os jogos com seriedade. Se olharmos com descaso para algum jogo, não poderemos cobrar quando for pra valer”, afirma.