Coronavírus

Coronavírus: Cancelar o Mineiro? Declarar campeão? Mudar regra? FMF explica

Federação aguarda autoridades de saúde sobre coronavírus para estabelecer plano para terminar a disputa do Campeonato Mineiro ; Módulos I e II vivem situações diferentes; entenda

Por Thiago Nogueira e Pedro Abílio
Publicado em 30 de março de 2020 | 18:39
 
 
 
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A Federação Mineira de Futebol (FMF) trabalha, neste momento, para que o Campeonato Mineiro seja encerrado independentemente de quando. Os torneios de futebol estão interrompidos no Brasil e no mundo por causa da pandemia de coronavírus. Em Minas, a FMF suspendeu o campeonato até 30 de abril e não há uma previsão para a retomada das competições.

"Depende dos órgãos de saúde. Eles vão dizer se podemos continuar ou não com o futebol. Se pudermos, a prioridade é terminar nossos campeonatos, tão logo seja possível", destacou o presidente da FMF, Adriano Aro, em entrevista à rádio Super 91,7 FM nesta segunda-feira (30).

Diretor de competições da entidade, Leonardo Barbosa lembra que há muitas situações em disputa, além de definir um campeão. "Tem muita coisa envolvida: (vagas para a) Série D, Copa do Brasil. Não trabalhamos com a hipótese de não terminar. Quando? Será quando as autoridades de saúde permitirem", reforçou Barbosa, ao Super FC.

O Estadual foi interrompido depois da nona rodada. Restam duas para o fim da primeira fase, quando os quatro primeiros se classificam para as semifinais e, depois, para a final. Restam seis datas para o fim do torneio.

"A primeira fase não vamos mudar. Mas, nas fases seguintes, se os quatro (classificados) concordarem em alterar a fórmula, fazer um jogo (ao invés de ida e volta), conseguimos fazer, mas se tiver unanimidade dos envolvidos", destacou o diretor de competições.

Só é possível mudar o regulamento com a competição em andamento se houver concordância dos 12 clubes da elite. Decretar um time campeão (o América é o atual líder da primeira fase) e determinar rebaixados e classificados para Série D e Copa do Brasil, da forma como está hoje, é algo que dificilmente ocorrerá por causa de interesses alheios.

O cancelamento do Campeonato Mineiro também implica em consequência para com a TV Globo, dona dos direitos de transmissão. Em Minas, não há premiação pela classificação final no torneio. Os clubes optaram em receber as cotas pela participação, dinheiro este que já caiu nas contas das equipes. Se não puder exibir os jogos, a TV pode, em tese, exigir de volta o valor já pago ou descontar na cota do próximo ano.

Dos 12 clubes do Módulo I, oito tem calendário depois do Estadual: Atlético (Série A), Cruzeiro e América (Série B), Boa Esporte e Tombense (Série C) e Tupynambás, Caldense e Villa Nova (Série D). URT, Patrocinense, Coimbra e Uberlândia não estão em séries nacionais neste ano.

Com ou sem competições da CBF por disputar em 2020, a maioria dos times do interior fez contratos com os atletas somente até o fim de abril, quando terminaria o Mineiro. Com os torneios parados, Atlético, Cruzeiro e América tiveram condições de antecipar as férias por 20 dias (de 1º a 20 de abril), realidade bem diferente do interior.

O Patrocinense foi o primeiro a adotar uma atitude mais drástica e rescindiu com os atletas na semana passada. O clube promete recontratá-los ou buscar novos jogadores quando a competição tiver uma perspectiva de retomada. Outros clubes do interior, que já liberaram os atletas por tempo indeterminado, podem seguir o mesmo exemplo da equipe de Patrocínio, o que deve ser anunciado ao longo desta semana.

Divisão de acesso

No Módulo II, a situação dos clubes é ainda mais complicada, já que os contratos trabalhistas vão só até o fim de maio. Além disso, o regulamento limita a quantidade de atletas inscritos (30, sendo sete acima de 24 anos) e estipula prazo ( até 24 de abril, um dia antes do quadrangular final). Diante da regra, se os clubes demitirem jogadores agora, não poderão recontratar um número suficiente para colocar um time em campo depois.

"Alguns clubes pediram para flexibilizar isso. Mas, para mudar o regulamento com a competição em vigor, só com unanimidade, para evitar que entrem no TJD, para parar o campeonato depois. E não foi unânime, dois ou três clubes não concordam", ponderou Leonardo Barbosa. Na proposta aos clubes, a federação também ofereceu a isenção de taxas.

Quarto colocado do Módulo II, o Guarani de Divinópolis liberou seus atletas no último dia 19 de março. O clube pagou metade do salário dos atletas quando da liberação para que eles fossem para casa com dinheiro. No início de abril, a diretoria vai pagar a outra metade.

"Se não sair nenhuma alternativa de acordo coletivo, em abril e maio será complicado. Estamos vivendo também a expectativas dos contratos de patrocínio, maioria é comércio local e não sabemos qual será nível de inadimplência nos meses agora", explicou o presidente do Bugre, Vinicius Morais.

O Módulo II, também disputado por 12 clubes, realizou apenas seis rodadas até aqui. As equipes estão jogando entre si em turno único, com os quatro primeiros colocados se classificando para o quadrangular final, de onde sairão o campeão e o vice que sobem à elite estadual.

Se, por acaso, um clube decidir abandonar o torneio (seja no Módulo I ou no II), as consequências são duras, comprometendo o futuro da equipe nos próximos anos. O abandono de competição implica em rebaixamento, proibição de disputar outras competições da federação por dois anos e multa de até R$ 300 mil.

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