Vôlei de praia

Entrevista: Gigante mineira, Ana Patrícia mira Tóquio-2020

Ana Patrícia Ramos é a atual líder do ranking olímpico de vôlei de praia, ao lado da parceira Rebecca

Por Daniel Ottoni
Publicado em 26 de maio de 2019 | 03:00
 
 
 
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Aos 21 anos, a mineira de Espinosa Ana Patrícia Ramos é a atual líder do ranking olímpico de vôlei de praia, ao lado da parceira Rebecca. Com 1,93 m, tem a altura como aliada para encarar e surpreender algumas das melhores duplas do planeta.

Bastou pouco tempo no vôlei de areia para chegar um convite para integrar a seleção, deixando claro um potencial cada vez mais lapidado. Depois de resultados expressivos em torneios de base, Ana Patrícia agora dá as caras entre as profissionais, deixando claro que vai chegar ainda mais longe pelas quadras do mundo afora.

Você apareceu jogando handebol nos Jogos de Minas, certo?

Sim. Fui convidada para fazer um teste quando estava defendendo Janaúba pelos Jogos Escolares.

Como foi o convite para ir para Betim?

Em 2013 fui convidada para fazer um teste com o professor de vôlei Giuliano Sucupira. A ideia era participar de uma “peneira” com foco no vôlei.

Ficou receosa em sair de casa e ficar longe da família?

Sempre sonhei em ser atleta. Não fiquei pensando no fato de que precisaria ficar longe dos meus familiares. Eles sempre me apoiaram, e isso fez muita diferença na caminhada.

Inicialmente você queria jogar vôlei de quadra?

Sempre fui apaixonada por esportes e achava, para ser sincera, que seria jogadora de futebol. Quando tive o primeiro contato com o vôlei de praia, fiquei dividida. Meu coração pendeu para a praia, pela liberdade e movimentação. É um esporte em que você sempre está em contato com a bola e isso fez com que eu criasse gosto pela modalidade.

O que fez a diferença para você ver que vôlei de praia era melhor?

O que fez o vôlei de praia ganhar um lugar no meu coração foi a liberdade que ele dá, de viajar o tempo todo. Sou ‘fominha’, e o vôlei de praia nos faz participar do jogo a todo momento.

Qual a influência do Sucupira na sua evolução?

Ele plantou a semente de que era possível realizar o sonho, que tudo que queríamos conquistar era possível. Minha gratidão é enorme. Ele não só me dizia isso, como demonstrava, sempre correndo atrás e batalhando do meu lado.

Quando percebeu que poderia evoluir e representar o Brasil em torneios?

Logo no meu primeiro ano em Betim, fui convocada para alguns treinamentos com a seleção de base. Foi onde encontrei meu atual treinador, o Reis. Partiu dele o convite para ir para Fortaleza. Quando tive oportunidade de representar o Brasil nos Jogos Olímpicos da Juventude, cresceu em mim a crença de que podia dar certo. O ouro que conquistei nesse torneio me fez ver isso de uma forma ainda mais clara.

Quem te ajudou neste caminho e mostrou que era possível?

Algumas pessoas foram fundamentais, como o Giuliano Sucupira. Minha família foi mais do que importante, e o Reis, meu atual treinador, é espetacular. Ele e o Sucupira têm uma característica muito marcante de falar que nosso sonho é possível. Isso ajuda muito.

O que essa experiência em Fortaleza trouxe de novo?

Essa mudança contribuiu bastante para o meu amadurecimento. Eu nunca tinha saído de Minas Gerais, de perto dos amigos e da família. Tive que me adaptar a uma realidade diferente. Isso trouxe coisas valiosas para o meu amadurecimento.

O ideal no vôlei de areia é manter-se ao lado de uma dupla pelo maior tempo possível, certo?

É importante. É um esporte dinâmico, e o bom desempenho depende de entrosamento e química com a parceira. Quanto mais tempo e afinidade com o parceiro, maiores são as chances de conquistar grandes resultados.

Qual a característica ideal para encaixar com o seu jogo?

Esse encaixe é muito importante. O que faz a diferença é a afinidade, a união e a alegria que temos. Isso se reflete em quadra. É uma energia que faz nosso jogo ser irreverente.

O que dizer sobre estar brigando diretamente pela vaga olímpica?

Estamos muito focadas. Entre todos os que estão brigando pela vaga, nosso time, talvez seja o que tenha menos experiência. Queremos chegar longe e sabemos o caminho que precisa ser feito. É uma grande alegria estar participando do processo. Independentemente do resultado final, a experiência que iremos adquirir será muito importante no futuro.

Existe uma ligação especial com a China? Por que acha que se dá bem quando joga lá?

Foi o primeiro local onde conquistei uma medalha de ouro em um torneio internacional. Temos que tentar tornar especiais todos os lugares em que vamos jogar. Tenho um bom retrospecto na China e espero que isso siga acontecendo, mas não podemos nos prender a isso. Espero que muitos outros lugares especiais apareçam na carreira.

Fica imaginando o momento quando confirmar vaga para as Olimpíadas ou quando vai estar presente nos Jogos?

O espírito do time é pensar que não teremos vida fácil e que daremos o nosso melhor. Temos muitos planos para nossa carreira, não só pensando nas próximas Olimpíadas, como em outras. Será preciso muito trabalho e dedicação para ir longe.

O torneio em Hamburgo, valendo vaga em Tóquio 2020, será o mais importante da sua carreira?

Todos os torneios, a partir de agora, serão importantes. A Copa do Mundo também vai contar pontos na corrida olímpica. Não sei dizer se este torneio é o mais importante. É um presente poder participar, chega para coroar toda a temporada que fizemos até aqui. Estamos pensando em um por vez, todos são importantes e contam pontos.

O nível será mais alto ou parecido com as últimas competições de que participou?

Teremos praticamente os mesmos times pela frente. A diferença será o nome do campeonato, talvez com outro peso. Temos que esperar jogos difíceis, nível alto e sem jogo fácil. Estamos nos preparando muito para isso.

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