Do clássico ao popular

Artistas usam instrumentos tradicionais e inovam com repertório de música pop

Fora das salas de concerto e óperas, os instrumentos ganham um novo olhar do público com um som mais popular

Por Guilherme Gurgel
Publicado em 05 de agosto de 2022 | 03:00
 
 
 
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Violino e saxofone são instrumentos associados aos refinados concertos de música clássica. Mas alguns artistas vêm mostrando que há espaço para eles em todos os gêneros e para todos os públicos. Seja tocando Barões da Pisadinha, o mais novo hit de Beyoncé ou algum sucesso do Queen.
 
O violino, geralmente ligado à melancolia, é um instrumento que muita gente não espera ver agitando uma festa. Mas é exatamente essa a ideia do violinista Damian Zantedeschi, de 30 anos. Para o argentino, que mora em BH, o instrumento cabe em um velório, mas também em uma festa de música eletrônica. “Quando eu vou no interior de Minas, as pessoas ficam doidas quando me veem tocando sertanejo no violino”, comenta.
 
 
Quem também explora um lado mais popular do instrumento é o saxofonista Wellington Medina, mais conhecido como Medina Sax. Estudioso de música, o belo-horizontino acredita que a arte só tem a ganhar com a inovação. “Por eu ter crescido na periferia, a música foi tomando outras proporções, e o sax se encaixa muito bem em diversos ritmos, no pop, no funk, no piseiro”, afirma.
 
 
Happy Hour
 
Nos bares, o comum é o violão, mas foi nesse espaço que o violinista Flávio Monteiro, de 40 anos, resolveu inovar. “Quando eu tinha 20 anos, meus amigos tocavam em barzinhos, e eu comecei a acompanhá-los com o violino. No começo, fazia isso sem receber nada”, relembra o artista. 
 
Vinte anos depois, o hobby se tornou a profissão de Flávio. Hoje, ele vive da música, agitando pistas de dança e trazendo uma alegria inesperada do violino. “Foi um insight que mudou a minha vida”, conclui.
 
 
Passado
 
Mesmo que tenham escolhido explorar um lado mais moderno, os artistas concordam: o clássico também tem seu papel. “A música clássica ainda tem muito o que ensinar à gente, pelas composições e pela complexidade”, comenta Damian.
 
Gigantes da música inspiram
 
Quem serve de inspiração para Flávio Monteiro é uma das pioneiras na inovação musical: a violinista norte-americana Karen Briggs. Ela foi uma das primeiras artistas que fez com que ele percebesse um potencial pouco explorado no violino. “Eu assisti a essa mulher fazendo um duelo com um maestro e fazendo aquele som rasgado. Quando eu pegava o violino, lá no meu quarto, sozinho, tentava imitar aquele mesmo som”, relembra.
 
Para Medina Sax, uma grande referência é o músico Pixinguinha, um dos grandes precursores no país do uso do saxofone no repertório. “Na nossa música popular brasileira, esse instrumento é o símbolo do choro”, comenta. 

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