Fausto Silva, apresentador, assustou os fãs com a notícia da sua internação desde maio, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para cuidar de uma infecção bacteriana aguda com sepse. Na última quarta-feira (6), ele se submeteu a um transplante de fígado e, na quinta (7), a um retransplante renal.
Para esclarecer dúvidas sobre dois transplantes em sequência, a fila do procedimento e o cuidado com a saúde mental, o pesquisador em coagulação e diretor médico na Werfen, Dr. Tomaz Crochemore, esclareceu todas as polêmicas que envolveram o nome de Faustão nos últimos dias.
O Faustão se submeteu a um transplante de fígado em um dia e, no outro, a um retransplante renal. Não são procedimentos muito delicados para um curto intervalo de tempo?
Sim, são procedimentos de altíssima complexidade, com riscos inerentes à cirurgia, à anestesia e à resposta clínica do próprio paciente. Para ocorrerem de forma segura, exigem preparo físico e psicológico, estabilidade clínica e uma equipe multiprofissional experiente. Dois transplantes em sequência só são indicados quando existe risco elevado de perda do órgão ou de vida. O intervalo curto aumenta o risco de complicações, prolonga a recuperação e exige monitoramento constante. Nessas situações, a decisão é emergencial e multidisciplinar, priorizando a segurança e as chances de recuperação.
Nas redes sociais, muitas pessoas ficaram assustadas e sem entender o fato de o apresentador ter conseguido fazer seu quarto transplante de órgão. Detalhadamente, como funciona a fila de transplantes?
A fila de transplantes no Brasil é regulamentada pela Lei nº 9.434/1997 e gerida pelo Ministério da Saúde por meio do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), em parceria com as Centrais de Transplantes de cada estado. Trata-se de uma lista única, informatizada e auditada, que registra todos os pacientes que aguardam um órgão, garantindo rastreabilidade e transparência. Essa estrutura permite fiscalização constante, evitando favorecimentos indevidos, já que qualquer alteração na lista é registrada e pode ser auditada. A classificação dos pacientes segue critérios médicos objetivos, que variam conforme o órgão a ser transplantado. Em geral, os órgãos são oferecidos primeiro a pacientes do mesmo estado ou região onde ocorreu a captação, para preservar a viabilidade (tempo de isquemia). A prioridade é dada a quem está em estado crítico, mesmo que outros estejam aguardando há mais tempo. O número de transplantes anteriores não influencia a posição na fila. Um paciente pode receber mais de um transplante ao longo da vida se houver falha ou rejeição do órgão anterior, desde que preencha novamente os critérios clínicos. No caso do apresentador Faustão, o fato de ter realizado seu quarto transplante não significa que “furou a fila”. Ele foi priorizado por condição médica grave e risco de morte, o que é garantido por lei a qualquer paciente, sendo famoso ou não.
Faustão tem 75 anos. O procedimento de transplantes de órgão varia conforme a idade?
A idade é um fator considerado na avaliação para transplante, mas não existe um limite máximo que impeça o procedimento. No Brasil e em outros países, a decisão é sempre clínica e individualizada. Em pacientes mais velhos, a equipe médica avalia com atenção a condição geral de saúde, a presença de comorbidades, como diabetes ou hipertensão, e a capacidade do organismo de suportar a cirurgia e a recuperação. Os critérios também variam conforme o órgão: por exemplo, transplantes de rim e fígado são relativamente comuns em idosos, enquanto o transplante de coração tende a ter critérios etários mais restritivos. Muitas vezes, órgãos de doadores mais velhos são preferencialmente destinados a receptores idosos, otimizando o aproveitamento e reduzindo o tempo de espera. A avaliação é feita por uma equipe multidisciplinar, que inclui especialistas da área do órgão a ser transplantado, anestesistas, infectologistas, psicólogos e outros profissionais. Eles analisam riscos e benefícios, considerando a qualidade de vida que o paciente pode ter após o transplante. Importante destacar que a idade, por si só, não reduz a prioridade na fila. A posição depende de critérios como urgência médica, compatibilidade e tempo de espera. Transplantes podem ser realizados com sucesso em pessoas idosas, embora a recuperação possa ser mais lenta e o acompanhamento, mais rigoroso.
Como o paciente presente na fila do transplante pode cuidar da saúde mental nesse momento de ansiedade e angústia?
O período de espera é um grande desafio emocional. Cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo. Algumas estratégias que ajudam são o acompanhamento psicológico ou psiquiátrico para lidar com a ansiedade e o medo; participação em grupos de apoio com outros pacientes; busca por informações de fontes confiáveis, evitando boatos; seguir rigorosamente as orientações médicas para se manter apto ao transplante; manter a rotina saudável de sono, alimentação, exercícios leves, meditação e técnicas de respiração; e contar com o apoio emocional constante de familiares e amigos.
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