Atitude

Vini Jr.: o porta-voz mundial da luta contra o racismo no futebol

Vini Jr virou um exemplo de luta contra os ataques sofridos em campo por ele e por diversos outros jogadores durante partidas de futebol nos estádios

Por Gabriel Moraes
Publicado em 04 de agosto de 2023 | 10:39
 
 
 
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O governo federal divulgou uma série de medidas para combater o racismo nos estádios e no esporte. As situações de impacto mais recentes envolvem atitudes racistas contra o atacante do Real Madrid e da seleção brasileira, Vinicius Júnior. Como uma espécie de porta-voz sobre o tema, Vini Jr virou um exemplo de luta contra os ataques sofridos em campo. 

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“O problema é gravíssimo e comunicados não funcionam mais. Me culpar para justificar atos criminosos também não. Não é futebol, é desumano”, desabafou Vini Jr. após o último grande ataque racista, sofrido em uma partida entre Real Madrid e Real Madrid e Valencia, em maio deste ano.

O brasileiro chegou a ser expulso na partida, situação que foi revertida após a repercussão da discrepância de tratamento da LaLiga, que organiza o Campeonato Espanhol, sobre o assunto. 

O caso ganhou as manchetes mundiais, e a CBF promoveu, em junho, jogos e até amistosos da seleção brasileira, com a bandeira: ‘com racismo não tem jogo’. O Brasil, pela primeira vez na história, jogou com uniforme preto, reforçando a luta. 

O fato aconteceu no primeiro tempo do jogo entre Brasil e Guiné, amistoso vencido pelos sul-americanos por 4 a 1, na Espanha.
A ação recebeu apoio da Federação Internacional de Futebol (Fifa), tendo o seu presidente, Gianni Infantino, visitado a concentração da seleção e conversado com o presidente da entidade brasileira, Ednaldo Rodrigues, e Vinicius, a portas fechadas. 

“É muito significativo o Brasil jogar de preto pela primeira vez. Só tomei essa decisão porque o caso requer atitudes extremas. Eu quero cada vez mais a CBF e as seleções conectadas com os assuntos pertinentes ao mundo atual”, afirmou Rodrigues.

Sobre seu protagonismo à frente da causa, Vini Jr. é bem claro. “Era necessário ter alguém para seguir firme e cada vez mais diminuir o racismo. Eu quero seguir pelos jovens e todas as pessoas que sofrem não têm a mesma voz que eu. Sempre trabalhei calado, hoje tenho a força para lutar por um assunto muito importante”, disse. 


Mesmo assim, outro fato lamentável

Nada disso impediu mais um caso lastimável no local, outra vez, envolvendo Vinicius Júnior, camisa 10 da amarelinha atualmente. Um amigo e assessor do jogador denunciou um segurança da arena de racismo.

Segundo Felipe Silveira, de 27 anos, ele estava entrando no estádio quando um funcionário tirou uma banana do bolso e disse a ele, em espanhol: “Levanta os braços, essa é a minha pistola”. Jornalistas no local flagraram a fruta no bolso do homem. A polícia foi acionada, porém, até o momento, não há informações sobre punição.

"Enquanto eu jogava com a já histórica camisa preta e me emocionava, meu amigo foi humilhado e ironizado na estrada do estádio. O tratamento foi triste, em todos os momentos duvidaram da cena surreal que aconteceu. Para deixar tudo público, pergunto aos responsáveis: onde estão as imagens das câmeras de segurança?", escreveu Vini nas redes sociais.

Punições

Em janeiro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 14.532, que tipifica a injúria racial como crime de racismo, que já era considerado delito no país, pela Lei 7.716, de 1989. O Regulamento Geral de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para 2023 indica punição a casos de discriminação, que pode variar de uma advertência até a perda de pontos.

Apesar de haver uma impressão geral a respeito de impunidade no âmbito de crimes raciais, as principais entidades desportivas possuem regras sobre isso. Sem contar, claro, com a Constituição Brasileira, que passou por mudanças recentemente com o novo governo.

CBJD

No caso do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, está prevista a suspensão de até cinco jogos e multa, caso seja alguém ligado diretamente ao esporte. Se for alguém de fora, pode haver suspensão de frequentar os eventos mais multa. Se os infratores forem mais de um, como torcedores, o time pode ser punido com perda de pontos.

Conmebol

A Confederação Sul-Americana de Futebol estabelece que, em seus torneios, se houver qualquer insulto contra a dignidade, o transgressor será suspenso por, no mínimo, cinco partidas ou dois meses. Se o infrator for um torcedor, o clube também está sujeito a punição.

Fifa

No caso da maior entidade futebolística do mundo, a Federação Internacional de Futebol deixa claro em seu estatuto e no Código de Ética que esse tipo de comportamento discriminatório é proibido.

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