Da escolha da comissão técnica à troca de peças: a montagem do Cruzeiro em 2022

Desde que negociava a compra de 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Cruzeiro, no segundo semestre de 2021, Ronaldo Nazário sabia que era preciso mudar drasticamente a estrutura, partindo da comissão técnica, do elenco e da própria filosofia. Tanto é que as alterações começaram a partir do anúncio da nova gestão, e não pararam durante toda a temporada, nem mesmo quando os objetivos já estavam encaminhados.

A primeira medida tomada pela equipe foi paralisar algumas contratações anunciadas pelo então presidente Sérgio Santos Rodrigues para 2022. Num "pacotão" de reforços, a Raposa havia divulgado 10 novos atletas em dezembro do ano passado – o então técnico Vanderlei Luxemburgo e o diretor de futebol, Alexandre Mattos, que, teoricamente, exercia uma função voluntária, eram os canceladores das negociações.

São eles: o goleiro Jailson, o lateral-direito Pará, os zagueiros Maicon, Matheus Silva e Sidnei, os meias Pedro Castro, Filipe Machado, João Paulo e Fernando Neto, e o atacante Edu. Destes, Jailson, Pará e Neto nem chegaram a vestir a camisa da Raposa; Maicon, Matheus Silva e Sidnei foram negociados nos meses seguintes; e Castro, Machado, João Paulo e Edu permaneceram.

Fábio

Depois, houve a decisão mais marcante do início da gestão fenomenal. Romper com o goleiro Fábio, jogador que mais vezes atuou pelo clube (976) e um dos maiores ídolos da torcida. É importante ressaltar que em novembro de 2021, Santos e o arqueiro renovaram o vínculo até o final de 2022, possibilitando-lhe chegar ao seu milésimo jogo.

No dia 4 de janeiro, o clube não colocou o atleta entre o elenco confirmado, pois as partes ainda estariam negociando sua manutenção e, consequentemente, uma mudança em seu salário. Surpreendentemente, para grande parte da China Azul, Fábio postou um texto de despedida em suas redes sociais, abrindo uma lacuna em uma posição incontestada.

Trupe uruguaia

No dia 3 de janeiro, desembarcou em Belo Horizonte o técnico uruguaio Paulo Pezzolano, praticamente desconhecido no Brasil. Junto dele, também vieram o preparador físico Gonzalo Alvarez, o analista de desempenho Matias Filippini e o auxiliar técnico Martín Varini, que assumiu a equipe em algumas oportunidades.

Eles chegaram para o lugar de Vanderlei Luxemburgo e sua comissão, que estavam no clube desde julho e tinham a missão de conquistar o acesso, sem êxito. Ronaldo não quis continuar com o comandante da "velha guarda".

Com o decorrer do tempo, os uruguaios foram conquistando cada vez mais a confiança da torcida, ao mostrarem modernidade, estudo e conhecimento, ao tirarem o máximo das peças à disposição. Segundo Pezzolano, foram observados mais de 300 jogadores para a montagem do elenco.

Elenco

Num trabalho que dura todo o ano, o time foi reformulado. Ao todo, 53 jogadores entraram, pelo menos, um minuto em campo, entre peças que já estavam no Cruzeiro, que chegaram ou subiram das categorias de base. Há também aquelas que deixaram a equipe ao longo do ano.

Visando atletas acostumados a disputar a Série B, que se encaixariam no orçamento e na forma de jogo implementada, o plantel começou a ser montado. Destaque para as contratações do goleiro Rafael Cabral, dos zagueiros Lucas Oliveira e Zé Ivaldo, dos meias Willian Oliveira, Neto Moura, Fernando Canesin e Léo Pais, do lateral-esquerdo Matheus Bidu e dos atacantes Luvannor e Jajá.

Na janela do meio da temporada, ainda chegaram Bruno Rodrigues, Marquinhos Cipriano, Pablo Siles, Luís Felipe, Wesley Gasolina, Lincoln e Chay. Durante o ano, saírem jogadores como Giovanni, Rafael Santos, Bruno José, Vitor Leque, Miticov e Adriano.

A cada rodada do Campeonato Mineiro, perdido na final para o Atlético (esperado) e do próprio Campeonato Brasileiro, a equipe foi sendo montada, com base em uma série de fatores, e já pensando na Série A de 2023, principalmente com os últimos reforços.