Memórias

'O legado dela é de amor, que não suportou ver o time cair', diz neta de Salomé

Júnia Morais, neta de dona Salomé, relembra histórias e fala da intimidade da torcedora-símbolo do Cruzeiro

Por Paula Coura
Publicado em 16 de setembro de 2022 | 06:00
 
 
 
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Quem já foi ao Mineirão antes do Cruzeiro cair para a Série B já deve ter visto ou cumprimentado dona Salomé, uma das torcedoras mais queridas da China Azul. Com sorriso largo no rosto, trajada de azul e branco dos pés à cabeça e até mesmo nas unhas, ela fazia questão de externar o amor pelo clube de coração em tudo que fazia. Trabalhou na sede do Barro Preto por mais de 20 anos e dificilmente perdia um jogo. 

"A mesma alegria do campo era a vó Salomé em casa. Ela sempre vestia de azul e branco, sempre uniformizada do Cruzeiro e sempre falando: e aí, galera, só alegria? Por onde ela ia era a mesma Salomé", conta Júnia Morais, 25, empresária e neta da torcedora-símbolo do Cruzeiro. 

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A família guarda no coração e nas imagens as lembranças deixadas por dona Salomé. A casa dela, no bairro Riacho, em Contagem, região metropolitana, continua intacta. As pelúcias, bonecas e  raposas de todos os tamanhos também estão intocados. Mas um deles, em especial, Júnia quis guardar. Um fantoche, feito sob medida para a avó. Assim como as roupas, muitas encomendadas para combinações. Saia azul com camisa branca e vice-versa. 

"O legado dela é de amor. Um amor que não suportou ver o time cair para a Série B. Ela sempre respeitou todas as torcidas, nunca teve nenhum tipo de conflito com nenhum outro torcedor de outro time. É exemplo de pessoa, de torcedora fiel, que estava ali em todos os jogos”, conta Júnia.

E, apesar dela já ter "preparado" a família para o pior, foi justamente naquele Palmeiras 2 a 0 Cruzeiro, no dia 8 de dezembro de 2019, que o coração de dona Salomé parou. Era o jogo que selava a queda da Raposa à Série B. A torcedoras-símbolo passou mal após a partida e acabou morrendo, aos 86 anos, vítima de parada cardiorrespiratória. Momento que ninguém quer relembrar. 

Mas as memórias, sim, são as pequenas injeções de alegria para a família de Júnia. O pai Roberto da Silva, 64, filho de Salomé, e Maria Elza Cargosinho, além do irmão Roberto Carlos Silva, 37, são todos cruzeirenses. A terceira geração, porém, não é toda azul e branco. Marcella, 19, uma das três bisnetas de Salomé, é atleticana. Maria Eduarda, 18, e Mateus, 10, os outros dois bisnetos, são cruzeirenses. “Ela não deixou de amar, mas na época rolou a conversa, é verdade isso, Marcella? Mas o amor continuou igual”, disse Júnia.

Agora, a vontade é que o Cruzeiro conquiste o quanto antes o acesso. Júnia ainda não conseguiu ir ao Mineirão sem vó Salomé, mas também conta os jogos para poder ter a certeza de que o time estrelado está de volta à elite do futebol nacional. E dá dicas para que isso aconteça o quanto antes.  “É manter o foco para subir e se manter na Série A. Com certeza, a alegria dela (Salomé), aonde estiver, vai ser essa”, finalizou Júnia.

A entrevista em vídeo:

 

 

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