Belo Horizonte está na reta final dos preparativos para receber a Stock Car - a maior competição automobilística brasileira. O evento deve atrair mais de 30 mil turistas e injetar cerca de R$ 200 milhões na economia da cidade. Essa será a primeira vez em que a capital mineira sedia a disputa esportiva. A etapa vai ocorrer entre os dias 15 e 18 de agosto no entorno do Mineirão, na região da Pampulha.

"A expectativa é de que possa ser a melhor corrida dos últimos tempos. Embora não se tenha a mesma estrutura de autódromos como os de Interlagos (SP) e Goiânia (GO), estamos trazendo para Belo Horizonte uma estrutura muito grande, equipamentos com padrão da Federação Internacional do Automóvel (FIA)", afirma o empresário Sérgio Sette Câmara, dono da Speed Seven, uma das empresas que organizam o evento na capital mineira.

Um levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) indicou que, durante os cinco anos em que Belo Horizonte receberá o evento, a economia local deverá ter um impacto de até R$ 284,6 milhões. Além deste montante, a expectativa é de que a Stock Car possa implicar em um ganho de até 0,08% no Produto Interno Bruto (PIB) da capital mineira já no primeiro ano de realização da Stock Car.

Segundo a organização, 85% das obras já foram concluídas. Foto: Flávio Tavares / O Tempo

"Nosso objetivo é alcançar uma taxa de ocupação em torno de 80%. A Stock Car é um evento importante para a nossa região e estamos preparados para oferecer a melhor experiência possível aos nossos hóspedes, garantindo conforto e qualidade em todas as acomodações", revela o presidente da Amihla Associação Mineira de Hotéis de Lazer (Amihla),  Alexandre Santos.

Uma expectativa semelhante à da Câmara de Dirigentes Lojistas de BH (CBL/BH), que considera o evento esportivo como uma oportunidade para atrair novos investimentos para a cidade. "O mundo do automobilismo é cercado de grandes empresas, muitas delas que ainda conhecem pouco Belo Horizonte. Além disso, tem um público que possui um ticket médio elevado, o que é muito bom para as redes de hotéis, bares, restaurantes e outros comércios", cita o presidente da CDL/BH, Marcelo Souza e Silva.

Conforme a organização, durante os quatro dias, cerca de 60 mil pessoas devem comparecer na região do entorno do Mineirão. Além deste público, os organizadores projetam a transmissão do evento para 150 países. Segundo o empresário Sérgio Sette Câmara, toda essa mobilização potencializa o setor de turismo da capital e atrai novos investimentos também para a modalidade esportiva. 

"Um circuito de rua tem um charme, principalmente quando é feito em um lugar que é um cartão postal. Isso vai colocar a cidade em outro patamar, será um divisor de águas. É uma prova que vai ser transmitida para muitos países, isso sem contar a quantidade de influenciadores digitais envolvidos", projeta.

A Stock Car em BH

Em dezembro de 2023, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) anunciou o acordo para receber a corrida de rua pelo período de cinco anos (entre 2024 e 2029). Com isso, o entorno do estádio Mineirão está sendo adaptado "como circuito automobilístico temporário" ao longo de 3.200 metros. São feitas intervenções para a recuperação de 3km de asfalto, redução de calçadas, remoção de itens como postes de iluminação e semáforos, entre outros.  

Segundo a organização, 85% das obras já estão concluídas. O valor investido é de R$ 20,3 milhões, recurso oriundo do poder executivo. "O retorno será muito grande para os cofres da prefeitura. A previsão é que ela arrecade por ano mais de R$ 20 milhões. Ela faz um investimento agora e vai ter um retorno quase imediato. Estamos falando de algo em torno de mais de R$ 125 milhões em cinco anos. É uma receita importante que o município não pode abrir mão. Além disso, serão gerados de 1.500 a 2.000 postos de trabalho formais", afirma Câmara.

Organização buscou equipamentos em São Paulo para realizar a prova em Belo Horizonte. Foto: Flavio Tavares / O Tempo

Para a realização da corrida em um ambiente urbano, os organizadores locaram o mesmo mobiliário utilizado na Fórmula E - uma categoria de automobilismo organizada pela FIA com carros monopostos exclusivamente elétricos. São 3,5 toneladas de concreto, gradil, além de uma grande quantidade de pneus que será utilizada como barreiras de segurança. 

"É um equipamento que estava em São Paulo e que precisamos de 200 carretas de grande porte para deslocar esse material para Belo Horizonte. Organizamos toda uma logística para que uma carreta pudesse chegar e ser descarregada, liberando a área para uma outra", explica Sérgio.

A instalação destes equipamentos já foi realizada em quase todo o percurso da prova. As únicas áreas ainda preservadas foram os trechos em frente ao Centro Esportivo Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais (CEU/UFMG), a Escola de Veterinária da UFMG e em alguns locais com maior fluxo de veículos.

"Preservamos esses espaços, mas esses equipamentos serão colocados durante a madrugada de terça-feira (13 de agosto), que é quando faremos os ajustes finais", acrescenta.

A Prefeitura de BH

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou, por meio de nota, afirmou que projeta um impacto positivo de cerca de R$ 1 bilhão em cinco anos na economia da cidade. O executivo municipal prevê "mais de 1,5 mil empregos temporários em diversas áreas, tais como montagem da estrutura e logística, alimentação e transporte".

Ainda de acordo com a PBH, o poder público investiou, por meio da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), cerca de R$ 20 milhões em obras de recapeamento de aproximadamente 3,2 km de vias, além de adequações de passeio no entorno do Mineirão.

São elas: 

  • Avenida Rei Pelé, entre a avenida Antônio Abrahão Caram e a avenida Coronel Paschoal - Concluído
  • Avenidas Coronel Oscar Paschoal e Presidente Carlos Luz - Concluído
  • Av. Antônio Abrahão Caram, entre a av. Cel. Oscar Paschoale rua Rebelo Horta - Em execução
  • Av. Oscar Paschoal com Av Presidente Carlos Luz - Em execução