MIAMI (EUA) - A diferença, principalmente no alto nível, está nos detalhes, e Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, tem encontrado dificuldade para enxergá-los durante o Mundial de Clubes. Se Flaco López foi um acerto entre os titulares, a permanência de Mauricio entre os reservas é difícil de explicar, principalmente quando quem segue em campo é Raphael Veiga.
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Antes protagonista, o camisa 23 faz um torneio muito abaixo e, de capitão silencioso, como apelidou o próprio Abel Ferreira, passou a ser um peso difícil de carregar pelos companheiros. O campo fala, mas o treinador português parece ter dificuldades para entender o recado.
Os erros diante do Inter Miami foram diferentes dos cometidos contra o Al Ahly, mas, mais uma vez, foi necessário corrigir no intervalo. Ainda assim, o Palmeiras sai de campo classificado, na primeira colocação do grupo, e com o Botafogo pela frente.
O PSG, clube mais temido pela torcida antes do torneio começar, saiu do caminho alviverde. O problema é que os cariocas, responsáveis pela primeira derrota dos campeões da Champions League após o título, serão os adversários nas oitavas.
A classificação, até os minutos finais culposa, até deu lugar à festa da torcida com o gol de Paulinho, mas a sensação deixada no Hard Rock Stadium passa longe de ser positiva.
Paulinho e o pecado físico
Segunda contratação mais cara da história do Palmeiras, Paulinho mudou o ritmo da equipe em campo. Ao lado de Mauricio, fez a morosidade dar lugar à intensidade, aquela necessária para garantir a liderança do grupo A no Mundial.
A limitação física de 30 minutos, como o próprio Abel Ferreira explicou durante o torneio, atrapalha o planejamento alviverde e entra em choque com o discurso de Leila Pereira. A presidente, ao ser questionada sobre a chegada de atletas lesionados, foi clara ao afirmar que o clube não é departamento médico.
Lionel Messi e a arte de jogar futebol
Craque, ET, gênio, maior da história… chame como quiser, mas elogie. Reverencie. Lionel Messi joga muita bola e o tempo para vê-lo assim, inteiro, escorrendo talento a cada toque, está acabando.
Na noite de Miami, foi maestro e bússola. Recuou até a intermediária defensiva para reger o jogo com calma, precisão e a naturalidade de quem dita o ritmo sem pressa. A partida virou tango. E Messi, como sempre, conduzia.
Foram 36 ações com a bola nos pés só no primeiro tempo. Todas cuidadas, bem tratadas, com um carinho que ela não encontrou do lado palmeirense. Os três passes errados aconteceram em tentativas verticais, jogadas agudas que, mesmo sem desfecho, escancararam a fragilidade defensiva do adversário.
Com Suárez e Busquets, seus parceiros de longa data, Messi relembrou os tempos do Barcelona. Toques curtos, tabelas rápidas, movimentos sincronizados como se os anos no Camp Nou tivessem se transferido para o sul dos Estados Unidos.
O cartão amarelo, recebido no final do primeiro tempo, foi o único ponto fora da curva em uma atuação convincente. Agora pendurado para as oitavas, Messi pode ser ausência no jogo seguinte. E quem perde com isso não é só o Inter Miami. É o futebol.
Porque o espetáculo vai seguir. Mas quando Messi não estiver mais em campo, nada será exatamente igual. A bola, desacostumada a tanto afeto, vai sentir falta. E nós também.