Mano, como ninguém, viveu os extremos no Cruzeiro e sua capacidade de resiliência, assim como a resposta dos grupos que teve em mãos, determinou uma nova fase de conquistas na Toca da Raposa II. O bicampeonato inédito da Copa do Brasil, conquistado sobre o Corinthians, elevou a Raposa ao patamar de maior campeão do torneio com seis conquistas e também fez Mano chegar ao seu terceiro troféu na competição, o segundo maior vencedor atrás apenas de Luiz Felipe Scolari. 

Gaúcho de Passo do Sobrado, Luiz Antônio Venker Menezes, 56 anos, assumiu o Cruzeiro pela primeira vez em 1 de setembro de 2015, tendo a missão de salvar o time do fantasma do Z-4 após um retorno aloprado de Vanderlei Luxemburgo ao comando técnico celeste. Mano não só concluiu o objetivo como conseguiu fazer a Raposa terminar o Brasileiro em oitavo lugar, com 55 pontos. 

Em dezembro do mesmo ano, ele acabou deixando a Toca da Raposa seduzido por uma oferta milionária do Shandong Luneng, da China. Mas Mano retornaria ao Cruzeiro ainda em 2016, quando o clube vivia nova fase complicada no Campeonato Brasileiro após as experiências mal sucedidas de Deivid e o português Paulo Bento no comando. 

Novamente, Mano teve status de salvador da pátria, estabelecendo o time ao menos em uma posição de meio de tabela — 12o lugar com 51 pontos — evitando o risco da queda, e ainda fazendo o time chegar à semifinal da Copa do Brasil, contra o Grêmio. 

Depois de roer o osso, 2017 reservou a Mano Menezes e ao Cruzeiro um novo título nacional. A Copa do Brasil em cima do Flamengo coroou o trabalho do comandante, que mesmo com um time considerado limitado em determinados aspectos técnicos, superou todas as expectativas, derrubando adversários como São Paulo, Palmeiras, Grêmio e o Flamengo na grande decisão.

O 2018 para Mano Menezes trouxe uma nova expectativa e outra realidade em termos de Cruzeiro. O contrato do comandante foi renovado e a nova diretoria do clube celeste investiu pesado em reforças para que o time chegasse à conquista de alguma das Copas que estavam no caminho. O primeiro passo veio com o título mineiro, vencendo o rival Atlético dentro do Mineirão por 2 a 0. A Copa Libertadores, a grande obsessão, acabou não vindo. A eliminação para o Boca Juniors nas quartas de final foi dolorosa.

Mas os comandados de Mano Menezes deram a resposta na Copa do Brasil, sacramentando um novo ano mágico para o torcedor e também para o técnico, em um de seus mais longos e duradouros trabalhos na carreira. O gaúcho é hoje o sétimo treinador que mais comandou o Cruzeiro na história, com 183 partidas. Ele está a quatro partidas de igualar Ênio Andrade, com 187 jogos. Vitorioso, o ex-técnico da seleção brasileira, Grêmio e de passagem marcante pelo Corinthians, Mano também reservou à sua história uma nova era em Minas Gerais, consolidando a apoio da diretoria, mesmo que críticas ao seu trabalho conservador prossigam, com títulos e memoráveis duelos.