Os conflitos entre Irã e Israel já afeta diretamente o cenário esportivo internacional. Com voos suspensos, centros de treinamento fechados e competições canceladas, atletas dos dois países enfrentam uma rotina de incertezas. A instabilidade também compromete o início da preparação para os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028.

Em Israel, o estado de emergência decretado pelo governo interrompeu atividades esportivas e restringiu deslocamentos. Segundo a imprensa internacional, cerca de 50 integrantes das seleções de vôlei masculino, feminino e de praia estão no exterior, sem previsão de retorno. Enquanto isso, a federação busca apoio para custear a permanência prolongada das delegações.

No judô, apenas parte da equipe israelense conseguiu embarcar para o Mundial, em Budapeste, e, por isso, medalhistas olímpicas como Inbar Lanir e Raz Hershko, dois dos principais nomes da delegação, permaneceram em Israel e ficaram fora da competição. A ausência representa perda de pontos no ranking e, consequentemente, pode interferir no posicionamento para os torneios do ciclo olímpico.

Já no atletismo, a recordista Adva Cohen perdeu a chance de competir em Paris após o cancelamento do campeonato nacional em Israel e também devido à impossibilidade de deixar o país. Situação semelhante atinge atletas da vela, da natação e da esgrima, segundo a imprensa internacional.

Por questões de segurança, algumas delegações foram orientadas a evitar símbolos israelenses em competições. Houve registro de atletas se inscrevendo sob bandeiras de outros países. Em uma regata na Polônia, competidores foram impedidos de deixar o hotel e perderam provas decisivas.

Competições adiadas ou canceladas

Eventos programados em solo israelense também foram suspensos. Os Jogos da Macabeia, que reuniriam atletas judeus de todo o mundo a partir de julho, foram oficialmente adiados para 2026. O Comitê Olímpico de Israel tenta viabilizar treinos em centros parceiros no exterior até a normalização da situação.

No Irã, o impacto atinge de forma diferente. A seleção masculina de vôlei estreou na Liga das Nações em meio aos ataques aéreos, durante a etapa do Rio de Janeiro. Derrotada por Estados Unidos, Brasil e Eslovênia, a equipe iraniana demonstrou tensão nos bastidores. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram atletas acompanhando as notícias do país entre uma rodada e outra da competição.

Segundo especialistas, a manutenção do conflito entre Israel e Irã deve impactar a participação de atletas em torneios previstos para as próximas semanas, incluindo campeonatos mundiais de natação, vela e ginástica. Até o momento, as federações acompanham o avanço da situação para definir ajustes no calendário e nas condições de preparação.

Iranianos não podem competir contra israelenses

Além do contexto atual, o Irã mantém uma política que desde 1979 impede atletas de enfrentarem adversários israelenses. A restrição já forçou desistências e simulações de lesões em torneios internacionais. O caso mais conhecido é o do judoca Saeid Mollaei, que abandonou o Mundial de 2019, pediu asilo na Alemanha e passou a competir pela Mongólia, conquistando a prata em Tóquio. Outro atleta, Vahid Sarlak, também deixou o país após episódio semelhante. A Federação Iraniana de Judô foi suspensa por quatro anos por conta da prática.

A interferência do governo iraniano sobre o esporte se estende a eventos e transmissões. Em 2016, uma partida entre Irã e Coreia do Sul pelas Eliminatórias da Copa foi mantida para a véspera da celebração de Ashura, apesar de protestos. Já em 2019, o comentarista Adel Ferdosipour foi retirado do ar após críticas à gestão esportiva.

*Com agências