Bia Ferreira perdeu para a irlandesa Kellie Harrington na semifinal do boxe feminino até 60 kg das Olimpíadas de Paris 2024 e levou a medalha de bronze para casa neste sábado (3). No entanto, isso não é motivo para tristeza. Ela se tornou a primeira pugilista brasileira a conquistar duas medalhas no boxe olímpico - a primeira foi a medalha de prata nas olimpíadas de Tóquio em 2020.
Numa reedição da final de Tóquio 2020, em que Bia foi derrotada e ficou com a medalha de prata, Harrington venceu por pontos (decisão dividida, 4-1).
"Queria ser campeã e me despedir com chave de ouro. Talvez não fosse para ser isso, mas Deus tem outros planos. Não foi dessa vez, mas tenho uma missão no boxe e vou completá-la. Se eu pudesse voltar no tempo faria tudo outra vez", afirmou em entrevista após a luta.
A brasileira, campeã mundial da Federação Internacional de Boxe (IBF), ficou com o bronze porque no boxe olímpico não há disputa pelo terceiro lugar. Bia compartilhará o terceiro lugar no pódio com Wu Shih Yi, de Taipei. A pugilista foi derrotada por Yang Wenlu na semifinal, chinesa que protagonizará a decisão com Harrington na próxima terça (6), às 18h08 (de Brasília).
Ela também elogiou a rival, afirmando que a irlandesa "é uma atleta muito esperta", e pediu que os brasileiros continuem apoiando os atletas após as olimpíadas.
"Não acompanhe o atleta só no momento de vitórias. Tem momentos de muita luta e é importante apoiar todos os atletas em todos os momentos", reforçou.
Duas feras e um ringue
Bia lutou sob forte pressão da torcida. Os irlandeses eram maioria na Arena Nord Paris e vibraram com a atual campeã olímpica. O início de luta foi favorável a Harrington. A irlandesa foi mais precisa em seus golpes, especialmente durante o primeiro minuto do assalto. Bia tentou aumentar o ritmo e conseguiu evoluir no fim do round, mas acabou derrotada na parcial: quatro juízes deram vitória por 10 a 9 à medalhista de ouro em Tóquio.
Bia se recuperou no segundo round. A brasileira não permitiu que a irlandesa tomasse o controle da situação e lutou com ainda mais agressividade. A atleta venceu assalto equilibrado na decisão de três juízes, deixando a decisão para os três minutos seguintes.
Ambas conseguiram contatos fortes na cabeça da rival. O assalto final teve momentos de alternância. Bia novamente demonstrou mais urgência, porém a vontade pareceu se converter em afobação em alguns momentos. Harrington, que chegou a fazer gesto provocando a rival, ganhou o round de forma unânime.
O caminho rumo ao bronze
A trajetória de Bia teve início com uma vitória tranquila e por unanimidade sobre a americana Jajaira Gonzalez, nas oitavas de final. O primeiro contato no rosto da brasileira se deu apenas no terceiro assalto, e a classificação aconteceu de forma incontestável.
Já nas quartas, Bia precisou superar o "jogo sujo" da adversária. A holandesa Chelsey Heijne ficou na defensiva, tentando agarrar os braços da brasileira para evitar a sequência de golpes. A brasileira, porém, soube ser paciente e venceu os dois rounds iniciais.
No último, aplicou um forte cruzado de direita para espantar qualquer dúvida quanto ao resultado, garantindo a vaga para as semifinais.
(Com informações da AFP e Folhapress)