Após uma cerimônia de abertura história, as disputas das Paralimpíadas 2024 começam oficialmente nesta quinta-feira, 29 de agosto. O mega evento promete ser um marco histórico, repleto de superação, inclusão e excelência esportiva. Com 279 competidores, entre atletas e guias, o Brasil projeta mais de 80 medalhas e recorde de ouros no torneio.

Os números refletem a estabilidade do trabalho construído no esporte paralímpico no Brasil, já que no esporte Paralímpico, a deleção verde-amarela é considerada uma das maiores potências. Inclusive, é figurinha carimbada no top 10 do quadro de medalhas desde Pequim 2008, com o nono lugar, Londres 2012 em sétimo, Rio 2016 em oitavo e Tóquio 2020, novamente, em sétimo. Na história dos Jogos Paralímpicos, o país já conquistou 373 medalhas (109 de ouro, 132 de prata e 132 de bronze), ou seja, está a 27 do seu 400º pódio no evento. 

“A meta é que o Brasil deve atingir entre 70 e 90 medalhas no total em Paris. Acredito muito que vamos ficar nesse patamar, conquistando um pouco mais de 80 medalhas. Será histórico para o Brasil”, projeta o vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Yohansson do Nascimento.

Em Paris-2024, o Brasil é favorito ao topo do pódio, em pelo menos oito modalidades. Os destaques são: Gabriel Bandeira (natação S14), Yeltsin Jacques (atletismo T11), Petrúcio Ferreira (atletismo T37), Mariana D'Andrea (halterofilismo), Beth Gomes (atletismo F53), Fernando Rufino (canoagem), Andreza de Oliveira (bocha BC2), Willians Araujo (Judô), seleção masculina de goalball, futebol de cegos. 

A delegação brasileira de atletismo em Paris 2024 será a maior já enviada pelo país para uma edição dos Jogos Paralímpicos. Na modalidade, o Brasil conta com muitos atletas bem posicionados nos rankings de suas provas, o que os torna grandes candidatos à medalha de ouro. Entre os destaques estão Thiago Paulino (arremesso de peso F57), Walisson André (200m T64), Ariosvaldo Paré (100m T54), Edson Cavalcanti (200m T37), Alessandro Rodrigo (arremesso de peso F11), Wanna Brito (lançamento de clavas F32), Thalita Simplício (200m T11), Lorraine Gomes (400m T12), Debora Oliveira (salto em distância T20), Antonia Keyla (1500m T20) e Eduardo Pereira (arremesso de peso F34).

Além do atletismo, a natação paralímpica brasileira se destaca como uma das mais fortes do mundo, e o judô também está entre as modalidades que mais conquistaram medalhas nas Paralímpiadas. 

Para Paris 2024, o Brasil tem chances de medalhas nas piscinas com talentos, como Gabriel Araujo, que competirá em três provas na classe S2, e Carol Santiago, que participará de três provas na classe S12. O revezamento 4x100m misto S14 também é uma grande aposta.

Outros atletas em destaque são Debora Carneiro, nos 100m peito S14, Cecília Araújo, nos 50m livre S8, e Samuel Oliveira, nos 50m borboleta S5.


Brasil é o país do futebol paralímpico

No futebol para cegos, o Brasil é hegemônico nas Paralimpíadas. Desde que a modalidade passou a integrar o programa dos Jogos, em Atenas-2004, a seleção brasileira nunca perdeu um jogo e conquistou a medalha de ouro em todas as edições. Em busca do hexa em Paris-2024, a seleção carrega consigo o favoritismo, e o técnico Fábio Vasconcelos está otimista: “A seleção está muito bem preparada. A gente sabe que tem adversários à altura, mas esperamos fazer uma grande competição e, quem sabe, levar um ouro para o nosso país”.

“Temos um grupo experiente, que já ganhou duas, três, quatro medalhas. Eu tenho a felicidade de estar nas cinco. Estou indo para a terceira como treinador, mas é o que falo: não dá para viver do passado. A gente ganhou as cinco, mas não teve uma delas que foi fácil. Essa não vai ser diferente. Todo mundo quer ganhar do Brasil, tirar a hegemonia, mas a gente teve uma preparação muito boa”, completa.

 

Destaques da delegação do Brasil nas Paralímpiadas

  • Gabriel Bandeira (natação S14)

Gabriel Bandeira começou a competir na natação convencional aos 11 anos, mas após enfrentar dificuldades para evoluir, foi diagnosticado com uma deficiência intelectual. Em 2020, fez sua estreia na natação paralímpica e quebrou quatro recordes brasileiros logo em sua primeira competição. No ano seguinte, superou seis recordes das Américas, consolidando-se como um dos principais nomes da natação paralímpica do Brasil.

  • Yeltsin Jacques (atletismo T11)

Yeltsin Jacques, atleta que nasceu com baixa visão, conquistou a medalha de ouro na prova dos 1.500m da classe T11 (atletas cegos) e o bronze nos 5.000m no Mundial de Atletismo em Paris, realizado em julho. Yeltsin descobriu o atletismo enquanto auxiliava um amigo cego em corridas. Ao treinar junto com ele, desenvolveu uma paixão pelo esporte, iniciando sua carreira nas Paralimpíadas Escolares em 2007.

Nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020, Yeltsin protagonizou uma emocionante vitória na prova dos 5.000 metros da classe T11, conquistando a medalha de ouro após uma ultrapassagem decisiva na última curva e estabelecendo um novo recorde continental com o tempo de 15min13s76. Esta vitória marcou sua primeira medalha em Jogos Paralímpicos e também a primeira do Brasil no atletismo em Tóquio 2020. 

Ainda em Tóquio, Yeltsin conquistou sua segunda medalha de ouro ao vencer a prova dos 1.500 metros da classe T11, quebrando o recorde mundial com o tempo de 3min56s60. Essa conquista também ajudou o Brasil a alcançar a histórica marca de 100 medalhas de ouro na história dos Jogos Paralímpicos.

  • Petrúcio Ferreira (atletismo T37) 


O velocista Petrúcio Ferreira, 27, nascido no Rio Grande do Norte, mas radicado na Paraíba. Tetracampeão mundial nos 100m da classe T47 (deficiência nos membros superiores). Natural da Paraíba, ele perdeu parte do braço esquerdo em um acidente com uma máquina de moer capim aos dois anos de idade. Apesar disso, sempre foi muito rápido, o que chamou a atenção de um treinador durante suas partidas de futsal. Em 2019, Petrúcio tornou-se o atleta paralímpico mais rápido do mundo, registrando 10s42 nos 100m. 

  • Mariana D'Andrea (halterofilismo)

Mariana D’Andrea é a atual campeã paralímpica na categoria até 73kg, além de ser campeã mundial e líder do ranking. Com esses títulos, Mariana desponta como favorita ao ouro em Paris. 

 

Beth Gomes (atletismo F53) 

Beth Gomes, aos 59 anos, foi ouro em Tóquio e é tricampeã do lançamento de disco F53 (que competem sentados). A atleta diagnosticada com esclerose múltipla em 1993 enquanto jogava vôlei, demorou a aceitar a doença. Encontrou no basquete e no atletismo um novo caminho no esporte e hoje é dona do recorde mundial e feitos históricos no lançamento de disco.

  • Fernando Rufino (canoagem)

Conhecido como o "Cowboy de Aço", Fernando Rufino foi ouro nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 e campeão mundial. Sua trajetória combina as raízes sertanejas com a intensidade das competições esportivas. Nascido em Itaquiraí, Mato Grosso do Sul, Fernando superou desafios desde cedo. Após ser atropelado por um ônibus e perder parcialmente o movimento das pernas, encontrou na canoagem um novo propósito, tornando-se campeão paralímpico na prova VL2 200m masculina.

  • Andreza de Oliveira (bocha)

O Brasil é um dos países mais tradicionais da bocha e, para Paris, o país tem tudo para subir ao pódio. Andreza de Oliveira, campeã mundial da classe BC1 é favorita para a medalha de ouro. Nascida no Recife em 2001, a atleta foi diagnosticada com a Síndrome de Leigh, uma doença neurodegenerativa hereditária rara que afeta o sistema nervoso central e é considerada característica da paralisia cerebral. Além do título mundial, a atleta conquistou a medalha de ouro no individual e por equipes nos Jogos ParapanAmericanos, em 2023 e bronze por equipes do Open Mundial, em 2019

  • Willians Araujo (Judô) 

Willians Araujo é líder do ranking mundial na classe J1 (cegos totais), é também o atual campeão mundial entre os pesos pesados (acima de 90 kg). Em sua quarta participação, o brasileiro já subiu ao pódio nos Jogos do Rio 2016, onde conquistou a medalha de prata.