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Bando teria controle de oito bairros e conjunto habitacional

Moradores preferem o silêncio, mas a polícia acredita que alguns trabalham como informantes do grupo criminoso

Por Super Notícia
Publicado em 15 de março de 2024 | 05:00
 
 
 
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Além de execuções com extrema crueldade, os suspeitos de envolvimento na Tropa do Urso em Ribeirão das Neves, na Grande BH, costumavam “mandar recados” a desafetos e rivais. Segundo as investigações, durante os “julgamentos” no “tribunal do crime” imposto pelos bandidos, vítimas teriam sido submetidas ao “micro-ondas fake” – ameaça de ter o corpo carbonizado vivo em pneus – e também à roleta-russa – quando só existe uma munição na arma, e o criminoso puxa o gatilho com o revólver apontado para a cabeça da vítima, sem saber se ele vai disparar. Após esses ritos, a vítima era liberada, em uma forma de espalhar o terror.
 
Criado há cerca de quatro anos, o grupo criminoso seria temido na cidade. A polícia estima que os traficantes ligados ao bando tenham o controle do tráfico em pelo menos oito bairros de Ribeirão das Neves, além de um conjunto habitacional conhecido como “Carandiru”.
 
Por conta do medo de retaliação, muitos moradores evitam falar o que acontecia na casa localizada na rua Santa Filomena, no bairro Santa Paula, apontada como o cativeiro. De acordo com fontes, isso dificultou ainda mais o trabalho da Polícia Civil, já que poucas testemunhas quiseram depor contra o grupo criminoso.
 
A reportagem do Super esteve no bairro e comprovou o temor da população e a tensão em que muitos vivem, mesmo após a prisão de parte do bando. Enquanto a equipe esteve no local, vizinhos preferiram o silêncio e não quiseram comentar sobre a atuação da Tropa do Urso. Foi possível inclusive perceber moradores gravando a chegada e a movimentação da equipe.
 
Proteção
 
Uma fonte ligada à investigação disse ao Super que há moradores da cidade que atuam como informantes dos criminosos. Essas pessoas são responsáveis por avisar em grupos do Whatsapp qualquer tipo de movimentação considerada suspeita.
 
Ainda de acordo com a fonte, essas pessoas teriam ligação afetiva com os criminosos, já que todos os integrantes do grupo são nascidos e criados em Ribeirão das Neves. Dessa forma, eles passaram a ter uma “rede de proteção” para evitar possíveis incursões policiais e outras ameaças. A ação desses comparsas, inclusive, teria atrapalhado a operação da Polícia Civil que terminou com a prisão de quatro suspeitos, em fevereiro, já que teria havido uma tentativa de atrasar os policiais para que outros criminosos conseguissem fugir.
 

‘Recados’ mandados nas redes sociais

Investigações da Polícia Civil indicam que a Tropa do Urso de Ribeirão das Neves teria utilizado redes sociais para se “promover” e aterrorizar inimigos e a comunidade local. Além de filmar as torturas e os assassinatos que teriam praticado, o grupo teria enviado vídeos a rivais e até feito transmissões ao vivo dos crimes.
 
As evidências da ousadia dos criminosos têm como base o depoimento de uma vítima aos investigadores. A pessoa conta que, após ter sido torturada e liberada pelo bando, recebeu uma chamada de vídeo dos criminosos, que mostravam outras pessoas sendo agredidas. “Assisti a dois vídeos. No primeiro, era uma chamada ao vivo feita para mim. Nas imagens vi um cara todo ensanguentado no sofá. Eles estavam batendo e mandando ele abrir o celular. Depois vi dois homens amarrados na cama, na casa da tortura”, contou a vítima, em depoimento à polícia. Os dois homens seriam os que foram mortos em 15 de outubro. 
 

Análise de celulares

Segundo uma fonte das investigações, os celulares dos suspeitos presos foram apreendidos e estão sendo periciados, na tentativa de localizar imagens de possíveis crimes que possam ter sido cometidos pelo bando. Até o fechamento desta edição, nenhuma informação havia sido divulgada.
 
Locais onde a Tropa do Urso tem controle

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