Nas areias

Beach tennis ‘herda’ ex-atletas de outras modalidades

Serginho, campeão mundial de vôlei com o Sada Cruzeiro, é um dos craques que hoje se aventuram nas areias com a nova modalidade

Por Débora Elisa
Publicado em 24 de fevereiro de 2023 | 05:00
 
 
 
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Os esportes de areia, como o beach tennis, vêm se tornando os queridinhos dos brasileiros nos últimos anos. No período pós-pandemia, segundo a Confederação Brasileira de Tênis, foi estimado um crescimento de mais de 150% nos praticantes da modalidade. 

A prática vem, inclusive, herdando atletas que já fizeram história em outras áreas esportivas. O líbero Serginho, que conquistou nada menos que nove títulos da Superliga e ainda foi três vezes campeão mundial com a camisa do Sada Cruzeiro, é um dos que encontraram nas areias uma forma de continuar ligado à prática esportiva. Depois da carreira longa no vôlei, agora joga e dá aulas de beach tennis na capital mineira.

“Comecei a praticar na pandemia. Eu voltei da Europa e estava há um tempo sem fazer nada, com tudo fechado. Eu não queria mais fazer musculação e não gosto muito de correr, então fiquei tentando me encaixar em alguma atividade física prazerosa. Foi quando o beach tennis surgiu na minha vida. Até hoje continuo praticando e tentando evoluir”, contou Serginho, que é só um dos ex-atletas de outros esportes que agora se aventuram na areia.

Um outro atleta conhecido dos torcedores mineiros é Rafael Moura, o ‘He-Man’, ex-jogador do Atlético. Sem clube no futebol, vem participando de torneios no beach tennis. Mas a lista ainda é muito mais extensa.

“Neste Carnaval estive com o Jair Amintas em João Pessoa. Ele é um garoto que jogou comigo, foi o meu líbero reserva no Minas na ocasião, e hoje é um dos que estão despontando no beach tennis. São vários atletas que estão jogando também, como o Dentinho, Dante, Paula Pequeno, Michelle Daldegan, Erika Freitas do vôlei de praia. Tem muita gente do vôlei praticando este novo esporte”, contou Serginho.

De praticante a professor, o ex-líbero explica que a explosão de novos atletas do beach tennis vem abrindo também uma oportunidade de mercado para os que querem se profissionalizar. “Fiz alguns cursos de capacitação para entender este novo esporte e o meu contexto nele. Ainda sou aluno. (Um tempo atrás) Comecei a identificar uma lacuna em relação à quantidade de praticantes e o número de professores no mercado. Como é algo prazeroso para mim, por que não surfar essa onda? Comecei a evoluir, busquei me capacitar e uni isso com a gestão de arenas, que era algo que eu já estava fazendo”, contou Serginho.

Novo espaço para ‘descanso’ do corpo

Luis Basile, campeão mundial, número 1 do ranking e conhecido por ser ‘O Cara’ que trouxe o beach tennis para Belo Horizonte, comenta que são vários motivos para o crescimento da modalidade. Um deles é a facilidade de aprender, algo que motiva muito os novos praticantes.

“É um esporte muito fácil. As mulheres acabam gostando muito, por exemplo. Na academia, 70% do nosso público é feminino. Elas começam a gostar, formar turmas e ter encontro de turmas jogando beach tennis. A pandemia também ajudou muito. As pessoas procuravam locais abertos, com poucas pessoas e sem contato com outras pessoas e acredito que isso deu uma acelerada. Em BH sempre teve esse apelo do pessoal que gosta de praia, gosta de viajar e isso também ajuda”, comentou Basile.

E quanto aos ex-atletas, o multicampeão entende que o BT é uma prática que, além de gostosa, força menos o físico. “O esporte de alto rendimento exige muito do corpo. Atletas estão sempre jogando contundidos ou tomando remédios para conseguir render o que rendiam. Quando esses se aposentam, acabam vendo o beach tennis como um esporte que exige menos do físico, a quadra é menor, pode ser em dupla, etc. Eu, por exemplo, tenho 44 anos e fui campeão mundial com 43. Fui número 1 do mundo pela primeira vez em 2019 quando tinha 41 anos. É um esporte com uma longevidade maior e os atletas que acabam de sair de um ciclo profissional vêm pra cá”, analisou Basile.

“O atleta profissional tem uma rotina estafante e, quando ele sai, se ele para de fazer uma atividade, ele pode até entrar em depressão. O beach tennis é muito inclusivo, as pessoas conseguem jogar, se adaptar e vêem aquilo de uma forma lúdica e profissional”, concluiu o craque.

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