Até o momento, a Copa do Mundo de Clubes da FIFA tem sido uma grande vitória do futebol brasileiro. Os quatro times que representam o país estão invictos na disputa e lideram suas respectivas chaves. O Flamengo já está garantido nas oitavas, mas Palmeiras, Fluminense e Botafogo estão com classificações encaminhadas, dependendo apenas de empates ou resultados simples para cravar a vaga nas oitavas de final.
"A gente representa nosso país, mas temos também jogadores de todo o continente. Todos estão honrando suas camisas e estão cientes de que é uma grande oportunidade que estamos vivenciando. É fazer o nosso melhor, aproveitando a oportunidade de que todos estamos com saúde, jogando em grandes equipes e disputando uma competição importante", apontou o veterano goleiro Fábio, ex-Cruzeiro e um dos destaques do Fluminense.
Com vitórias impositivas sobre os europeus na última semana, os brasileiros arrancaram elogios de figuras icônicas no futebol mundial, como o multicampeão técnico Pep Guardiola, do Manchester City.
"Eu amo quando vejo o Botafogo, todos os times brasileiros e argentinos, como eles comemoram e estão unidos (...) as pessoas ficam surpresas quando os times europeus perdem. Bem-vindos ao mundo real, meus amigos", disse o espanhol, em clara mensagem ao desdém europeu com a competição proposta pela FIFA no inédito formato atual.
Não era o momento de estar na praia?
Esse descrédito do Velho Continente é sensível. Após a vitória do Flamengo sobre o Chelsea na última sexta-feira (20), por 3 a 1, no Lincoln Financial Field, na Filadélfia, a imprensa inglesa praticamente desprezou o futebol apresentado pelo clube carioca, focando em questionamentos sobre as férias interrompidas dos jogadores para a disputa do certame nos Estados Unidos.
"Neste período do ano, vocês estariam aproveitando a praia", disse um repórter ao português Pedro Neto, autor do gol do Chelsea na partida.
O jogador, por sua vez, foi polido na resposta.
"Temos de ser agradecidos por estarmos neste torneio. Há muitos jogadores que gostariam de estar no meu lugar ou de outro atleta do nosso elenco. Precisamos aproveitar", declarou Neto.
Na sequência, o repórter insistiu: "Você definitivamente quer estar neste torneio?".
O português não titubeou: "100%".
O diálogo é didático e elucida bem vários agravantes que envolvem a competição intercontinental, ao menos na visão europeia da questão.
Ninguém quer perder
Danilo, hoje no Flamengo, estava na Juventus há pouco mais de seis meses e deu sua opinião sincera sobre o tema.
"Certamente e mentalmente é um agravante, sim, os clubes chegarem no fim de temporada, nem falo da parte física, mas falo da parte mental, o desgaste mental da temporada. Entretanto, creio que quando se entra em campo, ninguém quer economizar em nada, todo o mundo quer sair vitorioso", opinou.
O certo é que a Copa do Mundo de Clubes é uma das grandes joias da administração de Gianni Infantino à frente da presidência da FIFA. E o torneio, a despeito do comportamento dos europeus, veio para ficar. O sucesso de audiência no Brasil é notório, um movimento acompanhado pela CBF, que já se antecipou para publicizar seu interesse em sediar a competição em 2029.
E o modelo, de tiro curto, é como se a FIFA tivesse retirado um sonho dos videogames para a vida real. Não à toa, o grande interesse entre os mais jovens.
Outro ponto fundamental: em meio às ameaças de monopolização do futebol, a FIFA quer democratizar o esporte e nada melhor do que uma Copa do Mundo com os melhores clubes do planeta.
"O futebol hoje é global, mas todas as receitas vão para o mesmo lugar. Um grupo muito pequeno de clubes, eu diria 10, concentram todas as chaves de serem campeões do mundo. Eu quero que 50 clubes possam ter essa chance, e pode ser 25 da Europa, mas os demais do México, do Brasil, dos EUA, da China e de outros lugares", pontuou Gianni Infantino.