Superação

Influenciadores compartilham luta contra o câncer

Para eles, o importante é ajudar e fazer diferença na vida das pessoas

Por Guilherme Gurgel
Publicado em 05 de abril de 2024 | 05:00
 
 
 
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Se, para muitas pessoas, a decisão de se tornar influenciador vem com o objetivo de ganhar dinheiro, para outras, ela surge após uma tragédia pessoal e com a intenção de ajudar outras pessoas. Assim, histórias marcadas pela dor e pela superação ganham atenção nas redes sociais como fontes de inspiração. 
 
A modelo Ezabely Lopes, de 27 anos, não foge à regra. Ela percebeu que poderia usar a internet para compartilhar sua luta contra o câncer. A jovem, que ganhou o concurso de Garota Super em 2013, hoje faz quimioterapia e mostra nas redes que a doença não diminuiu sua força nem sua beleza.
 
Em dezembro de 2023, Ezabely estava em Viçosa, interior de Minas Gerais, quando começou a perder peso e a sentir cansaço extremo, até que percebeu um nódulo no pescoço. Após uma biópsia, ela recebeu a confirmação de que tinha um câncer no sistema linfático. Passado o choque da notícia, Ezabely iniciou o tratamento e logo notou a queda dos cabelos, que sempre foram longos.
 
“Já que eu vou ter que raspar, por que não raspar e passar uma mensagem para quem está no mesmo processo que eu?”, reflete. Foi por isso que ela postou um vídeo raspando o cabelo, que fez com que a modelo virasse notícia pelo país e aumentasse o alcance de suas redes sociais. “Depois disso, eu comecei a mostrar minha rotina. Porque temos muito esta ideia de que paciente com câncer tem que ficar em casa, deitado, prostrado, esperando o tempo passar. Mas não, eu posso ter uma vida igual à de qualquer outra pessoa, só que com precauções”, afirma Ezabely, que diz ter recebido inúmeras mensagens positivas de pessoas que se sentiram mais fortes com a mensagem passada por ela.
 
Quem sabe bem sobre a realidade de um tratamento de câncer é João Carlos Rodovalho Costa, de 40 anos. Desde os 17, quando fazia natação, o atleta de Goiânia (GO) já superou o câncer cinco vezes. Em uma delas, chegou a ter a perna amputada – por isso, em suas redes sociais, ele é conhecido como “João Saci” – e, em outra, perdeu parte do pulmão.
 
Agora, além de se dedicar ao crossfit, ele começou a compartilhar sua história em palestras, em um livro que escreveu e também nas redes sociais. “Uma vez eu fui a São Paulo para conhecer uma menina que também teve câncer e passou por uma amputação. E foi um dia muito especial. Hoje ela não está mais aqui, mas o simples fato de um dia o pai dessa menina ter me mandado mensagem falando da diferença que fiz na vida da filha dele, para mim, foi grandioso”, conta.
 
“Influencer onco”
 
Acreditando no poder informativo das redes sociais, Ezabely Lopes tem buscado disseminar informações sobre oncologia nas redes. O hábito dela já rendeu o apelido de “influencer onco”. “Eu tenho conseguido um público bacana de pessoas que querem cuidar mais delas ou que precisam de mensagens de empoderamento”, afirma.
 
Everest
 
O próximo passo de João Saci é subir o monte Everest. Em 2022, ele foi até o acampamento base da montanha. Agora, “dobrou a meta”. “As dificuldades servem como ferramenta de transformação”, afirma.
 

Força para agir de forma diferente

O fenômeno da influência digital é forte porque envolve a sensação de intimidade do seguidor com o influenciador, como explica a professora de psicologia Camila Fardin Grasseli, do Centro Universitário Una. “Essa proximidade existe porque acompanhamos o influenciador de casa. As pessoas se sentem próximas deles, e isso é comprovado por pesquisa”, afirma.
 
Camila diz que essa “intimidade” ajuda as pessoas a se inspirarem em comportamentos que os influenciadores têm e pode ajudá-las em situações que elas também vivem. “As pessoas seguem porque se identificam, seja pelo conteúdo, seja pela imagem que é exposta. Isso pode ser positivo porque abre portas, faz pensar e agir de outras formas e vira inspiração”, ressalta. (Anderson Rocha)
 

Teteco diverte e conscientiza sobre a síndrome de Down

O influenciador Teteco Barros, de 19 anos, já investe no trabalho nas redes sociais há seis anos. Começando com a produção de vídeos para o YouTube, o jovem logo percebeu um caminho que poderia trilhar na internet. “Eu gravei meu primeiro vídeo, e a galera comentou que queria que eu gravasse mais”, relembra.
 
Hoje, com mais de 250 mil seguidores no Instagram, o foco de Teteco é nos vídeos de humor e no quadro “Tetecnologia”. Fissurado em eletrônicos, o jovem usa o espaço das redes para explicar novidades do mundo tecnológico. “Eu faço com muito amor. O intuito dos vídeos é trazer alegria para a galera”, explica. 
 
Além do conteúdo informativo e divertido, Teteco também encara como missão diminuir o preconceito contra a síndrome de Down. Alguns comentários maldosos incomodam o jovem. “Fazem piadinhas, não é legal, mas são a minoria. Eu ajudo os pais de crianças com síndrome de Down. É muito gratificante”, comemora.

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