Se um não vai tão bem, o outro corresponde com títulos e boas apresentações. Nos últimos anos, tem sido esta a rotina de Marcelo Melo e Bruno Soares, dois dos maiores duplistas do tênis internacional. Os mineiros seguem mantendo uma rotina de apresentações no mais alto nível para colocar o nome do Estado e do país nos lugares de destaque. O último feito veio com Bruno Soares, que foi campeão do Masters 1000 de Cincinatti (EUA) ao lado do escocês Jamie Murray.

Bruno e Marcelo somam, juntos, quatro conquistas de Grand Slams, feitos que os colocam entre os principais duplistas da atualidade e favoritos para o US Open, último Grand Slam da temporada. Na chave de simples, no qualifying, o Brasil será representado por Guilherme Clezar, Rogério Dutra Silva, Thiago Monteiro e Beatriz Haddad Maia, no feminino.

“O tênis mineiro vive um grande momento em função dos feitos do Bruno e do Marcelo. Desde quando o Guga parou, não tínhamos jogadores disputando finais e conquistando títulos. Cada um já soma dois Grand Slams, ganharam Masters 1000 e isso fez a modalidade se manter em evidência”, comenta Hugo Daibert, técnico de Bruno Soares. “Nós temos orgulho em defender Minas Gerais, sempre fazemos questão de dizer que somos de Belo Horizonte”, destaca Marcelo.

O fato de estarem, há cinco anos, entre os melhores do mundo, deixa muito claro que as posições não vieram por acaso. Em 2016, Bruno chegou a vice-liderança do ranking. Entre 2017 e 2018, Marcelo Melo totalizou 56 semanas no lugar mais alto, um recorde entre os tenistas brasileiros.

Para o US Open, Bruno e Marcelo, com suas respectivas duplas, estão entre os grandes favoritos para seguirem fazendo bonito. A ideia é ir o mais longe possível para tentar fechar a temporada com chave de ouro no Finals, que acontecerá em Londres com a presença das oito melhores duplas do mundo. “Este título em Cincinatti veio em boa hora. Estou muito feliz de a gente ter conseguido encaixar sequência de vitórias. Estamos confiantes e queremos manter este embalo e ritmo de jogo. Vamos com tudo para o US Open”, destaca Bruno Soares.

Ele aponta um caminho que muitos sabem, mas poucos conseguem ter a eficiência para estar entre os melhores por tanto tempo. “Nada supera o trabalho. São anos de dedicação para manter a longevidade e o alto nível. Ao longo do tempo, se adquire maturidade, experiência e confiança, mas o trabalho fala mais alto do que isso tudo. Ele contribui para que alguns fatores apareçam e nos ajudem a passar por momentos difíceis, ter tranquilidade para encarar as adversidades de uma forma mais positiva. Não existe segredo, é muito trabalho”, afirma.

 

Dupla tem presença efetiva na Federação Mineira

Mais do que fazer a diferença dentro de quadra, com resultados expressivos, Marcelo Melo e Bruno Soares também são ativos nos bastidores. Os dois são conselheiros da Federação Mineira de Tênis, que conta, desde o começo de 2017, com uma nova gestão, presidida por François Rahme. “Eles chegaram ao topo sem apoio algum, conhecem bem os percalços e as dificuldades, principalmente na transição entre juvenil e profissional. Eles sabem como contribuir com este processo para que os futuros atletas tenham um caminho mais fácil do que eles tiveram”, comenta o presidente Rahme. A ideia é que uma semente seja plantada para que, no futuro, a estrutura e realidade dos novos tenistas seja diferente.

“Queremos construir uma base sólida por meio de uma gestão eficiente, com foco em termos mais jogadores em nível de excelência mundial. O trabalho é a longo prazo, mas precisa ser iniciado”, completa o dirigente.

 

Entrevista

Bruno Soares

duplista brasileiro

O que faz a diferença pra conseguir o mais difícil, que é continuar entre os melhores?

Nada supera o trabalho. São anos de dedicação em nossas carreiras para manter a longevidade e o alto nível. Ao longo do tempo, se adquire maturidade, experiência e confiança, mas o trabalho fala mais alto do que isso tudo. Ele contribui para que alguns fatores apareçam e nos ajudem a passar por momentos difíceis, ter tranquilidade para encarar as adversidades de uma forma mais positiva. Não existe segredo, é muito trabalho.

Você e o Jamie chegam no melhor momento na temporada?

Certamente. Estamos confiantes. Depois de momentos difíceis na temporada, estamos em um bom ritmo de jogo. Foram dois títulos em três semanas, mas vejo 12 a 15 duplas com reais condições de título.

O que contribuiu para que você e o Marcelo Melo participassem da nova gestão da Federação Mineira de Tênis?

Depois do falecimento do último presidente, tivemos a iniciativa de tentar transformar a modalidade no Estado. Nossa ideia é dar opiniões, a Federação tem feito um trabalho fantástico. Eles já transformaram a entidade completamente em pouco mais de um ano.