Durante a apresentação do acordo que Ronaldo Nazário quer fazer com o Cruzeiro para a compra de 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o presidente da associação, Sérgio Santos Rodrigues, fez uma confirmação que pegou muitos de surpresa. Segundo ele, a Toca da Raposa II, centro de treinamento do time profissional e sub-20 do futebol celeste, não é do clube.
"A Toca II não é nossa. Ela não está registrada em nome do Cruzeiro. Para registrar a Toca II você tem que gastar mais uma grana. O que nós queremos? Falar que quer ser dono sem ser dono? O que adianta? Não é nossa não, gente. Vamos parar com isso", disse.
Rodrigues lembrou que o local precisa de ajustes, mas a associação não consegue fazer isso no momento. "Quem chegou aí na Toca recentemente, viu que destruíram piscina, abriram uma parte, e não terminaram a construção. Para começar a ter a Toca em dia, são uns R$ 3 milhões, que a gente nunca teve condição. Não tem como eu reformar a Toca e não pagar salário", completou.
Em contato com a reportagem, que buscava entender melhor a situação, a assessoria de imprensa do clube informou que a documentação do local não está regularizada, ou seja, ele não tem registro. Fenômeno prometeu regularizar a situação.
A verdade é que a Raposa não tem o alvará de funcionamente e localização da Toca. No entanto, a prefeitura de Belo Horizonte nunca impôs um ultimato ao clube para regularizar a situação, que se arrasta há anos.
Imbróglio
Quando Cruzeiro e Ronaldo anunciaram a transferência de 90% da SAF, em 18 de dezembro do ano passado, na verdade, ele assinou a intenção de aquisição, no valor de R$ 400 milhões, a serem investidos nos próximos anos.
Com o acordo, ele teria 120 dias para ter acesso a tudo do clube e fazer um "pente fino" na documentação e finanças. Até o encerramento desse prazo, em 17/04, ele pode fazer a compra definitiva.
Há algumas semanas, o craque pediu que fossem incluídas no acordo as Tocas da Raposa I e II, já que, se elas continuarem com a associação (dona dos outros 10%), há risco de perdê-las, caso dívidas tributárias não forem pagas.