Revelado em Cotia, base do São Paulo, o zagueiro Luizão foi negociado com o West Ham em 2022, em uma transferência que teve bastidores movimentados e um desfecho diferente do esperado. Atualmente, o zagueiro defende o Pogon, da Polônia. Em entrevista ao Lance!, o jogador relembrou sua trajetória na base do São Paulo, a polêmica saída do clube e o momento que vive no futebol europeu.
Luizão foi promovido ao profissional por Rogério Ceni, ídolo tricolor e, na época, técnico do São Paulo. Antes de embarcar para a Europa, disputou 16 partidas pelo time principal e marcou um gol, chamando a atenção da torcida pela solidez defensiva. A saída, no entanto, gerou forte repercussão na época.
A polêmica teve dois focos: o valor considerado abaixo do esperado e o curto tempo em que o clube segurou Luizão no elenco. Ainda assim, ao relembrar sua formação em Cotia, o defensor falou com admiração e gratidão.
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O contrato com o West Ham foi assinado em outubro de 2022, quando o defensor ainda tinha vínculo com o Tricolor até o fim de 2023. O clube inglês levou o jogador por um valor abaixo do esperado e o time paulista não conseguiu "trucar" com uma boa proposta de renovação, o que gerou insatisfação nos bastidores e críticas de parte da torcida, que via potencial em Luizão para render mais esportivamente e financeiramente ao clube.
— Foi um momento muito importante na minha vida. Me ajudou no amadurecimento como atleta e como pessoa. A base do São Paulo é histórica na formação de jogadores, e estar lá foi um privilégio. Vivenciar aquela rotina e toda a estrutura de Cotia contribuiu muito para o meu crescimento — contou.
— Eu não esperava tanto. Quando joguei a Copinha em 2022, tive uma lesão no rosto nas oitavas de final, fiquei fora do restante da competição e parei por um mês. Quando voltei ao Sub-20, vivia uma fase de incerteza, com menos de um ano de contrato restante. Já existiam sondagens para um possível empréstimo, mas antes que qualquer decisão fosse tomada, participei de um treino do Sub-20 contra alguns reservas do profissional. Fui muito bem, e o Rogério Ceni gostou. Ele me promoveu ao time principal — completou.
Luizão não esconde o carinho pelo São Paulo, clube que o revelou e abriu portas para o futebol internacional. Ao mesmo tempo, reconhece que a saída deixou marcas, tanto nele quanto na torcida. Em tom sincero, o zagueiro falou sobre o vínculo com o Tricolor, os bastidores da transferência e a relação com o clube após a ruptura.
O respeito permanece, mas Luizão foi direto: houve situações internas que o incomodaram e entende a mágoa que parte da torcida ainda guarda.
— Em relação ao São Paulo, existe um respeito muito grande. Mas aconteceram coisas dentro do clube que me chatearam demais. Também sei que minha saída deixou a torcida magoada. Acredito que, hoje, falar sobre o São Paulo se tornou uma zona perigosa por tudo o que aconteceu. Quanto ao Brasil, tenho vontade, sim. Estou aberto a possibilidades. É o meu país, sinto falta daqui às vezes, mas também sou um cara que tem a maior intenção de jogar, independentemente de onde for — revelou ao Lance!.
Passagem pelo West Ham
Mesmo que a passagem pelo West Ham tenha gerado expectativas e repercussão, foi curta e sem o impacto desejado. Ao chegar ao clube inglês, Luizão encontrou um cenário desfavorável: o técnico David Moyes tinha pouca abertura para trabalhar com jogadores mais jovens. Com apenas 20 anos na época, o zagueiro chegou a atuar com as categorias de base, sem espaço real no elenco principal.
Em fevereiro deste ano, o defensor foi transferido para o Pogon Szczecin, da Polônia. A mudança marcou um recomeço no futebol europeu. No novo clube, Luizão enfrentou um período de adaptação e dificuldades iniciais, mas conseguiu se firmar como titular na reta final da temporada. Agora, vive boa fase e se diz mais preparado para os desafios da carreira.
— Foi importante para reaparecer no cenário. Quando cheguei ao Pogon, precisei me adaptar, mas isso não demorou. Tive alguns problemas internos no início, mas consegui terminar a temporada como titular. Quero provar meu valor, mostrar que posso atuar em alto nível. Antes de sair do Brasil, estava em ascensão. Hoje me sinto um jogador melhor do que há três anos: mais maduro, mais experiente. Tenho como meta voltar a ser reconhecido esportivamente — contou.
Recentemente, Luizão esteve no Brasil para visitar. Agora, retorna à Polônia para mais uma etapa da carreira. O Pogon disputa a Ekstraklasa, a primeira divisão do futebol polonês.