O programa Gestão de Campeão: Prêmio de Excelência do Futebol Brasileiro, lançado pela Ambev no ano passado, em parceria com a consultoria a Ernst & Young (EY), apresentou os primeiros resultados dos estudos. E eles são bastante preocupantes. A iniciativa faz parte do Movimento por um Futebol Melhor e visa fomentar melhores práticas fora de campo. Foram seis pilares analisados: gestão e planejamento, administração e finanças, comercial e marketing, futebol profissional, categorias de base e sócio-torcedor, divididos em 26 tópicos com 310 itens que definirão o ranking das melhores gestões do Brasil em 2017.
Quatorze clubes participaram da pesquisa: Palmeiras, Santos, Ponte Preta, Atlético, Atlético-GO, Goiás, Juventude, Fortaleza, Ceará, Cruzeiro, Vitória, Coritiba, Flamengo e Fluminense. Em quase todos os itens, chama atenção a falta de planejamento. De acordo com o estudo, 71% das equipes não têm metas de gestão formalmente documentadas, e nenhum clube faz acompanhamento formal das metas estipuladas.
Gastos
A avaliação apontou que 93% dos times não estipulam regras para despesas de viagem, hospedagem e alimentação quando vão atuar fora de casa. Vale lembrar que parte desses gastos são bancados pela CBF ou por detentores dos direitos de transmissão, como na Primeira Liga. Outro item básico é o controle de despesas de energia elétrica, ignorado por 39% dos clubes pesquisados. Outro dado: 71% não controlam os bens patrimoniais de suas sedes ou centro de treinamento.
Pessoal
A satisfação e o bem-estar dos trabalhadores são reflexos de uma empresa equilibrada e séria. Mas nenhum clube costuma fazer pesquisa de satisfação com seus funcionários, e metade das equipes não têm política de benefícios como vale-refeição, vale-transporte ou plano de saúde. Para os jogadores que ganham salários gordos, essas “regalias” são irrelevantes, mas para os trabalhadores comuns, fazem grande diferença. Em 86% dos times, não há planos de cargos e salários.
Marketing
Alguns clubes mantém investimentos pesados na área de marketing, apostando, atualmente, no boom das redes sociais. Mas, em outros, a concentração de esforços no setor é mais acanhada ou dividida em outros departamentos. A pesquisa apontou que 64% dos clubes não buscam novos licenciados para aplicação e uso da marca, e 57% não chegam a fazer pesquisas de mercado para orientar a atuação do departamento de marketing.
Garotada
Menina dos olhos , a categoria de base pode render grandes frutos às equipes. Mas em fase de aprendizagem, não é só de bola na rede que vivem as promessas brasileiras. O levantamento mostra que 57% dos clubes não acompanham o desempenho escolar de seus atletas – e olha que, em muitas equipes, nota boa é pré-requisito para entrar em campo. Não é oferecido apoio psicológico em 64% dos clubes, e em 79% deles não há cursos de idiomas ou informática.
Sócios
O programa de sócio-torcedores tem crescido a cada dia em todos os clubes do país. Mas, para conseguir fidelizar a torcida, é preciso conhecê-la melhor. Porém, na contramão da tendência, a pesquisa mostra que apenas uma das 14 equipes pesquisadas dispõe de dados demográficos detalhados de seus associados. Conhecer a classe econômica ou o lugar onde moram os torcedores ajudaria em ações específicas para cada público.
Diretoria
Segundo o levantamento, quase 80% dos diretores não acompanham os treinos dos times profissionais e das categorias de base. Gerente de marketing da Ambev, Fred Fontes analisou os resultados da pesquisa: “Ainda que o caminho se mostre muito longo, estamos otimistas com a reação dos clubes. Todos eles estão cientes da importância da prática de uma administração sadia e abertos a nossa ajuda e da EY”, destacou.