Uma quadrilha especializada em roubos de cargas transportadas por caminhões dos Correios e do Mercado Livre foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na BR-251, nos municípios de Cachoeira de Pajeú e Santa Cruz de Salinas, no Norte de Minas, nesta terça-feira (17 de junho). 

A ação, denominada de 'Cargas D'água', cumpriu sete mandados de busca e apreensão e sete intimações judiciais. Conforme a PF, as investigações, iniciadas no ano passado, tiveram como foco uma série de roubos ocorridos em 2024 na BR-251, sendo que em três deles foi possível confirmar que as cargas subtraídas foram levadas para um ponto específico da rodovia. Posteriormente, a instituição verificou que as cargas possivelmente eram encaminhadas para o distrito de Águas Altas, zona rural de Cachoeira de Pajeú. 

Como a quadrilha atuava?

Conforme a Polícia Federal, em uma das ações registradas por vídeo, o grupo ateou fogo na rodovia, usaram luz intensa para desorientar o condutor, conduziram a carreta para uma estrada de terra e saquearam a carga, "demonstrando conhecimento prévio sobre os produtos transportados". As cargas roubadas incluíam encomendas de alto valor, como eletrônicos e smartphones.

A PF também identificou indícios de envolvimento de motoristas de transporte de carga, inclusive um que, dias após o roubo no qual teria sido vítima, passou a utilizar objeto roubado da carga, o que reforça a suspeita de colaboração interna para a instituição. "Os autores utilizavam armamento variado, incluindo pistolas, revólver calibre .38 e espingardas calibre 12, além de ampla variedade de carros, caminhonetes, vans, furgões e até guinchos, ampliando a capacidade de execução e fuga", disse a Polícia Federal.

Esquema sofisticado

A PF indicou que a quadrilha é altamente estruturada e articulada, com divisão de funções, planejamento logístico e uso de técnicas para dificultar a ação dos órgãos de segurança. Os suspeitos utilizavam balaclavas, luvas, blusas de manga longa para ocultar tatuagens, lanternas de alta potência, rádios comunicadores, e até bombas incendiárias para interditar vias e obrigar motoristas a parar.

"O material apreendido será submetido à perícia e as investigações prosseguirão com a análise dos dados obtidos. Os investigados poderão responder pelos crimes de associação criminosa, roubo qualificado e receptação, cujas penas somadas podem ultrapassar 20 anos de reclusão", complementou a Polícia Federal.

Cargas D'água

Conforme a PF, o nome da operação faz alusão a esse vilarejo, local que abriga suspeitos e funciona como possível centro de recepção e redistribuição dos produtos roubados.