Vida sexual

Saiba o que significa a fantasia sexual 'cuckold'

Mais de 30 mil mineiros são adeptos desta prática, segundo site

Por Jonatas Pacheco
Publicado em 26 de abril de 2024 | 05:00
 
 
 
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“Você mudou sua atitude e esqueceu de me avisar. Agora sei porquê há outro em meu lugar”. Ao cantar a música "Desse Jeito é Ruim Pra Mim", Belo não imaginaria que a a letra de sua autoria viraria realidade na própria vida. O casamento de 16 anos dele com Gracyanne Barbosa acabou recentemente, após a musa fitness ter admitido que traiu o marido com o personal trainer. O que pode ter motivado a separação do artista e de outros casais é motivo de prazer para outros homens.
 
E não são poucos, conforme dados divulgados pelo site Sexlog na semana em que se celebra o Dia do Corno – a data é 25 de abril. Somente em Minas, há cerca de 33 mil homens que têm prazer em ver as esposas tendo relação sexual com outros. São os chamados “cuckolds”, que somam 300 mil cadastros na plataforma.
 
Mas a prática não tem a ver com traição, e sim com relação não monogâmica, em que as partes não se relacionam de maneira exclusiva, esclarece Jordana Fantini, psicóloga clínica e terapeuta sexual: “É uma fantasia, na qual os dois têm uma parceria e confiança. Um acordo para satisfazer os desejos sexuais de ambos”.
 
Fabrício* tem relação não monogâmica com a esposa e é praticante do “cuckold”. Segundo ele, a sociedade não está preparada para lidar com isso, “principalmente em relação à mulher, que é taxada como uma pessoa que não se dá ao respeito”. “O homem é visto como corno ou com falta de masculinidade por deixar a parceira se relacionar com outra pessoa. Mas não é questão de deixar, a mulher não é propriedade do homem, ela também tem fantasias e desejos. Há muito respeito e confiança”, detalha.
 
Ele também fala que é necessária uma relação com muita honestidade. "Inicialmente, quando falei com minha esposa sobre a minha curiosidade e vontade de conhecer esse universo de casais liberais, ela não curtiu a ideia e seguimos o relacionamento normalmente. Três anos depois, tivemos outras conversas e ela perguntou se eu seguia com essa vontade. Eu disse que sim e começamos a pesquisar sobre o assunto", lembra.
 
Criadora da Universidade a Sós, plataforma de educação focada em sexualidade, a terapeuta sexual Wendy Palo acredita que estão sendo quebrados muitos tabus relacionados à sexualidade e não monogamia. “Na nossa cultura, o homem nasce ligado ao sexo, e as mulheres, não. Mas elas também têm desejos e podem falar abertamente sobre sexualidade. Estamos vivendo uma mudança cultural e entendendo os prazeres femininos”, explicou.
 
Também “cuckold”, Anderson* abriu a relação, junto com a esposa, há dez anos. “Com o tempo, percebi que meu maior prazer era ver minha esposa sentir prazer. Eu ficava alucinado. Vi que me realizava vê-la tendo prazer”, disse. 
 
Anderson reforça que a prática é voltada para a cumplicidade do casal. "O mais importante é a cumplicidade, a liberdade da esposa ser dona dela mesma, decidir com quem e quando ela quer ter algum tipo de contato. Eu adoro que ela se sinta confiante, bela e desejada. Ela exala sensualidade, uma segurança de  mulher livre mas que também é 'presa' no relacionamento que temos. A confiança fica ainda mais sólida, porque sei de todas as aventuras dela. E sempre torço para que ela se aventure mais", concluiu.
 
* Nome fictício
 
Cerca de 30 mil homens mineiros são

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