A final feminina do US Open 2025, disputada na tarde deste sábado (6), tinha tudo para ser uma batalha sobre força mental. De um lado, a número 1 do mundo, Aryna Sabalenka, que vinha desmoronando em finais de majors e outros grandes torneios, desfeita pela própria frustração.

De outro, a 9ª melhor do ranking, Amanda Anisimova, de feridas ainda sensíveis após ser atropelada em sua primeira final de Grand Slam, contra Iga Swiatek, em Wimbledon, onde sofreu um duplo 6-0 em menos de uma hora.

No fim, prevaleceu Sabalenka, campeã do torneio também em 2024, por 2 sets a 0, com parciais de 6-3 e 7-6 (3). É o quarto título de Grand Slam da belarussa, que venceu o Australian Open em 2023 e 2024.

Com o teto do Arthur Ashe Stadium fechado, devido a uma chuva torrencial que atingiu a região do Queens, em Nova York, o apoio da torcida recheada de celebridades a Anisimova, nascida no estado vizinho de Nova Jersey, ecoava, mesmo entre reclamações da jovem tenista de 24 anos.

As duas trocaram golpes poderosos ao longo da partida de 1h 34min, mas Anisimova sofreu mais com o serviço e pecou muito nos erros não forçados, que foram mais numerosos que os seus muitos winners. Foram 22 bolas vencedoras da americana ante 13 da belarussa, mas 29 erros não forçados, contra apenas 15 da campeã.

Sabalenka ganhou o primeiro set em 38 minutos, depois de sair na frente com a primeira quebra, ceder o empate, ficar atrás por um game e se recuperar. Chegou a ensaiar deixar a frustração borbulhar à superfície no quinto game, mas reencontrou seu equilíbrio e levou a parcial.

No segundo set, a belarussa saiu na frente novamente e administrou a vantagem até abrir 5 a 3. No nono game, Anisimova confirmou seu serviço com convicção, e no décimo, arrancou o empate, arrastando a etapa até um tie-break.

No desempate, a americana se antecipou demais nas devoluções e seu serviço a abandonou, com muitas duplas faltas. Sabalenka abriu 6-1 e encerrou a partida no terceiro match point, em 7-3. O histórico de encontros diretos entre as duas agora está em 6 a 4 para Anisimova.

Esta foi a terceira final de Grand Slam da temporada para a belarussa de 27 anos, que só não alcançou a etapa final em Wimbledon, ao perder na semifinal justamente para Anisimova. As americanas, aliás, foram a criptonita da número 1 nos outros torneios mais importantes do ano. Na Austrália, onde defendia o bicampeonato, foi derrotada por Madison Keys na final. Em Roland Garros, na França, parou em Coco Gauff.

A final marcou a 100ª vitória de Sabalenka em Slams. "Acho que não lutei o bastante pelos meus sonhos hoje", disse a vice-campeã na cerimônia de entrega dos troféus, após chorar copiosamente em sua cadeira ao final da partida. "Fico impressionada pelos seus feitos", afirmou à adversária antes de agradecer à torcida e à sua equipe pelo apoio.

"Todas aquelas lições difíceis fizeram esta valer a pena", comemorou Sabalenka. Em um recado a Anisimova, afirmou: "Eu sei o quanto dói perder uma final [...], mas, garota, você vai se divertir ainda mais quando ganhar". A belarussa ainda celebrou ter sentido mais apoio da torcida do que em anos anteriores. "Estou super animada para voltar no ano que vem."

Além do troféu, a campeã levou um cheque de US$ 5 milhões (cerca de R$ 27 milhões), enquanto a vice embolsou US$ 2,5 milhões (R$ 13,5 milhões).


Para chegar à final, Sabalenka teve caminho tranquilo --perdeu apenas um set, ante dois da adversária--, derrotando Rebeka Masarova, Polina Kudermetova, Leylah Fernandez e Cristina Bucsa. Nas quartas de final, ganhou uma folga inesperada com a desistência de Marketa Vondrousova, que enfrenta um problema no joelho.

Jessica Pegula, outra americana, bem que tentou complicar a vida da belarussa na semi, mas caiu em três sets, mesmo tendo perdido apenas quatro pontos no próprio serviço na última etapa. A número 1 esbanjou winners e se aproveitou do excesso de erros não forçados da adversária.

Já Anisimova chegou à sua segunda final consecutiva de Grand Slams após derrotar Kimberly Birrell, Maya Joint e Jaqueline Cristian, antes de despachar a brasileira Bia Haddad Maia nas oitavas de final. Nas quartas, pôde vingar a dolorida derrota da final de Wimbledon ao passar em sets diretos por Swiatek. Após a vitória, deu crédito à terapia e contou ter reassistido a trechos da partida na Inglaterra, para evitar cometer novamente os erros do passado.

Na semifinal, encarou Naomi Osaka, outra tenista em recuperação e que, como a número 9, tirou um período fora do circuito para tratar da saúde mental. Em 2023, Anisimova se afastou das quadras por oito meses, para lidar com um burnout. Na quinta (4), despachou a japonesa em três sets, anulando seu forte saque.
Neste domingo (7), às 15h, Jannik Sinner e Carlos Alcaraz disputam a final masculina do torneio. ESPN, Disney+ e SporTV 3 exibem a partida.