A briga entre torcedores de organizadas do Cruzeiro, registrada no entorno do Mineirão, na última quarta-feira, antes do jogo da equipe celeste contra o Flamengo, pela Copa Libertadores, expôs um sério problema que, aparentemente, passa despercebido pelas autoridades.

Se já não bastasse a violência por si só, ela está recebendo uma munição ao menor alcance dos baderneiros. A venda de bebidas em garrafas de vidro nas imediações das principais praças esportivas da capital – não só na Pampulha, mas também no estádio Independência, no Horto – viro uma potencial arma em momento de tensão e conflito entre torcedores.

No incidente de quarta-feira, “choveram” garrafas para todos os lados, um policial ficou ferido, atingido por um objeto cortante, e torcedores ficaram acuados nas grades. Os recipientes, normalmente em tamanho long neck (355 ml), são, em sua grande maioria, vendidos por ambulantes nos arredores dos estádios.

A venda de bebidas em garrafas tem sido até mais comum do que as latinhas. Dentro das arenas, a comercialização de cerveja e refrigerante se dá em copos plásticos, justamente, por questão de segurança.

Na final da Copa do Brasil entre Cruzeiro e Flamengo, no Mineirão, no ano passado, a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) divulgou que recolheu oito toneladas de garrafas de vidro no entorno do estádio. Na ocasião, 56 mil torcedores foram ao jogo, público um pouco maior do que os quase 53 mil que estiveram na Pampulha na última quarta.

Em reuniões para definir os detalhes dos jogos especificamente para o Horto, atendido pelo 16º Batalhão, a Polícia Militar exige que a venda de bebidas em garrafas não seja praticada. “A Polícia Militar solicita a proibição da venda de bebidas alcoólicas em vasilhames de vidro no entorno da Arena Independência”, diz o texto das atas.

Para o Mineirão, área do 34º Batalhão, não consta esse pedido formal sobre garrafas de vidro, mas há a solicitação de apoio à Guarda Municipal para o combate a flanelinhas e os comércios ilegais. Procurada ontem, a corporação não se posicionou sobre o assunto até o fechamento desta edição.

Restrições

Segundo o Grupo de Fiscalização da Ordem Pública da Guarda Municipal, apenas as barracas instaladas no entorno têm regulamentação da prefeitura para trabalhar na região. "E quem está regulamentado não vende garrafas de vidro. No caso dos ambulantes, a Guarda Municipal atua para coibir a venda ilegal e os materiais são apreendidos", afirmou a Guarda Municipal, em nota.

Aconteceram apreensões de mercadorias de ambulantes na quarta-feira, mas a quantidade não foi divulgada. Segundo a Secretaria Municipal de Segurança e Prevenção, os produtos apreendidos recebem uma identificação e vão para um depósito da prefeitura. Procurada, a assessoria de comunicação do Ministério Público (MP) não conseguiu um retorno da Promotoria nesta quinta-feira para se pronunciar sobre o assunto.