A saída de Vitor Roque do Cruzeiro para o Athletico-PR por R$ 24 milhões - multa rescisória para o mercado nacional - deixou a torcida celeste insatisfeita por considerar a quantia baixa. De fato, nos últimos cinco anos os valores de negociação das 'promessas' foram bem superiores, até para atletas de posições 'menos cotadas', como laterais e volantes.
O Super.FC fez um levantamento, desde 2017, das maiores vendas de jovens jogadores efetuadas pelos principais clubes de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo), Rio de Janeiro (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco), Rio Grande do Sul (Internacional e Grêmio) e também pelo Atlético. (Veja quadro ao final da matéria)
No período destacado, foram analisadas a negociações de 27 jogadores com idades entre 17 a 20 anos, sendo 17 atacantes, quatro meia-atacantes, três laterais, dois zagueiros e um volante. Entre todos eles, apenas quatro custaram menos do que os R$ 24 milhões da multa rescisória de Vitor Roque (de acordo com as cotações da época em que foram vendidos).
De imediato, as vendas de jogadores por quantias acima de R$ 130 milhões se destacam, mas se tratam de 'exceções' acima da média, claro. São os casos de Rodrygo (R$ 194 mi) e Vinícius Jr (R$ 164 mi) vendidos ao Real Madrid por Santos e Flamengo, respectivamente.
Também podem entrar nesta lista as transferências dos atacantes Renier (do Flamengo para o Real Madrid por R$ 154 milhões), Antony (do São Paulo para o Ajax por R$ 134 milhões) e a quase inacreditável venda de Yuri Alberto pelo Inter para o Zenit pela bagatela de R$ 149 milhões.
Daí por diante, a situação da maior parte das 'promessas' negociadas pelos clubes brasileiros se assemelha bastante ao momento vivido por Vitor Roque no Cruzeiro neste início de temporada.
Em 2021, por exemplo, o Botafogo vendeu o atacante Luís Henrique, de 18 anos, ao Olympique por R$ 77 milhões, o São Paulo faturou R$ 70 milhões ao repassar o atacante Brenner, de 20, ao Cincinnatti, dos EUA, e o Fluminense vendeu o atacante Kayky, de 17, ao Manchester City por R$ 68 milhões.
As vendas de meias-atacantes neste período também alcançaram valores bem superiores. O Vasco, por exemplo, vendeu Douglas Luiz em 2017 por R$ 49 milhões ao Manchester City e Paulinho, em 2018, para o Bayer Leverkusen por R$ 85 milhões .
E mesmo no caso de negociações no mercado nacional, os R$ 24 milhões acabam ficando para trás da venda de Praxedes para o Internacional pelo Bragantino, em junho, alcançando a cifra de R$ 35,9 milhões.
No levantamento também chamam atenção os valores pagos por laterais: R$ 76 milhões da venda de Vanderson pelo Grêmio ao Monaco no início deste ano, R$ 38 milhões da venda de Arana pelo Corinthians ao Sevilla em 2017, e R$ 27,8 milhões por Vinicius Tobias, de 18 anos, vendido pelo Inter ao Shakhtar Donetsk no ano passado.
Dos dois zagueiros da lista, a venda de Bremer pelo Atlético ao Torino (ITA), em julho de 2018, ficou na casa de R$ 24,1 milhões. A de Lyanco, pelo São Paulo, para o mesmo clube italiano, fica pouco abaixo (23,4 milhões). Já entre os 27 jogadores analisados, há apenas um volante: Wendel, vendido pelo Fluminense ao Zenit em janeiro de 2018 por R$ 29,1 milhões.
É fato que o Cruzeiro ainda deve recorrer à Justiça para "reivindicar seus direitos" e tentar melhorar as condições do negócio. Entretanto, como mostram os números, a torcida do Cruzeiro tem 'milhões' de motivos para estar mesmo insatisfeita.