Nas coletivas de jogadores e comissão técnica do Cruzeiro, desde o início do ano, uma das palavras mais utilizadas foi 'reconstrução'. Sob nova direção e com elenco reformulado, o time celeste praticamente recomeçou do zero. Quinze partidas depois - incluindo os jogos da Copa do Brasil -, a conquista da vaga na final do Campeonato Mineiro mostra que o caminho até aqui tem sido bem traçado. 

Durante a campanha, Pezzolano não titubeou em rodar o grupo, utilizando nada menos do que 36 jogadores do elenco, grande parte deles revelados nas categorias de base do clube. Para chegar à final, foram 13 jogos, com 9 vitórias, um empate e três derrotas, com 25 gols a favor e 12 contra.

É certo que houve dificuldades no caminho, como nas derrotas nos clássicos diante de América e Atlético, mas é preciso ressaltar se tratar de equipes que inegavelmente iniciaram a temporada em patamar superior ao celeste em termos de organização tática, já que mantiveram a base da temporada anterior.

Queixas de Pezzolano - e boa parte da torcida celeste - sobre a arbitragem a parte, o fato é que o treinador uruguaio, aos poucos, foi encontrando a sua formação ideal. E, ao mesmo tempo, viu jogadores chaves crescerem de produção.

No setor defensivo, chamam atenção a evolução de Rafael Cabral e dos zagueiros Oliveira e Eduardo Brock.

O goleiro foi um dos destaques do jogo contra o Athletic, praticando ao menos três defesas extremamente difíceis. Ao contrário dos primeiros jogos com a camisa celeste (até mesmo pela falta de ritmo de jogo em que se encontrava), agora passa segurança para a defesa, que tem contado também com a solidez do novato Oliveira e do tão criticado Brock.

No meio-campo, a peça chave tem sido o volante Willian Oliveira, que auxilia o setor defensivo e ainda tem qualidade para começar a saída de bola da equipe. Com ele, o futebol de Canesin também cresceu. De contratação apenas para 'compor o elenco', passou a ter status de titular. É firme no combate, chega a frente e ainda tem bom chute de longa e média distância.

No ataque, Edu e Vitor Roque se destacam, mas até o futebol de Waguininho apresemtou evolução. Apesar das críticas de parte da torcida, ele também exerce função tática importante para equipe. Pra completar, as opções disponíveis no banco de reservas ainda dão a Pezzolano a possibilidade de mudar também a forma de atuar da equipe, em que pese a juventude da maioria de seus atacantes "de beirada" . 


Claro que ainda falta mais regularidade ao time, que muitas vezes ainda apresenta oscilações preocupantes no decorrer das partidas. E Pezzolano também ainda precisa ajustar a cobertura dos laterais para não deixar os zagueiros expostos ao "um contra um", algo que acontece com certa frequência em função do estilo de jogo que tenta implantar na equipe. Mas o sinal é de evolução constante.

Se será suficiente para levar o título estadual ainda não dá para cravar. Mas pode ser ao menos para o início da caminhada na Série B do Brasileiro. Ao menos Pezzolano parece pensar desta forma. "Os jogadores estão evoluindo. Alguns mais rápido. Outros demoram um pouco. O importante é que eles possam enteder o jogo. Assim eles vão melhorando cada vez mais", afirmou. A torcida espera que o comandante tenha razão.