No Dia do Combate à Homofobia, hoje, (17/5), a camisa 24 ainda segue sendo alvo de preconceito entre os jogadores brasileiros. Dos 451 atletas que entraram em campo nas 5 primeiras rodadas da Série A do Campeonato Brasileiro deste ano, houve uma “coincidência”. Nenhum deles usou o número em campo, conforme levantou O TEMPO Sports

Mas isso não é uma novidade no futebol nacional. O preconceito em relação à numeração no mundo da bola, no Brasil, está relacionada ao Jogo do Bicho, loteria tipificada como contravenção penal no país. O 24, neste caso, passou a corresponder ao veado, espécie animal relacionada de forma homofóbica. 

Atlético e Cruzeiro sobre a camisa 24

Sobre a restrição velada e histórica em relação à camisa 24 no futebol brasileiro, Atlético e Cruzeiro têm posicionamentos idênticos.

“A numeração de camisa é uma decisão que cabe aos atletas”, explica o Galo. “A escolha da numeração individual é feita pelos atletas, conforme a disponibilidade no momento. Não existe nenhuma restrição por parte do clube quanto à numeração 24”, observa a Raposa. 

O América foi procurado para se posicionar sobre a utilização da camisa 24, mas não retornou o contato até o fechamento desta reportagem.

Dia Internacional Contra à homofobia

O Dia Internacional Contra a Homofobia é celebrado em 17 de maio porque foi nesta data, em 1990, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) excluiu a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID).

Combate à homofobia em Copas

 

 

Crédito: NELSON ALMEIDA / AFP

Na Copa América de 2021, a ausência do número 24  motivou ação na Justiça, contra à homofobia, movida pela ONG Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT em desfavor da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Isso porque a seleção brasileira era a única equipe do torneio que não utilizava o número 24.

No Mundial de 2022 no Catar, o Brasil teve pela primeira vez em 21 edições da Copa um jogador com a amarelinha 24. Neste caso, porém, não se tratou de ativismo contra a homofobia por parte da CBF. Diferentemente dos Mundiais anteriores, a Fifa liberou a inscrição de 26 jogadores, do número 1 ao 26. 

No Catar, a camisa 24 ficou com o zagueiro Bremer, revelado pelo Atlético e atualmente na Juventus, da Itália. À época, o defensor foi abordado para falar sobre o tabu. “Para mim é uma camisa qualquer como outra, o importante é estar na Copa do Mundo, o número não importa”, resumiu.

Contra ao preconceito

Conforme levantamento do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, em 2022 houve alta de 76% em relação ao ano anterior nos casos de homofobia relacionados a futebol ocorridos nos estádios, nas redes sociais e na mídia. Os dados são do último Anuário do Observatório do Coletivo, publicado em maio do ano passado. 

Foram 74 casos registrados de homofobia envolvendo personagens ligados ao esporte (dentro e fora de campo). Em 2021, haviam sido 42. Já em 2020, época em que os estádios ficaram fechados devido à pandemia da Covid-19, foram 20.