A noite desta terça-feira, no Teatro Bradesco, no Rio de Janeiro, certamente foi muito especial para Jackie Silva, primeira brasileira a ganhar um ouro olímpico, ao lado de Sandra Pires, em Atlanta 1996, no vôlei de praia. Na 20ª edição do Prêmio Brasil Olímpico, ela foi homenageada duplamente. 

Jackie subiu ao palco por estar na primeira lista de atletas que abriram o Hall da Fama do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Além dela, entraram no seleto grupo a ex-companheira Sandra Pires, o ex-maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima e o ex-velejador Torben Grael. Depois, foi a vez de ser agraciada com o prêmio Adhemar Ferreira da Silva, que leva o nome do ex-atleta do salto triplo e que enaltece valores olímpicos como coragem, espírito e liderança e eficiência.

Com a segunda estatueta na mão, Jackie desafabou, antes de pedir igualdade entre homens e mulheres, uma batalha que lhe apresentou consequências há mais de 30 anos. "Em 1986, o vôlei foi o primeiro esporte a ser patrocinado, com anúncios na camisa dos times. Foi algo muito importante pra época. O esporte, finalmente, seria financiado. Mas ali aconteceu algo estranho. Somente os homens seriam remunerados. Fui contestar e não tive resposta. Como protesto, joguei como a camisa do lado avesso. Fui cortada da seleção brasileira e banida do país", lembra.

O futuro lhe abriu portas nos Estados Unidos, quando construiu carreira de sucesso no vôlei de praia, antes de voltar ao Brasil justamente na véspera dos Jogos de 1996, quando o esporte lhe foi grato pelo ouro. "As punições poderiam ter acabado, mas algumas coisas seguiram acontecendo como nunca tersido chamada pra trabalhar, ter sido desclassificada e chamada de atleta rebelde e polêmica. Minha vida sempre foi pra frente e este prêmio representa o conserto disso tudo, de todas as injustiças que sofri. Daqui em diante, queria muito que nenhuma mulher fosse punida por agir desta forma", completou, antes de ser aplaudida momento mais marcante da noite.

*O repórter viajou a convite do COB