O juiz Marcelo Geraldo Lemos, da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Uberaba, no Triângulo Mineiro, repercutiu, a O TEMPO, a decisão que condenou dois adolescentes de 14 anos a três anos de internação após a morte de Melissa Campos, também de 14 anos, dentro do Colégio Livre Aprender.  A sentença foi proferida na sexta-feira (13 de junho).

“O processo está sob sigilo judicial. O que posso revelar é que ambos foram responsabilizados, visto que foram considerados responsáveis pela prática do grave ato infracional. Houve aplicação da medida socioeducativa mais severa, que é a internação pelo prazo máximo. Eles cumprirão a medida em um centro socioeducativo em regime de privação de liberdade”, avaliou o magistrado. O juiz também ponderou a celeridade em que o caso foi apreciado e julgado em apenas 35 dias.

Conforme o magistrado, a medida socioeducativa de internação tem prazo máximo de 3 anos, mas os adolescentes voltarão para sociedade apenas “quando demonstrarem condições objetivas e subjetivas de que foram de fato responsabilizados e estão aptos em conviver novamente em sociedade”. “Se necessário for, com o final do prazo de cumprimento da medida e, mesmo assim, não forem considerados ressocializados, a depender de suas condições de saúde (mediante perícia técnica) poderão ser encaminhados para outras medidas  capazes de proteger a sociedade e os próprios jovens”, afirmou.

Os pais da adolescente Melissa Campos, de 14 anos, que foi surpreendida e esfaqueada durante uma aula do 9º ano do ensino fundamental, enviaram uma nota expressando alívio, embora ainda imersos no pesar do luto pela filha. "A sentença nos traz um pouco de alívio, tendo em vista que é o máximo que poderia ser feito, considerando as leis que temos. Mas consideramos insuficiente uma medida socioeducativa de apenas três anos. É absurdo que assassinos, que agiram cruelmente, friamente, não sejam adequadamente punidos", escreveram Daniel e Rosana Campos.

O crime

O crime ocorreu em 8 de maio. Conforme registrado na ocorrência da Polícia Militar (PM), a garota estava em sala de aula quando o suspeito se aproximou, entregou uma folha com um "bilhete da morte" e, em seguida, sacou uma faca, golpeando-a três vezes. A Polícia Civil descartou bullying.

Os demais alunos da sala ficaram assustados com o ocorrido e saíram para pedir ajuda. O pai da adolescente prestou os primeiros socorros, enquanto um funcionário acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Uma equipe da unidade de suporte avançado foi ao local e constatou o óbito da menina.

O suspeito fugiu da escola após esfaquear a garota, levando a faca sua mochila. Ele foi localizado às margens da AMG-2595. Ao ser abordado, não esboçou reação e foi apreendido. Questionado sobre o paradeiro da faca, afirmou ter deixado a arma cravada em uma árvore. Os agentes foram até o local indicado e apreenderam a faca. O adolescente foi levado à delegacia de plantão de Uberaba, acompanhado do pai.

O segundo adolescente, também de 14 anos, é suspeito de envolvimento na morte de Melissa Campos e teria ajudado a planejar o ataque. Segundo a Polícia Civil, o menor foi apreendido durante mandado de busca e apreensão relacionado ao caso, cumprido no dia 9 de maio.

Nota do colégio

Logo após o crime, o Colégio Livre Aprender suspendeu as aulas por tempo indeterminado devido ao assassinato. "Neste momento de extrema dor, expressamos nosso mais profundo pesar às famílias e estendemos nosso apoio a todos os membros da nossa comunidade escolar, que estão profundamente abalados com essa tragédia", afirmou a instituição em nota de pesar.

A escola também informou que foi oferecido atendimento psicológico a todos os afetados pela tragédia. "Tomaremos todas as medidas necessárias para assegurar que nossa comunidade receba o suporte que precisa", completou a nota.