Os Jogos Paralímpicos de Paris terão início oficialmente no dia 28 de agosto. Nesta edição, o Brasil será representado por 255 atletas com deficiência em 20 modalidades. Antes da abertura dos Jogos, parte da delegação brasileira está hospedada na comunidade de Troyes, situada na província de Champanhe, a 160 km da capital francesa, para um período de aclimatação e realização dos últimos treinos.
Na região, estão a Seleção Brasileira de atletismo, além das equipes de badminton, goalball, natação, remo, taekwondo, tênis em cadeira de rodas, vôlei sentado, tênis de mesa, canoagem velocidade e futebol de cegos.
Na Paralimpíada de Paris, a equipe de atletismo do Brasil contará com 71 atletas com deficiência e 18 atletas-guia, totalizando 89 competidores. Entre eles está Petrúcio Ferreira, de 27 anos, tetracampeão mundial nos 100m da classe T47 (deficiência nos membros superiores).
“Esta será a minha terceira participação nos Jogos Paralímpicos e estou mais ansioso do que na primeira. Cheguei aqui para me divertir e tentar conquistar mais um título para o nosso país”, afirmou o velocista do Pinheiros-SP, que sofreu um acidente com uma máquina de moer capim aos dois anos e perdeu parte do braço esquerdo, abaixo do cotovelo. Em Paris, Petrúcio competirá nas provas de 100m e 400m.
Outra atleta que defenderá sua medalha de ouro na capital francesa é a paulista Beth Gomes, de 59 anos, campeã no lançamento de disco da classe F52 (cadeirantes) nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Nesta edição, Beth competirá na classe F53 (também para cadeirantes, mas com limitações menores) e ainda tentará o pódio no arremesso de peso.
“Chego a Paris com toda a resiliência e o treinamento que foi possível realizar neste ciclo paralímpico. Estou muito bem preparada e sempre digo que, independentemente da cor da medalha, quero conquistar algo para o meu país, claro, sempre em busca da dourada. Vou para a competição com objetivos bem definidos, respeitando minhas adversárias e sabendo que elas também treinaram muito para este momento”, avaliou a paulista da Associação Santista Paradesportiva (Aspa-SP), diagnosticada com esclerose múltipla em 1993.
Brasileiros do taekwondo tem sede de pódio
Após sair das Olimpíadas de Tóquio 2020 com três medalhas, a Seleção Brasileira de taekwondo ampliou sua equipe para os Paralímpicos de Paris. Favoritos ao pódio, os paulistas Nathan Torquato, campeão na categoria até 61kg, e Débora Menezes, medalhista de prata na categoria acima de 58kg, buscam repetir os feitos do evento paralímpico do Japão. A paraibana Silvana Fernandes, que conquistou o bronze na categoria até 58kg, também está de volta para tentar novos triunfos.
Nesta edição, a equipe será reforçada por mais três atletas: Claro Lopes (até 80kg) e Ana Carolina de Moura (até 65kg), ambos de Minas Gerais, e Maria Eduarda Stumpf (até 52kg), do Rio Grande do Sul, que farão suas primeiras participações nos Jogos.
“O Brasil está chegando forte nestes Jogos Paralímpicos. Somos potência em muitos esportes e no taekwondo também. Fomos campeões em Tóquio e esperamos ser em Paris de novo”, comentou Silvana, que lidera o ranking mundial em sua categoria.
“Posso dizer que chego mais tranquila, porque lá em Tóquio eu estava muito imatura, havia apenas dois anos que eu estava no taekwondo. Agora já são cinco anos, venho de uma carga boa de treinamentos e competições e isso só me ajuda a chegar confiante nos Jogos Paralímpicos”, completa Silvana.
Sonho da primeira medalha
A Seleção Brasileira de badminton paralímpico cresceu desde os Tóquio 2020, onde a modalidade fez sua estreia no programa paralímpico e teve apenas o paranaense Vitor Tavares, da classe SH6 (baixa estatura)l. Agora, além do atleta de 25 anos, que retorna aos Jogos com o sonho de conquistar a primeira medalha olímpica para o badminton brasileiro.
"Eu evoluí bastante entre Tóquio e Paris, tanto fisicamente quanto tecnicamente e mentalmente. Estou mais amadurecido como atleta. Ganhei muita experiência e aprendi a lidar melhor com as situações e enfrentar meus adversários da maneira correta", comentou Vitor, do Clube Curitibano-PR, que tem hipocondroplasia congênita, conhecida popularmente como nanismo.
A experiência de Vitor será crucial para os outros dois integrantes da Seleção. O paranaense Rogério Oliveira, expressou como o apoio de Vitor tem sido fundamental para sua estreia nos Jogos Paralímpicos. "Ele tem me dado dicas valiosas e me ajudado a ficar mais tranquilo. É incrível viver tudo isso. Já disputei os Jogos Parapan-Americanos, onde conquistei duas medalhas de ouro – em simples e duplas mistas – em Santiago 2023. Estou no badminton há 12 anos e estou determinado a dar o meu melhor para alcançar a primeira medalha olímpica para o Brasil", disse Rogério, da classe SL4 (deficiência nos membros inferiores). Rogério sofreu um acidente na infância que resultou em um encurtamento de 8 cm no fêmur direito.
A brasiliense Daniele Souza, 31, da classe WH1 (cadeirantes), também é estreante em uma edição dos Jogos Paralímpicos. Ela afirmou estar com um misto de sensações às vésperas do megaevento. “Começamos trenando muito forte e, depois, diminuímos o ritmo. Fui campeã parapan-americana na chave de simples e vou entregar o meu melhor em Paris em busca de um bom resultado”, concluiu a atleta, que teve uma infecção hospitalar quando nasceu e, aos 11 anos, apareceram algumas manchas por seu corpo. A infecção atingiu a sua coluna e causou paraplegia.