“Ficamos perplexos, porque ninguém imaginava”. A frase dita por um morador resume o sentimento de quem vive no mesmo prédio onde foi presa, nesta semana, a médica Gabriela Ferreira Corrêa da Costa, condenada a mais de 46 anos de prisão por participação em crimes brutais cometidos pela chamada “Gangue da Degola”. Foragida desde março de 2022, ela foi localizada em um apartamento na Vila Magnesita, no Camargos, na região Oeste de Belo Horizonte, após uma denúncia anônima.

A mulher, apontada como gerente da quadrilha, foi encontrada por policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar na última segunda-feira (30). Segundo a corporação, ela mesma atendeu à porta do apartamento emprestado onde vivia e não apresentou resistência. O boletim de ocorrência não traz detalhes sobre a abordagem.

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A reportagem do Super Notícia esteve no prédio onde a médica estava morando e ouviu moradores. A maioria se mostrou surpresa com a identidade da vizinha que levava uma rotina discreta.

“O apartamento era emprestado. A moradora avisou que uma amiga dela e o pai ficariam aqui por um tempo, mas o pai eu só vi no primeiro mês. Ela entrava e saía, não conversava com ninguém. Quem ficou sabendo do caso ficou meio assustado, mas a maioria não imaginava”, contou um funcionário do prédio, que preferiu não se identificar.

Um outro morador, filho de um dos residentes e que estava de visita há cerca de uma semana, também expressou espanto: “A gente ficou perplexo, porque ninguém imaginava. Parecia uma pessoa comum. Mas aí ontem com a prisão, pesquisamos e vimos o tamanho da ficha. Do crime hediondo, muito pesado”, disse.

Uma moradora que passeava com os cachorros disse que só soube do caso pela televisão, e que demorou a fazer a associação da moradora com o caso.

Quem é Gabriela Costa e o que foi a Gangue da Degola
Gabriela Costa foi condenada em 2015 por envolvimento em sequestros, tortura, homicídios e ocultação de cadáver. Os crimes vieram à tona em abril de 2010, quando os empresários Rayder Rodrigues e Fabiano Moura foram sequestrados no bairro Sion, em Belo Horizonte, levados para um apartamento, torturados e assassinados. Os corpos foram encontrados carbonizados em uma mata de Nova Lima, com as cabeças e dedos decepados.

A médica foi apontada como uma das principais integrantes do grupo, comandado por Frederico Flores. Segundo as investigações, ela atuava como uma espécie de gerente da quadrilha. Armas, computadores e outros materiais foram apreendidos no apartamento do líder, que servia como base da gangue.

Gabriela chegou a ser presa em 2010, mas foi solta 42 dias depois graças a um habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Sua prisão foi decretada novamente em março de 2022, com mandado válido até 2041.

Agora, com a prisão, Gabriela deverá cumprir o restante da pena. A Polícia Civil e o Ministério Público não informaram se ela será ouvida novamente ou se novas diligências serão realizadas com base no período em que esteve foragida.