No currículo, o ciclista catarinense Murilo Fischer, 39, tem participação nas últimas cinco Olimpíadas, cinco Giro D’ Itália e três Tour de France, consideradas as provas de ciclismo mais charmosas e difíceis do mundo. A experiência adquirida ao longo da carreira que passou por dezenas de países será compartilhada neste sábado (8) e domingo (9) com ciclistas amadores e profissionais de Belo Horizonte.
Convidado de honra do Peloton BH e Peloton pelo Mundo, grupo de ciclistas da capital, Murilo vai puxar o pelotão na BR–040, na saída para o Rio de Janeiro, a partir das 8h. Nessa sexta-feira (7), os apaixonados por ciclismo puderam bater um papo com ele em uma academia de Belo Horizonte.
“É muito bom poder participar desses eventos. Na verdade, é uma grande troca de experiência. A gente ensina muita coisa, mas também aprende muito porque cada uma tem uma experiência e uma história. Fico feliz em ter essa oportunidade”, diz Fischer.
O evento é gratuito e não precisa de inscrição. Quem quiser basta comparecer com uma bicicleta speed na manhã deste sábado (8) ou deste domingo (9) e se juntar ao grupo. “O principal objetivo é colocar o ciclista amador em contato com um atleta de alto nível como é o Murilo, e com isso divulgar ainda mais o ciclismo, um esporte que está crescendo muito no país. Convidamos a todos os ciclistas de BH e região para vir pedalar com a gente neste sábado e domingo”, diz Gustavo Lovalho, um dos organizadores do evento.
O grupo de hoje vai sair do tradicional ponto de encontro do Peloton BH na BR-040, em frente à Copasa e próximo ao BH Shopping, no Belvedere. De lá, eles seguirão até o condomínio Alphaville, em Nova Lima, retornando ao ponto de origem. O percurso será de 60 quilômetros. Logo após haverá confraternização em uma choperia do Belvedere. O trajeto deste domingo será um pouco mais longo, perfazendo um total de 80 quilômetros. A saída será da Avenida Luiz Paulo Franco, 413, Belvedere e eles vão até a Serra da Santa, em Itabirito. “A dedicação é fundamental para você chegar aonde você quer e realizar seus sonhos, principalmente num país que não te apoia no esporte”, diz o ciclista Murilo.
Treino. O Peloton BH é um grupo de ciclistas de Belo Horizonte e região que se reúne terça, quarta, quinta-feira e aos fins de semana para pedalar na BR–040. As saídas acontecem sempre próximo ao BH Shopping e o pelotão segue até o condomínio Alphaville e retorna à capital. No ano passado, surgiu o Peloton pelo Mundo.
De graça. Não existe cobrança de mensalidade ou taxa de inscrição para quem quiser participar do Peloton BH. O que existe é uma semestralidade opcional de R$ 195 para custear despesas como batedores que protegem e dão suporte aos atletas durante todo o percurso. Atualmente, quase 200 ciclistas participam do grupo.
Peloton pelo Mundo. O grupo nasceu em Belo Horizonte, mas já extrapolou as fronteiras de Minas. A intenção agora é pedalar fora do país e trocar experiências e desafiar limites em novos percursos e climas. No ano que vem, já estão agendadas quatro viagens. Mallorca e Girona, na Espanha, Itália e o caminho de Santiago de Compostela, também na Espanha.
Entrevista
Qual a importância de participar de um evento como este em um país que incentiva muito pouco o esporte, ainda mais o ciclismo?
O Brasil não tem cultura. Os poucos ciclistas que conseguiram destaques na Europa, e me coloco entre eles, e que têm que passar essa cultura para os que estão aqui. Quando o país não tem tradição fica tudo mais difícil. É como se fosse um indiano indo lutar sumô, por exemplo. Por isso, tenho prazer em participar de eventos como este.
Como você conseguiu ir tão longe em um esporte que é tão pouco valorizado por aqui?
Sempre busquei o que eu queria. Aí as coisas acabam ficando um pouco mais fácil. Aí eu tive a sorte que uma empresa italiana me viu competindo aqui no Brasil e me levou para a Itália. Também tive a facilidade de me adaptar bem lá e competir por 18 anos na Europa.
Pelas dificuldades encontradas aqui no Brasil, você chegou a pensar em mudar de esporte ou desistir?
Nunca pensei em mudar de esportes. Bicicleta sempre foi sonho desde criança. Toda criança joga bola e anda de bicicleta. A dificuldade maior no ciclismo é ter uma carreira longa, até pela a própria disputa. O ciclismo na Europa é uma seleção natural muito difícil. É difícil chegar e se manter. As equipes são como clubes de futebol. É difícil você ‘tomar’ o lugar de quem está lá. O mundo do ciclismo é muito pequeno e a oferta é grande.
Quando você pensa em tudo que disputou, tudo que competiu mundo afora, qual o sentimento que fica? Dá para falar em algum momento mais especial?
A maior sensação é a realização de um sonho. Eu sonhava em ser profissional e consegui. Realizei vários sonhos de competir em várias partes do mundo, em provas importantes e cinco olimpíada. Você tem duas maneiras de andar de bicicleta: a do prazer e a do esporte. Sempre tive o apoio da minha família. A bicicleta do lado esportivo exige muita dedicação, muito treino. Você tem que insistir naquilo que você quer, naquilo que você planejou, apesar de não ser fácil.