O paraibano Wilians Araújo, 32, chega às Paralímpiadas de Paris em busca de um ouro inédito em sua carreira no judô. O atleta, que é líder do ranking mundial na classe J1 (cegos totais), é também o atual campeão mundial entre os pesos pesados (acima de 90 kg). Em sua quarta participação, o brasileiro já subiu ao pódio nos Jogos do Rio 2016, onde conquistou a medalha de prata. Em Londres 2012, ficou em quinto lugar e, em Tóquio 2020, acabou surpreendido logo na estreia e terminou em nono. O megaevento esportivo começa oficialmente no dia 28 de agosto. 

Apesar da experiência, Wilians Araújo considera que o ciclo atual é totalmente novo, principalmente após as mudanças nas regras no início de 2022, que separaram atletas cegos totais daqueles com baixa visão. Até então, eles lutavam entre si – Wilians, aliás, perdeu na estreia em Tóquio para o cubano Yordani Fernandez Sastre, um atleta B3 (que conseguem definir imagens) na ocasião. Desde a alteração, o paraibano colecionou vitórias. Além do título mundial em 2022, ganhou ainda seis ouros, uma prata e um bronze em etapas de Grand Prix da Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA, do inglês).

“Foi um ciclo realmente maravilhoso. Subi no pódio em todas as competições disputadas. De 48 lutas, venci 44. Achei que o ápice havia sido no Rio 2016, mas Deus me reservou esta nova fase. Ser campeão mundial, ser campeão dos Jogos Mundiais. É trabalhar bastante a cabeça agora; não estou lesionado. Diferentemente de Tóquio, quando vinha de uma cirurgia, neste ciclo não tive lesões graves. A gente treina a vida inteira por um dia desses. No Rio, pude participar de uma final. Agora, acho que estou bem próximo da medalha de ouro”, disse o atleta, que perdeu a visão aos 10 anos em decorrência de um acidente com tiro de espingarda de chumbinho.

Novas regras e novos talentos

A mudança fundamental na regra do judô paralímpico de 2022 acabou provocando o surgimento de novos nomes promissores na Seleção Brasileira. Nesta edição, por exemplo, dos 15 judocas convocados para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, nove são estreantes na competição internacional.

Uma das novatas que chegou com tudo no ciclo foi a potiguar Rosi Andrade, 27, primeira colocada do ranking mundial e terceira do ranking paralímpico. Campeã parapan-americana no Chile, no ano passado, a judoca conquistou o bronze em sua estreia em Mundiais, em Baku 2022, o ouro no Pan-Americano da IBSA 2022 e colecionou ainda três ouros, três pratas e dois bronzes em etapas de Grand Prix da IBSA.

“A mudança da regra foi ótima para mim e para outros atletas J1, que podem disputar de igual para igual. Fico muito feliz com a evolução desde a primeira competição. Conseguir me manter na maioria dos pódios me deixa muito orgulhosa e, com certeza, servirá de motivação lá em Paris”, explica Rosi.