O Campeonato Brasileiro de 2003 marcou a estreia do formato por pontos corridos e teve um protagonista absoluto: o Cruzeiro de Vanderlei Luxemburgo. Com um elenco forte, futebol envolvente e vitórias emblemáticas, o time mineiro dominou a competição do início ao fim. Mas foi no dia 19 de novembro, diante de mais de 50 mil pessoas no Mineirão, que a torcida celeste teve certeza de que o título era só questão de tempo. O Lance! relembra Cruzeiro 3 x 0 Grêmio no Brasileirão 2003.
Cruzeiro 3 x 0 Grêmio no Brasileirão 2003: o grande jogo da Raposa
Naquela noite, o Cruzeiro recebeu o Grêmio em partida válida pela 42ª rodada do Brasileirão e aplicou um sonoro 3 a 0 no adversário. O placar foi construído com autoridade ainda no primeiro tempo, em uma atuação de gala comandada por Alex, o craque da equipe, e finalizada com gols de Wendell, do próprio Alex e de Mota. Com o resultado, a Raposa chegou a 89 pontos e ficou com mais de 99% de chances matemáticas de levantar a taça.
Do outro lado, o Grêmio vivia um momento turbulento. Lutando para fugir da zona de rebaixamento, o técnico Adílson Batista surpreendeu ao escalar um time improvisado, com Carlos Miguel e Caio, dois jogadores que não haviam treinado como titulares durante a semana. A estratégia não deu certo: o Cruzeiro liquidou a fatura nos primeiros 40 minutos e ainda forçou o adversário a trocar dois titulares no intervalo.
A vitória foi uma das mais emblemáticas da campanha celeste, que terminaria com 100 pontos conquistados, 31 vitórias e o título nacional confirmado duas rodadas depois. Para os gremistas, restou o sentimento de frustração e a dura realidade de que a luta contra o rebaixamento seria ainda mais difícil. Relembre agora os detalhes de Cruzeiro 3 x 0 Grêmio no Brasileirão 2003, o jogo que colocou a taça nas mãos da Raposa.
O primeiro tempo perfeito da Raposa no Mineirão
Apesar do favoritismo do Cruzeiro, a expectativa era de um jogo mais equilibrado. O Grêmio, embora irregular, ainda lutava para escapar da parte de baixo da tabela e precisava pontuar. Adílson Batista, então técnico do Tricolor, manteve segredo sobre a escalação até momentos antes da partida — mas surpreendeu negativamente ao montar uma equipe desentrosada e sem ritmo coletivo.
Durante os 25 primeiros minutos, o Grêmio até conseguiu conter a pressão cruzeirense e teve alguns lampejos ofensivos. No entanto, a organização e o talento do time de Luxemburgo começaram a pesar. Aos 27 minutos, Alex cobrou falta na área, a zaga gremista hesitou entre fazer a linha de impedimento ou acompanhar o lance, e Wendell apareceu sozinho para cabecear e abrir o placar: 1 a 0.
Sem tempo para reagir, o Grêmio sofreu o segundo golpe logo na sequência. Aos 29, em novo cruzamento para a área, Baloy cortou mal e a bola sobrou limpa para Alex, que dominou com categoria e bateu forte no ângulo: 2 a 0. O gol foi um dos mais bonitos da campanha, destacando a técnica refinada do camisa 10, que naquele ano viveu um dos melhores momentos da carreira.
Aos 40 minutos, veio o terceiro do Cruzeiro. Em nova falha defensiva do Grêmio, Baloy e Márcio dividiram de cabeça e deixaram a bola viva na grande área. Mota, livre, apenas desviou para marcar o terceiro gol da Raposa e praticamente encerrar a disputa. Era o reflexo de um time confiante, técnico e extremamente eficaz. A torcida já cantava o título nas arquibancadas.
Grêmio tenta reagir, mas não fura a defesa cruzeirense
No intervalo, Adílson Batista reconheceu os erros de escalação e sacou Carlos Miguel e Caio, colocando Marcos Paulo e Cláudio Pitbull para tentar mudar o panorama. O Grêmio voltou mais organizado e conseguiu ensaiar uma pressão no início da segunda etapa, com algumas boas chegadas ao ataque e bolas alçadas na área.
Mas o sistema defensivo do Cruzeiro, liderado por Cris e Edu Dracena, mostrou por que era um dos menos vazados do campeonato. O goleiro Gomes ainda fez três defesas importantes, garantindo o zero no placar para o adversário e selando mais uma vitória com autoridade no Mineirão.
Roger, que completava 500 jogos com a camisa do Grêmio, lamentou o desempenho da equipe. “Precisamos ter mais atenção. Sabíamos da força do Cruzeiro”, declarou. Adílson, por sua vez, assumiu a responsabilidade: “Falhamos justamente no que treinamos. Vamos ter que corrigir isso”.
Ficha técnica: Cruzeiro 3 x 0 Grêmio – Brasileirão 2003
Data: 19 de novembro de 2003
Local: Estádio Mineirão, Belo Horizonte (MG)
Público: 50.289 pessoas
Árbitro: Edílson Soares da Silva
Gols:
- 27’ 1T – Wendell (Cruzeiro)
- 29’ 1T – Alex (Cruzeiro)
- 40’ 1T – Mota (Cruzeiro)
Cruzeiro: Gomes; Maurinho, Cris, Edu Dracena, Leandro; Augusto Recife (Zinho), Maldonado, Wendell (Felipe Melo), Alex; Márcio Nobre (Aristizábal), Mota
Técnico: Vanderlei Luxemburgo
Grêmio: Eduardo Martini; Anderson Lima, Baloy, Roger, Gilberto; Emerson (Elton), Tinga, Carlos Miguel (Marcos Paulo), Caio (Cláudio Pitbull); Christian
Técnico: Adílson Batista