Uma atleta de Belo Horizonte agora é integrante do Guinness Book. A escaladora Patrícia Antunes entrou para o livro dos recordes após uma escalada realizada em abril de 2024. Ela percorreu uma distância total de 5.200 metros em uma parede de escalada, subindo o equipamento 320 vezes.
Em entrevista a O TEMPO Sports, Patrícia revela que o desafio partiu da própria equipe do Guinness, que foi quem a contatou após ver uma escalada que ela postou nas redes sociais. Mas como uma mineirinha, bem desconfiada, Patrícia ficou com um pé atrás.
"Geralmente o Guinness, você os procura e paga uma taxa para tentar um recorde. Mas eles me convidaram e falaram 'A gente queria que você tentasse um desafio que você postou'. Eu falei 'Mas esse desafio aqui é muito fácil, acho que alguém vai bater rapidinho. Será que eu não posso propor alguma outra coisa, um pouco mais desafiadora?'", relata.
Após receber sinal verde do time do Guinness, começaram os treinamentos duros. Patrícia começou a tentar fazer um tempo cada vez mais rápido na parede de escalada que sempre usava em suas atividades, em uma academia de Belo Horizonte. E o desafio que ela propôs foi ambicioso. "Eu propus tentar escalar a altura do Mont Blanc (fronteira entre França e Itália), que tem 4 mil, 5 mil metros", conta.
O desafio começou às 18h do dia 21 de abril, pois, explica Patrícia, precisaria ser feito durante a madrugada, para manter sigilo. Os momentos de prova foram tensos. Ela estava amamentando a filha, que na época estava apenas com nove meses, e precisou do apoio do marido para não desistir no meio da prova.
"Ele foi quem fez a minha segurança, me ajudou muito. Foi ele que me deu força e não me deixou desistir, e me ajudava a controlar o tempo, me dava muito incentivo, me ajudava a me alimentar, apesar de eu ter conseguido me alimentar muito pouco, porque você fica sem fome, e hidratar também que é o mais importante", conta Patrícia, que sofreu com as dores e com as poucas chances de ir ao banheiro.
"Eu fui ao banheiro apenas duas vezes, durante esse tempo foi um intervalo muito, muito rápido, e eu tinha um tempo de descanso muito pequeno, entre um bloco de tentativas e outro. Eu fazia entre 20, 30, 35 subidas e descansava, então era muito exaustivo. Tive que lidar com um cansaço extremo, com dores muito extremas, que eu nunca tinha passado", conta.
A prova terminou por volta de 6h. Desde então, Patrícia lidou com a angústia pela demora no reconhecimento do recorde. Mas neste ano, chegou a tão sonhada notícia. Um e-mail informava que o nome de Patrícia Antunes estava registrado na história de recordistas mundiais.
"Na hora em que eles me mandaram o e-mail falando que tinha sido reconhecido, eu chorei muito. Primeiro porque é um reconhecimento imenso. Um livro muito histórico, muito clássico da nossa humanidade e também pelo esforço todo que foi. Eu não queria ter aquele esforço perdido. O sentimento é de vitória, e de representação, de estar representando as mulheres, as mães, num momento de tanta fragilidade você buscar essa força lá de dentro e dar conta de fazer o negócio", afirma.
Competidora profissional desde 2013, Patrícia já participou de torneio de escalada na Europa, em vários países, Chile, Equador e Brasil.