Projeto arquitetônico

Efeito caldeirão da Arena MRV vai exigir bom comportamento de atleticanos

Distância da primeira fileira para a área de jogo é de apenas 1 m; se distância não for respeitada, estádio poderá instalar proteção mais alta; veja também a estrutura para torcida visitante

Por Thiago Nogueira
Publicado em 10 de abril de 2020 | 16:30
 
 
 
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Futuro estádio do Galo, a Arena MRV foi concebida para proporcionar a melhor experiência para o torcedor, seja ele do Atlético ou de um time visitante. Há muitas nuances previstas no projeto arquitetônico mas, para todas sejam colocadas em prática, será preciso educação e bom comportamento do públicos.

As obras do estádio já foram autorizadas, a terraplanagem deve começar nos próximos dias e a previsão é que a arena fique pronta em meados de 2022. O projeto contempla uma gama de perfis, de lounges, camarotes e espaços VIPs, para o torcedor de maior poder aquisitivo, à tentativa de se recriar uma área semelhante à antiga geral do Mineirão, sem cadeiras no setor Sul, onde ficarão as organizadas.

A Arena MRV seguirá o estilo caldeirão. As distâncias para o campo serão as mínimas sugeridas pela Fifa, com 8,5 m de distância lateral e 10,25 atrás dos gols. "Nossa proximidade ao campo é a mínima, e o nosso fechamento para a primeira fileira é de 1 m. Se isso não funcionar, obviamente, vamos fazer um fechamento mais alto na operação", pondera Klauss Câmara, da Farkasvölgyi Arquitetura.

A ideia de se fazer um setor popular, com ingressos mais baratos e sem cadeiras, é semelhante ao já adotado nas arenas brasileiras do Grêmio, em Porto Alegre, e do Corinthians, em São Paulo. Em Minas, a questão esbarra em normativas do Corpo de Bombeiros local, situação que ainda exigirá discussões com a corporação.

"Estamos em processo de enquadramento, atendendo a todos os conceitos do Corpo de Bombeiros. Isso só vai acontecer se eles acharem que é real. O espaço traz uma experiência diferente. Numa confusão, a cadeira pode ser arrancada. O uso é diferente, como a organizada se comporta, talvez com mais liberdade para pular, incentivar", explica Klauss.

Torcida visitante

Conforme prevê o Estatuto do Torcedor, a Arena MRV vai destinar 10% das entradas para os torcedores do time visitante. Há toda uma preocupação de segurança para com o torcedor adversário, o que fez com que os projetistas alinhassem normas tanto com os Bombeiros, quanto com a Polícia Militar. A torcida visitante terá um acesso exclusivo, sem contato com os atleticanos, pela rua Margarida Assis, no bairro Califórnia.

Se a ocupação não chegar a 10%, o Atlético tem a opção de flexibilizar esse espaço, oferecendo menos entradas ao torcedor adversário e ampliando a venda para seu próprio público. O que não deve mudar muito é aquela separação de torcida com a interdição de alguns lugares, por ser uma exigência da própria PM.

"A Polícia Militar se posiciona pra gente que é interessante colocar mais de uma característica agregada na segurança. Uma é a divisão física (com tapume ou grades) e a outra é o distanciamento de torcidas, uma faixa livre. Trazer essas duas alternativas é muito importante. Tirando essas cadeiras, você diminuiu o risco operacional", detalha Klauss.

A torcida adversária ficará no setor superior, na Orientação Noroeste. No estádio Independência, por exemplo, é recorrente a preocupação para que objetos do setor superior não sejam atirados no inferior, onde ficam os atleticanos.

"Estamos propondo que as três primeiras fileiras da arquibancada superior (da torcida visitante) não vão estar ocupadas, de forma que recue o torcedor. Se isso não for suficiente, aí teremos com trabalhar outros sistemas de proteção. É uma questão cultural, e não de projeto", pondera Klauss.

No Allianz Parque, o Palmeiras chegou a colocar vidros - que atrapalham a visibilidade por conta do reflexo dos raios de sol - e, depois, uma tela - que limita a visão de igual forma -, para evitar que objetos fosse atirados. A situação gerou a reclamação de visitante e o Procon de São Paulo mandou retirar o material.

Ocupação

A Arena MRV terá capacidade para 47 mil torcedores. "Quando começou, pensamos numa arena um pouco maior. Mas depois, pesquisando, para a realidade brasileira, entendeu-se que um público de 46 mil, 47 mil, seria o mais adequado, para que não fique com a sensação de estádio vazio em jogos de menor importância e possa atender uma massa de público muito grande em jogos que vão lotar. Esse número de 47 mil trará uma taxa de ocupação muito alta. Eu acho que teremos uma taxa de 70%", espera o autor do projeto , Bernardo Farkasvölgyi.

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