Presença constante nos últimos Mundiais, o Sada Cruzeiro vai em busca de um título inédito. Não do Mundial, já conquistado pelo time celeste em três oportunidades (2013, 2015 e 2016), mas sim dessa competição fora de casa. Estar em um novo ambiente, com temperaturas também quentes em quadra, mas bastante frias fora dela, além da ausência da torcida, que fez a diferença no tri, traz novos desafios ao time, que viu toda essa atmosfera no último ano, quando ficou com a medalha de bronze.
“Vamos entrar em todas as competições com muita gana de vencer e chegar longe. Este Mundial terá um nível mais alto ainda do que no ano passado. Não nego que tenho sonhado com essa minha participação”, comenta o levantador Fernando Cachopa, que ganhou a condição de titular nesta temporada, depois de ter ocupado a reserva nos anos anteriores.
Presentes em um grupo diante de Resovia, da Polônia, Trentino, da Itália, e Khatan Ardakan, do Irã, os cruzeirenses sabem que a missão poderia ser ainda mais complicada se comparada ao nível do outro grupo. A estreia acontecerá na segunda-feira (26), às 17h30 (horário de Brasília), contra os donos da casa, que contarão com uma fanática torcida presente para pressionar os brasileiros em uma atmosfera digna dos eventos mais importantes do planeta. O SporTV transmite ao vivo o duelo.
“Certamente, será um campeonato forte, que vai exigir uma grande preparação para jogos duríssimos. Nossa chave poderia ser ainda mais difícil, temos condições de classificar para as semifinais e começar uma nova briga a partir daí, já pensando na grande final. Estar na decisão será muito importante, precisaremos fazer uma boa preparação para chegarmos bem e conseguirmos atingir todos esses objetivos”, analisa o experiente levantador Sandro, que está de volta à maior competição de clubes do mundo. Em 2011, ele fez parte do time do Sesi-SP, que ficou na quarta posição.
Apesar de o time celeste ter demonstrado altos e baixos nos jogos do começo de temporada, o ponta Sander, que soma apenas quatro partidas com os novos companheiros, vê potencial para o Cruzeiro ir longe. “Podemos vencer todos os jogos e vamos em busca disso. A meta é sair em primeiro no grupo, mesmo sabendo que todo jogo será duro. Não podemos cair na armadilha de que um ou outro jogo será menos complicado. Estaremos diante dos maiores times de países que são referências, será preciso jogar bem para avançar”, admite.
O jogador foi uma das principais contratações do Sada Cruzeiro para a temporada ao lado do central francês Le Roux. A experiência internacional de ambos será de fundamental importância para os celestes superarem o resultado do ano passado.
Histórico celeste impõe respeito e faz adversários ficarem de sobreaviso
Mesmo chegando para este Mundial sem o mesmo status dos outros anos, até pelas importantes perdas no elenco, o Sada Cruzeiro segue sendo respeitado pelos adversários. O fato de ter conquistado três Mundiais é suficiente para o clube impor respeito e ter o reconhecimento dos rivais. Os participantes sabem bem como é complicado o caminho para se vencer o maior torneio do planeta. Diante de um histórico favorável, os times participantes do Mundial sabem bem do poderio do elenco. “Eles costumam colocar uma dose de respeito, algo que nem todos têm a capacidade”, alerta Angelo Lorenzetti, técnico do Trentino, segundo adversário celeste na competição.
Para vencer o Cruzeiro e aumentar suas chances de classificação, os iranianos do Ardakan sabem que será preciso fazer algo diferente. “Eles seguem fortes, mesmo tendo perdido atletas importantes. O Sada é um dos times mais complicados de se enfrentar, e precisaremos bolar uma estratégia especial para vencê-los”, afirma o ponta Nazari Afshar. Ex-adversário do Sada Cruzeiro na Superliga, o levantador Bruninho é o novo companheiro de ex-jogadores do técnico Marcelo Mendez, como Simon e Leal. Hoje no Lube, o armador destaca a força de vários dos jogadores azuis. “Nesta temporada, eles tiveram mais trocas que as de costume, mas se reforçaram bem com jogadores como Le Roux e Sander”, conta.
“O Evandro está entre os melhores opostos do mundo, Filipe e Serginho são experientes, e acho interessante a formação de uma dupla de levantadores como Cachopa e Sandro, misturando juventude e personalidade com muita experiência. Eles seguirão brigando para ganhar tudo”, projeta o filho do técnico Bernardinho.
Oportunidade
A temporada 2017/2018 está sendo especial para o levantador Fernando Cachopa. O jogador de 22 anos tem recebido a confiança do técnico Marcelo Mendez para comandar o time dentro de quadra depois de ser opção no banco de reservas nas últimas temporadas. Do lado de fora, Cachopa conquistou dois campeonatos Mundiais, e seu novo foco é tentar repetir os feitos, mas agora tendo uma presença efetiva dentro das quatro linhas. As oscilações naturais para quem ainda se adapta à nova posição não incomodam o jogador, que sabe do seu potencial e de como pode contribuir com o maior clube brasileiro de todos os tempos. “Estou procurando viver ao máximo cada treino e jogo, dando um passo de cada vez, com pé no chão. Estou buscando crescer e chegar melhor do que no começo da temporada. Vamos com tudo”, garante o armador, que relata ter aprendido muito ao lado de William e Nico Uriarte.
Sada Cruzeiro aproveitou bem período pré-Mundial
Campeonato Mineiro
O time celeste conquistou o décimo título de sua história, o nono de forma consecutiva, ao bater o rival Fiat-Minas na grande decisão, dentro de casa, no ginásio do Riacho, em Contagem. Depois de contar com reservas nos primeiros jogos para suprir ausências que estavam no Mundial com a seleção brasileira, o time se reforçou na fase decisiva para fazer valer o peso de sua tradição. Foram sete vitórias em oito jogos. O único revés veio para o Minas, mas não impediu a liderança ao final da fase de classificação.
Libertadores
Depois de começar tropeçando no novo torneio continental, perdendo para o Sesc-RJ, em casa, o Cruzeiro se recuperou muito bem dentro da Libertadores de vôlei. As partidas seguintes reservaram embates contra os argentinos do Ciudad Voley e do Personal Bolívar, quando duas vitórias e seis pontos foram somados. Nestas partidas, o time começou a mostrar evolução depois de algumas apresentações oscilantes, em função do começo de trabalho na temporada e também da falta de entrosamento.
Superliga
Na principal competição do país, vencida pelos cruzeirenses nas últimas cinco edições, o Cruzeiro também teve dificuldades na estreia, quando perdeu para o Vôlei Renata-SP, fora de casa, por 3 a 0. Nos jogos seguintes, foram cinco vitórias em cinco jogos para colocar o time no lugar mais alto da tabela, mesmo fazendo jogos a mais que os outros participantes. O time teve atendido pedido junto à Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para antecipar jogos em virtude de sua participação no Mundial de Clubes.
Minientrevista
Taylor Sander
ponta do Sada Cruzeiro
Contratado com a missão de substituir Leal, Taylor Sander tem evoluído a cada apresentação. Após se recuperar de lesão no ombro, ele já começa a mostrar por que é um dos melhores do mundo em sua posição.
O que dizer da oportunidade de jogar o Mundial de Clubes pelo segundo ano consecutivo, agora por um time diferente?
Será especial, e estou muito animado. As coisas têm ido bem até aqui, vai ser legal estar nesse campeonato tão competitivo, defendendo uma equipe brasileira. Não vejo a hora de chegar o momento de o torneio começar e ver como tudo vai acontecer.
Como tem se sentido desde sua chegada?
Muito bem, a recepção foi ótima, e estamos evoluindo. O povo brasileiro é muito amigável, isso ajuda na adaptação. Não só na minha, como da minha família também. Eles estarem confortáveis é algo muito importante para mim.
A estreia terá um peso mais importante por ser um confronto direto?
Todos os jogos serão extremamente importantes, e acho que temos condições de vencer todas as partidas. Estamos indo para ganhar e não pensamos em segundo lugar no grupo, mas sim na liderança. Todo jogo será forte, e não podemos ir pensando que uma partida ou outra será menos complicada. Teremos pela frente alguns dos melhores times de seus países, será preciso fazer bem a lição para avançar.
Algum sabor especial por ter, na estreia, um adversário que você conhece de longa data?
Eu e o Kawika Shoji (levantador reserva do Resovia) somos amigos de muito tempo, desde a época de seleção norte-americana. A gente ficou muito próximo, sempre passamos os verões juntos, e conheço boa parte da família dele. Será muito legal tê-lo como adversário, isso aconteceu pouco em nossas carreiras, e não vejo a hora de encontrá-lo, ao lado da esposa e da filha recém-nascida.
Vocês já se enfrentaram antes em algum momento de suas carreiras?
Não tenho certeza. Nos enfrentamos bastante nos treinos da seleção dos Estados Unidos, mas era uma situação diferente. Profissionalmente, talvez, seja a primeira vez, e estou bastante contente com essa oportunidade (As equipes dos dois chegaram a se enfrentar na última temporada, na Itália, mas Sander não entrou em quadra).
Vocês dividem muitas experiências pelo fato de serem pais de primeira viagem em períodos parecidos?
Com certeza. O Face Time é uma ‘mão na roda’ para estarmos sempre em contato. Falamos sobre como está sendo essa nova vida de pais, e é muito divertido. Estou animado para estar com ele novamente.