Na estreia da sua sétima participação seguida no Mundial, o Sada Cruzeiro teve um adversário a mais, indo além dos donos da casa. Diante de uma torcida apaixonada e presente, que empurra o time a todo momento, a equipe do técnico Marcelo Mendez precisaria ter uma boa dose de sangue frio para superar as adversidades que também viriam de fora da quadra. Alternando bons e maus momentos e pecando nas horas de decisão, o Cruzeiro caiu em jogo de cinco sets (23/25, 25/18, 25/23, 24/26 e 17/15).

O gosto amargo fica pela reação apresentada no quarto set e por ter feito 14 a 11 no tie-break antes de tomar a virada. "Em jogos como este, deste nível, erros são fatais. Erramos demais e só nos resta tentar aprender as lições para seguir de cabeça erguida em busca de pontos nos dois jogos que nos restam", afirmou o levantador Cachopa. 

A favor dos celestes, a má fase dos anfitriões, que ainda não encontraram seu melhor ritmo, mesmo com um alto investimento. A vice-lanterna da PlusLiga, com apenas uma vitória em oito jogos, poderia ser a deixa para os cruzeirenses começarem com o pé direito e darem um importante passo rumo às semifinais. "Estamos evoluindo, mas os resultados ainda não apareceram. Temos feito bons jogos, mas pecando em momentos decisivos e bolas importantes", analisou o levantador brasileiro Rafael Redwitz, do Resovia, horas antes do duelo. 

Fazendo, possivelmente, um dos seus melhores jogos na temporada, o Resovia comprovou seu crescimento ao exigir bastante do Cruzeiro. Depois de sair atrás, os poloneses conseguiram a virada contando com boa atuação do seu levantador, o norte-americano Shoji e com uma defesa que fez muitas bolas subirem. 

No quarto set, quando a coisa parecia já estar definida, o Cruzeiro buscou uma reação para virar a parcial e jogar toda a decisão para o tie-break, quando foi eficiente na maior parte do set. Mas quando precisou 'matar' o jogo, os mineiros pecaram e viram uma nova virada dos donos da casa aparecerem para frustrar os planos de sair vitorioso na estreia. 

Nesta terça-feira, o grupo B fica de folga para voltar com tudo na quarta-feira. O Cruzeiro encara os favoritos do Trentino-ITA, em duelo decisivo, enquanto o Resovia tem um compromisso menos complicando ante do Khatam Ardakan, do Irã. 
O JOGO
O Cruzeiro teve bom início, forçando o saque e dando trabalho para o passe polonês. Aos poucos, uma vantagem confortável foi aberta, como nos 14 a 8, contando com erros do Resovia. A principal opção ofensiva de Cachopa era o ponta Sander, correspondendo bem nas viradas de bola, usando toda sua experiência.  

Foi na passagem do francês Rossard pelo saque que a diferença diminuiu para apenas dois pontos, forçando os azuis a voltar ao desempenho anterior. A queda no ritmo de ataque do Sada fez o jogo ficar equilibrado com vantagem mínima para os visitantes na reta final da parcial. No reajuste da relação saque-bloqueio, o Cruzeiro fechou, no limite, o primeiro set para fazer sua torcida respirar alivada. 

No segundo set, o Resovia não demorou para adotar postura agressiva, com um saque eficiente e fazendo o ataque celeste oscilar. O 11 a 6 fez Marcelo Mendez pedir tempo para tentar mudar o panorama, sem sucesso. Na sequência, o bloqueio polonês cresceu ainda mais pra cima dos brasileiros, que não conseguiam sair da boa marcação. No 15 a 8, Mendez voltou a parar o jogo, gastando os dois pedidos da etapa. Sem conseguir se encontrar, o Sada viu o empate aparecer logo depois.

Precisando esquecer o set anterior para voltar ao jogo, o Cruzeiro tinha algumas prioridades a serem acertadas. Uma delas seria diminuir o número de erros. O time brasileiro viu o Resovia seguir firme nas suas ações e a troca de pontos seguiu até o 16 a 16.  Com o ataque oscilando, os azuis viram os donos da casa abrirem um 19 a 16 em momento-chave do set. Empurrados pela torcida, os poloneses viraram o jogo para pressionar o Cruzeiro em um quarto set que seria de tudo ou nada. 

O 7 a 3 no começo da parcial deve ter animado o torcedor celeste, que logo viu o time voltar a oscilar. Com dificuldade na armação e tendo trabalho na recepção, a virada polonesa veio no 11 a 10. Motivado pelo crescimento na partida, o Resovia trocou pontos até o 15 a 15, antes de abrir três pontos diante de um Cruzeiro irregular. Tirando forças quando nem todos mais acreditavam, a virada veio nos 24 a 23, fazendo a esperança voltar a aparecer no último suspiro. Em ponto de bloqueio de Cachopa, o empate veio para fazer o time ir com todas as forças restantes para o tie-break.

Mesmo já tendo garantido um ponto, quando uma situação pior poderia ter aparecido, era a hora de vencer ou vencer para o Cruzeiro. No momento mais importante do jogo, o oposto Evandro, que vinha alternando altos e baixos, mostrou seu poder de decisão. O 14 a 11 para os brasileiros fez o time ficar com uma mão e meia na vitória. Mas o jogo só acaba na última bola e ela não veio. O saque de Rossard voltou a dar trabalho para evitar uma única virada decisiva. O empate polonês veio, antes da virada improvável e de uma derrota com uma dura lição para ser assimilada em tempo recorde.