Galo paga multa após racismo no Mineirão e quer ser ressarcido por torcedores

O Atlético foi condenado a pagar uma multa de R$ 15 mil pelo caso de racismo envolvendo dois torcedores atleticanos e um segurança do Mineirão em novembro do ano passado, no clássico contra o Cruzeiro. O clube já pagou o valor após ser condenado, mas entrou com uma ação regressiva de cobrança na 29ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, para que seja ressarcido pelos torcedores Adrierre Siqueira e Natan Siqueira, envolvidos no caso.

No pedido, ao qual teve acesso o Super.FC, o Atlético salienta que, desde o início, criticou e repudiou duramente a atitude dos torcedores e que "não compactua com práticas de preconceito e intolerância racial, e rechaça todo tipo de discriminação e violência". O clube ainda ponderou que os torcedores foram excluídos do programa de sócio-torcedor, o Galo na Veia. Com isso, entende que deve ser ressarcido pela multa que pagou (imagem abaixo).

Entenda a evolução do caso

Em novembro de 2019, no clássico entre Cruzeiro e Atlético pelo Campeonato Brasileiro, um torcedor do Galo se dirigiu de maneira racista a um segurança, chamando-o de 'macaco'. Ainda, chegou a dizer 'você pôs a mão em mim, olha sua cor' ao segurança Fábio Coutinho.

Os irmãos Adrierre Siqueira e Natan Siqueira foram acusados de injúria racial em caso investigado pela Polícia Civil e já entregue à Justiça. Já o Atlético foi denunciado pela Procuradoria de Justiça Desportiva dentro dos artigos 213 e 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.

O artigo 213 foi por confusões na arquibancada. Já o art. 243-G é o que trata da questão do racismo. Ele traz de "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência", com multa que varia de R$ 100,00 a R$ 100.000,00. 

A denúncia foi recebida pro Superior Tribunal de Justiça Desportica (STJD), pelo qual o Atlético foi condenado ao pagamento de R$ 75.450,00 pela desordem da torcida e R$ 30 mil pela injúria racial, com perda de um mando de campo.

O Galo, então, entrou com um recurso, que foi parcialmente atendido em janeiro deste ano. As multas foram reduzidas de R$ 75.450,00 para R$ 50 mil e de R$ 30 mil para R$ 15 mil, esta última relacionada ao caso de racismo. A perda de mando de campo foi retirada.

O Atlético pagou as multas em 12 de fevereiro deste ano, totalizando R$ 65 mil reais. Com isso, o clube agora quer ser ressarcido pelos torcedores pelo valor de R$ 15 mil, referente à multa pelo caso no Mineirão.

Consultado, o Atlético confirmou que "o clube foi punido com multa pelo STJD. Então ingressou com ação contra os torcedores, cobrando o valor que o clube foi punido". 

A reportagem também consultou a Polícia Civil para saber como andam as investigações sobre a atitude racista dos dois irmãos. O inquérito foi concluído e enviado à Justiça, como informou a Polícia Civil em nota enviada ao Super.FC

"Natan Siqueira Silva de 28 anos, e o seu irmão Adrierre Siqueira da Silva de 37 anos foram indiciados pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) pelo crime de injúria racial. Os dois irmãos teriam insultado um vigilante que estava em serviço no estádio do Mineirão durante um clássico do Cruzeiro Esporte Clube e do Clube Atlético Mineiro no último dia 10 de novembro. Nathan teria proferido duas vezes a palavra “macaco” contra o vigilante e Adrierre teria cuspido na vítima e questionado sobre a sua cor de pele, “olha a sua cor”. Durante as apurações, Nathan disse em sua defesa que foi mal interpretado, e que a palavra que tinha utilizado era “palhaço”. Porem as imagens foram periciadas pela PCMG e o laudo comprovou que realmente a palavra proferida foi “macaco”, por duas vezes. Os dois irão responder na Justiça pelo crime de injúria racial, que prevê reclusão de 1 a 4 anos e multa".