Assembleia

Calendário de jogos no Mineirão deve ser definido nos próximos dias

Assunto foi debatido durante audiência pública na ALMG nesta terça-feira (4), marcada para discutir a necessidade de abertura de uma CPI do Mineirão

Por Paula Coura
Publicado em 04 de abril de 2023 | 18:39
 
 
 
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O calendário de jogos do Mineirão para este ano deve ser definido nos próximos dias. O assunto foi debatido em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (4), marcada para discutir a necessidade de se investigar o contrato entre a concessionária do estádio, a Minas Arena, e o governo estadual. Representantes dos clubes, deputados e torcedores estiveram presentes no encontro. 

“O comitê de esporte, cultura e lazer, a instância máxima, vai se reunir no próximo dia 20 para definir calendário do futebol no Mineirão”, garantiu o secretário de mobilidade e infraestrutura Pedro Bruno Barros de Souza.

O secretário ainda explicou que no contrato entre o Estado e a Minas Arena há a obrigatoriedade de cumprimento de 66 jogos de futebol por ano, número que teve como parâmetro o ano de 2009, um antes da assinatura do vínculo entre as partes.Entre dezembro de 2012 e março de 2023 foram 456 partidas no Gigante da Pampulha, média de 46 partidas por ano, ao menos 20 abaixo do número estabelecido. 

Mobilização

Diante disso, o Cruzeiro pediu ao governo de Minas, na semana passada, a para intermediar as negociações entre o clube e a concessionária e fazer do futebol como prioridade ao estádio.O assunto também mobilizou a torcida, que protestou na praça Sete pelo mesmo pleito.

“O gramado do Mineirão tem sido utilizado para shows, nada contra. Mas se a gente analisar o contrato na sua essência, se a gente analisar contratos estabelecidos lá atrás, a gente vai ver que a prioridade é o futebol e a reforma milionária da esplanada era para ela fosse utilizada para shows ”, disse o deputado professor Cleiton (PV), que encabeça a lista de assinaturas para a abertura da chamada CPI do Mineirão.

São necessárias 26 confirmações de parlamentares para o presidente da casa definir se abre ou não a CPI. Caso seja aberta, serão mais 120 dias de investigação. 

Interesse do Cruzeiro

Além disso, o Cruzeiro deixou claro que quer participar de outras receitas comerciais quando for mandante de seus jogos no Gigante da Pampulha, como da venda de bebidas e comida, estacionamento e camarotes. “O governo investiu bilhões e continua investindo uma quantia, um valor milionário pago mensalmente por todos nós. O governo fez e segue fazendo esse pagamento para uma atividade de interesse público no Mineirão. Não ter jogos no estádio desvirtua o contrato”, frisou Gabriel Lima, CEO do Cruzeiro, durante a audiência.

Samuel Lloyd, diretor comercial do Mineirão, garantiu que está aberto ao diálogo com todos os clubes, mas reforçou que não pode abrir mão de suas receitas. “Deixo claro que as regras entre concessionária e clube estão estabelecidas em contrato de PPP (Parceria Pública-Privado): eles (clubes) vendem 54 mil cadeiras e a Minas Arenas vende camarotes. Qualquer receita que a Minas Arenas abrir mão ela pode ser responsabilizada”, disse. 

Em números, Lloyd mostrou que o custo de um torcedor que vai no estádio é de cerca de R$ 12,29. Em comparação, no Independência, esse valor é de R$ 11,81. “O clube pode cobrar R$ 20 do torcedor que ainda estaria lucrando, apesar de ser difícil de a gente encontrar ingressos de R$ 20”, disse. 

Entenda

O contrato entre Minas Arena e o governo do Estado foi firmado em 2010. A concessionária aportou á época cerca de R$ 677 milhões (R$ 1,4 bilhão nos dias atuais) para reformar o estádio e a esplanada para os jogos da Copa do Mundo de 2014. O contrato tem validade até 2027, e o Estado pagou, anualmente, taxa de cerca de R$ 6 milhões à Minas Arena até dezembro de 2022, conforme previa o contrato. 

Não é a primeira vez que os deputados tentam abrir uma CPI para analisar o contrato com o Mineirão. Segundo Paulo Valadares Versiani, procurador do Estado, esse contrato é analisado desde 2018 em várias questões relativas ao equilíbrio econômico financeiro.

“Desde 2015, desde novo código do processo civil de 2015, e modelos anteriores, há um estímulo cada vez maior para questões consensuais desses contratos, essa tem sido a condução da advocacia geral do estado nesses contratos, porque se não estaríamos falando em anos para qualquer solução, 10, 15, 20 anos.Acaba a concessão e nao ha decisão.Portanto, a AGEacompanha cada ato por parte da consultoria nesses contratos e procura atuar em forma de mediação de forma mais eficaz para sanar as controvérsias”, declarou.

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